Para oposição, desembarque do governo Lula é sinal de distanciamento do PT que será estendido aos estados. Governistas descartam romper.
A decisão anunciada nesta semana por União Brasil e PP de rompimento definitivo com o governo do presidente Lula (PT), exigindo que seus filiados entreguem cargos na gestão federal, aumentou a pressão entre os membros da federação das siglas no Ceará, que já se encontram divididos. Os dois partidos caminham para formar a União Progressista (UPB), a "superfederação" em vias de ser formalizada. Enquanto os oposicionistas dizem que essa medida foi um sinal claro de um posicionamento antipetista que será estendido aos estados, os governistas pregam cautela e rejeitam deixar a base do PT.
O presidente do União Brasil no Ceará, Capitão Wagner, apontado como futuro presidente estadual da federação, foi um dos primeiros a se manifestar. Ele foi às redes sociais e disparou: "Pra quem apostava em federação com o PT aqui no Ceará: pode tirar o cavalo da chuva…. União Progressista quer distância do Governo do PT".
Aliado de Wagner e membro da oposição na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), o deputado estadual Felipe Mota (União Brasil) disse que o anúncio nacional da última terça-feira (2) só confirmou o que já estava certo. Segundo ele, depois dessa medida, ficou "aberto e transparente que o União Progressista estará com a oposição do Estado do Ceará, não só do Ceará, acho que em todos os estados acontecerá de o União Progressista estar nas oposições ao governo do PT".
Para Mota, com o atual contexto da polarização política, a eleição nos estados será nacionalizada, não sendo possível a federação ter uma posição a nível estadual distinta da nacional. "Será uma eleição com poucos candidatos a presidente e, obviamente, esses times, terão também a mesma formação nos estados", disse nessa quarta-feira (3), em entrevista na Alece.
O deputado do União defendeu que aqueles filiados com cargos no governo federal obedeçam a determinação da federação e abandonem os postos sob pena de serem expulsos da legenda. Ele avalia que a exigência nacional será estendida ao nível dos estados.
Já no PP do Ceará, que faz parte da base do governador Elmano de Freitas (PT), a hipótese de romper com a gestão do PT a nível estadual é descartada. O presidente estadual do PP, deputado federal AJ Albuquerque, foi na direção contrária. Nessa quarta, ele publicou nas redes sociais uma foto ao lado do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), principal liderança do grupo político no Governo do Estado.
"Estive hoje abraçando o Ministro da Educação, o nosso grande cearense Camilo Santana. Durante nosso encontro, conversamos sobre algumas pautas da educação que tramitam no Congresso Nacional e também sobre o cenário político do nosso querido estado do Ceará. Seguimos trabalhando ao lado de quem faz a diferença na vida da nossa gente!", escreveu AJ.
O pai de AJ, Zezinho Albuquerque (PP), é secretário de Cidades no governo Elmano, sendo diretamente impactado se a desvinculação com o PT for exigida nos estados, o que até agora não ocorreu.
Para o deputado estadual João Jaime (PP (foto)), ainda é "cedo" para saber se a determinação nacional será estendida aos estados e a orientação no PP é aguardar. "Isso a gente não sabe como é que vai ser o desdobramento, se isso vai se estender para os cargos dos estados, os cargos do governo federal dos estados. Então, está muito nebuloso ainda aqui a nível de Ceará. (...) Não tem nada que até agora possa se dizer que é uma oposição oficial aqui no Estado do Ceará, vamos aguardar".
Jaime é um dos que descarta sair da base do PT e aposta que a federação libere seus filiados nas eleições a nível estadual, considerando a realidade de cada estado.
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