Dólar rompe a barreira dos R$ 2,20 no pregão de quarta
A moeda pulou direto do nível de R$ 2,17 – registrado na terça-feira, para o patamar acima de R$ 2,20 no fechamento de ontem. É, ainda, a maior alta diária desde 12 de dezembro de 2011, quando a moeda avançou 2,14%. No ano, a valorização acumulada já chega a 8,42%.
A moeda acelerou a alta depois que o banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve, o Fed), afirmou que deve manter, por enquanto, os US$ 85 bilhões mensais que injeta na economia, por meio da compra de títulos. Em seu discurso, porém, o presidente do Fed, Ben Bernanke, disse que se as projeções econômicas se concretizarem, o banco poderá reduzir o ritmo de compras de títulos no decorrer deste ano. Ele afirmou, ainda, que se as projeções estiverem corretas, o programa será encerrado em meados do ano que vem.
As declarações impactaram os mercados em todo o mundo e motivaram ampla valorização da moeda norte-americana. O estímulo injeta dólares, no mercado, e a possibilidade de redução preocupa investidores. Com menos moeda em circulação, a tendência é que o preço fique cada vez mais alto.
“BALA NA AGULHA”
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, nesta quarta, que o Governo Federal tem “muita bala na agulha” para evitar variações muito intensas no câmbio. “Muitas reservas, muitos dólares”, completou. Ao ser questionado sobre as ações do Fed e o comportamento do câmbio brasileiro, nos últimos dias, Mantega disse que o Banco Central e o Ministério da Fazenda estão atentos para conter as oscilações.
Apesar disso, as saídas de dólares do País superaram as entradas em US$ 69 milhões, neste mês, até o dia 14, de acordo com o Banco Central. Em maio, houve forte entrada de moeda norte-americana, no Brasil, com saldo positivo do fluxo cambial em US$ 10,75 bilhões. Nas duas primeiras semanas do mês, o fluxo comercial (operações relacionadas a exportações e importações) teve resultado negativo de US$ 101 milhões, enquanto o fluxo financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações) ficou positivo em US$ 33 milhões.
De janeiro até 14 de junho, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 12,10 bilhões. O fluxo comercial registrou saldo positivo de US$ 18,62 bilhões e o financeiro apresentou resultado negativo de US$ 6,52 bilhões.
No último dia 4, o Ministério da Fazenda anunciou a decisão de zerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os estrangeiros, que aplicam em renda fixa, no Brasil. Desde outubro de 2010, a alíquota em vigor era de 6%. A medida foi publicada, no Diário Oficial da União (DOU), e visa promover a entrada de dólares, no Brasil, para conter a alta da moeda americana.