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O macaco só olha pro rabo da cotia

 


Milei está apavorado com os escândalos de corrupção da irmã Karina Milei
Vazamentos que envolvem Diego Spagnuolo e propinas em contratos públicos expõem fragilidade do governo libertário argentino
247 – O presidente da Argentina, Javier Milei, vive dias de tensão máxima diante de gravações que colocam no centro da crise sua irmã e principal aliada política, Karina Milei. O caso, revelado pelo jornal argentino La Nación e reproduzido pelo O Globo, envolve o ex-chefe da Agência Nacional para Pessoas com Deficiência (Andis), Diego Spagnuolo, e um suposto esquema de propinas em contratos de medicamentos para pensionistas.
As conversas gravadas atribuem a Spagnuolo a descrição de um sistema de cobrança de até 8% em contratos da Andis, no qual Eduardo “Lule” Menem, braço direito de Karina Milei, seria o operador central. Em um dos trechos mais comprometedores, a irmã do presidente é mencionada como destinatária de 3% das propinas. O silêncio de Karina, que no passado reagiu com indignação a acusações sobre uso de joias de luxo, contrasta agora com a gravidade das suspeitas que pesam contra ela.
O escândalo Spagnuolo e o colapso da retórica libertária
Spagnuolo, advogado sem experiência na área social, comandou a Andis durante mais de um ano. Conhecido por frases duras como “não há dinheiro” diante de pedidos de ajuda, ele mantinha em sua residência uma máquina de contar cédulas, enquanto pregava austeridade no uso de recursos públicos. As gravações sugerem que sua proximidade com a família Milei pode ter sido explorada para organizar a rede de propinas.
O promotor Franco Picardi apreendeu celulares, computadores e documentos tanto de Spagnuolo quanto de empresários da Suizo Argentina, drogaria citada nos áudios. Também foi alvo o advogado Daniel Garbellini, acusado de atuar como arrecadador do esquema em nome de “Lule” Menem. Para fontes da Casa Rosada, a maior preocupação é o desconhecimento sobre a quantidade de materiais ainda por vir à tona — áudios e vídeos que podem aprofundar a crise.
Silêncio, contradições e o risco eleitoral
Enquanto Karina opta por não se pronunciar, Javier Milei tenta se manter alheio à crise, repetindo a postura adotada no caso da criptomoeda $LIBRA, que já havia colocado sua credibilidade em xeque. Mas o impacto agora é mais devastador: ao contrário do token digital, tratado como “questão entre entes privados”, o escândalo Spagnuolo toca em um setor social sensível e revela um mecanismo típico da política tradicional, justamente aquela que os libertários prometeram erradicar.
Com eleições provinciais em Buenos Aires a poucos dias e legislativas nacionais em dois meses, a crise chega em momento crítico para o governo. Fontes do entorno presidencial admitem que a instabilidade ameaça corroer os dois pilares do discurso mileísta: a estabilidade econômica e o combate implacável à corrupção da chamada “casta”.
A pergunta sem resposta
Resta ao governo decidir se protegerá Spagnuolo, como já fez em outros escândalos envolvendo aliados próximos, ou se irá declará-lo “traidor e corrupto”. O problema é que sua proximidade com Milei é incontestável: participava de encontros privados, de campanhas e até representou o atual presidente em processos judiciais contra jornalistas.
A crise evidencia como as relações internas da Casa Rosada — dominadas pela influência de Karina e de seu operador “Lule” Menem — se tornaram um risco explosivo. Um funcionário do governo resumiu a situação em uma frase: “Estamos no escuro”.

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