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Diálogo de Lula com Trump é azeitado por sujeito oculto: Xi
Por Josias de Souza-Colunista do UOL
Trump e Lula durante encontro em Kuala Lumpur, na Malásia
Imagem: Divulgação / Casa Branca
A conversa de Lula com Trump, definida pelo chanceler Mauro Vieira como "descontraída" e "muito alegre", teve um sujeito oculto: Xi Jinping. O secretário de Estado americano Marco Rubio expôs o fantasma chinês numa declaração feita na véspera do encontro: "Achamos que, a longo prazo, é benéfico para o Brasil nos tornar seu parceiro de escolha e comércio, em vez da China."
Lula extraiu do encontro com Trump o que era esperado pelo Itamaraty. Consolidou a conversão da fechadura da Casa Branca em maçaneta. A conversa resultou numa ordem dos dois presidentes para que seus auxiliares refinem a pauta e definam prazos. O Planalto espera obter uma trégua do tarifaço de 50% pelo período que durar a negociação.
O diálogo é como que azeitado pelo "fator China". Em resposta à pirotecnia de Trump, o camarada Xi agarrou-se a uma máxima que já foi a marca dos Estados Unidos no passado: O principal negócio dos chineses é o negócio. As pauladas tarifárias de Washington são oportunidades que Pequim aproveita.
Nas pegadas das sanções de Trump, a China fez do Brasil seu segundo maior destino de investimentos em 2025. Foram US$ 2,2 bilhões, segundo o American Enterprise Institute, uma organização de pesquisa dos Estados Unidos. Os chineses privilegiam os investimentos em setores como infraestrutura, mineração e agronegócio.
Scott Bessent, o Secretário de Comércio americano, já havia farejado o cheiro de queimado numa declaração feita há quatro meses para justificar o aval dos Estados Unidos ao acordo do governo do argentino Javier Milei com o FMI: "O que estamos tentando evitar é o que aconteceu no continente africano. A China assinou uma série desses acordos vorazes marcados como ajuda, nos quais adquiriu direitos minerais e adicionou enormes quantidades de dívidas aos balanços patrimoniais desses países".
Ao Brasil interessa recolocar as relações com a Casa Branca nos trilhos sem ceder à fantasia de Marco Rubio de transformar os Estados Unidos no "seu parceiro de escolha e comércio, em vez da China." Lula fez uma opção preferencial pela diversificação de interlocutores. Além de priorizar a China, investe no acordo do Mercosul com a Comunidade Econômica Europeia.

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