O turista brasileiro, que viaja para o exterior, já consegue pagar com o celular, ou seja, com pix, em Real, suas compras de perfume ou cosméticos feitos em Paris, em lojas como CityPharma, Fragrance de l’Opéra e Grey, ou aqueles aparelhos eletrônicos em Ciudad del Leste, e para o terror do presidente norte americano Donald Trump, o acordo entre Pag Brasil e Verifone permite a aceitação do Pix diretamente na maquininha dos lojistas de Miami. Isso facilita os gastos no comércio dos “quase dois milhões de brasileiros que visitam o país todos os anos, número que cresceu mais de 17% de 2023 para 2024”, de acordo como Globo. Como diz o mestre em economia e conselheiro do Corecon Ceará, Eldair Melo: “O pix agora viaja com a gente”.
Essa facilidade no pagamento agradou aos cearenses que estão sempre viajando quer a negócios quer fazendo turismo. A vice-presidente da Abav, Vivian Amorim relata que aconteceu com ela recentemente no Paraguai. “Estava no Shopping China e paguei minhas compras com pix, eles convertem automática para a moeda local e garantem a transação sem o cliente utilizar cartão ou dinheiro estrangeiro, sendo mais uma opção de pagamento. Nós orientamos nossos clientes com os locais onde não recebem cash, a também conduzirem os cartões. Mesmo sem regulamentação internacional, a medida praticada é importante e melhora muito para a gente que lida com viagens”.
Vivian Amorim falou que por semana são mais de 2000 passageiros saindo do Ceará com destino para a Europa. Em julho, 90% das aeronaves saíram lotadas. São sete voos da TAP, 3 da Air France/ Paris e Um da TAM/ Lisboa. Para Miami e Orlando, nos Estados Unidos são 3 voos e em outubro terá um da Gol direto para Montevidéu, capital do Uruguai e já tem um voo semanal para Caiena, capital da Guiana Francesa.
Foi em 2020, que o Banco Central do Brasil criou o pix, a forma de pagamento digital que rapidamente se popularizou e é a mais utilizada no país. Para o economista, Eldair Melo, os visitantes brasileiros têm se mostrado entusiasmados por poderem pagar com o pix sem destino, eliminando taxas, evitando câmbio desfavorável e a comodidade de usar o celular.
Da mesma forma que turistas que visitam o Brasil relatam experiências mais simples e seguras também. A seu ver, é mais vantajoso pagar as compras com pix do que no cartão, por ter uma liquidação instantânea que evita variações cambiais entre a data da compra e o fechamento da fatura, isso já dá uma economia maior. Os custos das transações também são menores do que no cartão de crédito, ou seja, que costuma cobrar IOF de 5,88 no crédito internacional, além spread cambial que varia entre 4 e 7%, então, ele lista uma terceira facilidade que é uma maior transparência no momento da compra. “Minha recomendação é usar o Pix nas compras internacionais do dia a dia, refeições, ingresso, transporte e pequenas despesas. No caso de aquisições com valores altos, recomendo o cartão, pelas vantagens de acumular milhas e fazer parcelamentos.”
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) ressalta que o Pix se tornou rapidamente uma ferramenta muito eficaz como forma de pagamento, beneficiando não só a indústria e o varejo, mas a população, com forte e positivo impacto social e econômico e vem aos poucos se tornando uma referência mundial. Falou da sua indignação com a tentativa recente do Presidente Lula em querer taxar o Pix: “Ainda bem que o povo se rebelou e o Executivo voltou atrás”. O Senador destaca o fato de o Pix não ter as complexas operações via TEDs e DOCs, além da circulação em espécie, dinheiro, fato que a seu ver “inibiu os crimes contra o patrimônio”.
Para o representante das turbinas de geração de energia da General Eletric-GE, no Ceará, Kallid Fahad, o pix deixou de ser um fenômeno apenas nacional. Ele acredita no sucesso do seu uso, inclusive como modelo em outros países e nos Estados Unidos, vez que foi um projeto brasileiro muito bem elaborado. Pelo tempo que morou por lá, e sabendo que os gringos são práticos, se arrisca em ressaltar que a única modificação que deverá ser feita é com relação ao limite. “Aqui, no Brasil, eu tenho dinheiro na minha conta e não posso usá-lo na quantidade na hora que quero. Esse limite os americanos não aceitam”.
O que Fahad não sabe é que o sucesso do Pix do Brasil já inspira a criação de soluções semelhantes ao redor do mundo: Em Foco lista que no Reino Unido: tem o Faster Payments System; na União Europeia: SEPA Instant Credit Transfer (SCT Inst); nos Estados Unidos: FedNow, lançado em 2023; na Índia: UPI (Unified Payments Interface); e na Austrália: New Payments Platform (NPP).
Então, o Conselheiro do Corecon destaca o avanço tecnológico dessa expansão internacional do sistema ocorre por meio de parcerias entre fintechs brasileiras e lojas no exterior mesmo sem haver uma autorização formal do Banco Central para o Pix internacional, a previsão que ocorra nos próximos anos. De acordo com o Em Foco, vem aí o projeto Nexus, do Banco de Compensações Internacionais (BIS), que visa integrar sistemas de pagamentos instantâneos globais. Quando implementado, permitirá que o Pix se conecte oficialmente a soluções de outros países, transformando-o em uma verdadeira plataforma de pagamentos globais. Segundo O Valor Investe, o Banco Central não tem dados sobre transações de Pix no exterior porque elas são contabilizadas como de dentro do Brasil. Isso acontece porque, para o Pix funcionar no exterior, é necessário que quem recebe e quem paga tenham conta em Real.
Onde o Pix já funciona
Em Lisboa, a Braza Bank atua como ponte com os lojistas. Ademais, a fintech converte o valor para euros com base em câmbio médio e repassa o montante ao estabelecimento, muitas vezes sem precisar de um credenciador europeu. Essa flexibilidade atraiu varejistas voltados ao público brasileiro.
Outros locais já operam com Pix internacional em menor escala: Miami (EUA), Buenos Aires (Argentina) e Ciudad del Este (Paraguai). Fintechs como VoucherPay, Eupago e Wipay também estão na linha de frente, ampliando os pontos de aceitação em destinos turísticos movimentados por brasileiros.
(Por Elizabeth Rebouças)
Nenhum comentário:
Postar um comentário