Ao som de “Galeguim dos zói azul” e “pra todo mundo eu dou psiu, Ciro”, José Sarto e Ciro Gomes são esperança de renovação do PSDB
Depois de 30 anos, Ciro Gomes voltou ao ninho tucano, sendo a esperança de revigoração do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Para Ciro, o momento é de gratidão e recomeço da vida pública no partido. O ato de filiação nessa quarta-feira (22) aconteceu entre aplausos, chuvas de papel e discursos recheados de bom humor e seriedade, na hora do almoço, no Hotel Mareiro, na Avenida Beira Mar, em Fortaleza.
O ponto nevrálgico do Governo do Estado, o que diz respeito ao combate do avanço das facções criminosas no Ceará, foi o batido por todos que falaram durante a solenidade: Ozires Pontes, Glêdson Bezerra, José Sarto, Roberto Cláudio, Tasso Jereissati e Ciro Gomes. O ex-senador abonou a ficha de filiação de Ciro e do ex-prefeito de Fortaleza, José Sarto, no PSDB e ambos já chegaram galgando postos na sigla: Ciro substitui Ozires Pontes no comando do partido no Ceará; Sarto substitui Kamyla Castro na presidência municipal de Fortaleza.
No plenário, uma juventude grisalha, como Assis Machado Neto estava lá dando o apoio e depositando esperança na turma que chega, além de representações de municípios como Eusébio, Aquiraz, Palhano, Irauçuba, Crato, Sobral, Juazeiro do Norte, Coreaú, Caucaia, Iracema , Massapê, entre outros, e haja aplauso para a frase dita por Ciro: “Pelo Brasil eu morro, pelo Ceará eu mato”.
O “galeguim dos zói azul”, em discurso, disse que Ciro teria duas missões, a primeira reconstruir um partido de centro, que seja aberto, tolerante e saiba dialogar. Ciro respondeu: “Aceito. Vou lutar ao seu lado, com ou sem pijama, será um grande caminho de reconciliação. Eu estou pronto para recomeçar essa tarefa”.
A segunda é reconstruir no Estado a cultura de alegria, entusiasmo e orgulho do povo cearense. Ciro também respondeu: “A nossa tarefa não é simples. Vamos preparar um projeto e vamos começar agora. Se o juízo mandasse em mim eu ficaria quieto, ia usar os pijamas, mas o juízo é pouco e quem manda é o coração. Eu vou cumprir minha obrigação”.
A plateia delirou quando Tasso, com voz serena, por crise de garganta, saudou André Fernandes (PL): “Aqui e ali temos divergências, ainda bem que ele não se zanga comigo. Faz uma oposição corajosa”. Também elogiou o Capitão Wagner, afirmando que ele não estava sozinho.
Ciro não confirmou em seu discurso, nem durante a entrevista coletiva, se será o candidato ao Governo do Estado. Elogiou o ex-prefeito Roberto Cláudio, presente ao ato, afirmando: ”Se dependesse do meu gosto, ele tem todos os dotes que eventualmente sua generosidade me atribui, é o mais preparado para a tarefa, está pronto para ser um grande governador e eu já não tenho juventude, a garra e o tesão”, disse provocando risos.
Outro momento ameno, Tasso referiu-se a Giselle Bezerra, esposa do Ciro, dizendo que ela deu “estabilidade a esse cara: é outra pessoa”. Destacou, que pela primeira vez, em muitas eleições existe hoje uma possibilidade de haver uma aliança política capaz de confrontar e vencer, de resgatar o passado glorioso. Tasso se disse feliz por “trazer ao partido lideranças do mais alto nível”.
Ciro diz que vai “tirar a máscara” de Camilo
Ciro disse que o tempo de libertação se aproxima, falou de traição e ingratidão, sem citar nomes, porém ao abordar o tempo de mudança foi categórico e mostrou o seu estilo aguerrido: “Eu vou tirar a tua máscara, Camilo Santana”. Ele falou que o irmão do ministro da Educação já manipulou mais de R$ 300 milhões numa ONG e não presta contas; que o pai do Camilo, Eudoro Santana, já aposentado, tem atualmente quatro salários e abordou, em seguida, o problema da falta de controle das facções com toda sua indignação.
Criticou a compra de férias, por Elmano, dos policiais quando deveria combater com inteligência e tecnologia. Nesse ponto, falou para a juventude. “Vamos criar a facção do bem. Filiar esses jovens”, sugeriu
Antes das falas de Tasso e Ciro, o prefeito de Juazeiro do Norte, Gledson Bezerra (Podemos), mostrou que se inspirou em Ciro e Tasso para administrar a cidade de Padim Ciço, vez que ao assumir a prefeitura, quebrando a hegemonia do PT na cidade, encontrou os cofres sem dinheiro e com servidores sem receber o 13º salário e com mês em atraso. Reclamou da falta de cooperação do Governo Elmano que não manda a verba para iluminar uma areninha, “não tem uma pá de cal deles” e ainda sofre perseguição.
Também teve voz, durante a solenidade, o ex-prefeito Roberto Cláudio, que exaltou os tempos de governança de Tasso e Ciro e foi enfático quanto a atualidade precisar de farol para iluminar os rumos. Em referência a André Fernandes citou que foi tomada a eleição dele, elogiou a coragem do Capitão Wagner. Disse que a política é feita de sonhos possíveis. O Capitão teve que se ausentar, antes do abono da ficha do Ciro. André não teve voz nos discursos, mas o pai dele, deputado Alcides Fernandes saiu de lá “lisonjeado”, pela referência do Ciro em cotá-lo como nome para o senado.
Para Sarto, há muitas divergências entre os partidos e os políticos que fazem oposição no Estado, “mas as convergências são maiores e o intuito é desbancar a hegemonia autoritária”. O ex-prefeito de Fortaleza reclamou que até a realização de audiências públicas para debater a segurança estão sendo barradas na Assembleia Legislativa.
De saída da presidência do PSDB Ceará, Ozires comemorou o reencontro de Tasso e Ciro no partido. Para ele, não há dúvidas que o partido “vai voltar a ser um dos maiores partidos do Ceará. O telefone não pára”. A solenidade terminou com a Oração de São Francisco.
Por Elizabeth Rebouças
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