Com impasse, Transposição fica para o 2º semestre
Mesmo após a empresa responsável pela conclusão das obras do Eixo
Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco rescindir o
contrato, alegando dificuldades de capital de giro, o Ministério da
Integração Nacional garantiu que as obras serão entregues até o final do
ano.
De acordo com o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE),
presidente da Comissão que trata do assunto em nível federal, o gestor
da pasta de integração, Antônio de Pádua Andrade, garantiu, durante uma
reunião realizada na última quarta-feira (25), que uma nova contratação
está sendo oficializada e as obras podem ser retomadas na segunda
quinzena de maio.
O assunto será novamente cobrado esta semana, segundo Raimundo Matos, em reunião que deve ser agendada até sexta-feira.
As obras devem ser assumidas pela construtora Ferreira Guedes, quarto
lugar no certame da transposição. Além disso, Matos informa que o
ministro está analisando a possibilidade do trabalho de retomada ser
realizado em três períodos para dar celeridade à obra.
“O fato é que o ministro deu um prazo de 20 dias para oficializar a
convocação dessa nova empresa. Sugerimos ao ministro, já que temos
recurso financeiro disponível, que eles façam um terceiro turno, se não
for desse jeito, acredito que as obras não sejam entregues este ano e
teremos aí mais uma prorrogação para a entrega”, analisou Raimundo
Gomes.
O compromisso do ministro, inclusive, foi confirmado em reunião com o
presidente do Senado, Eunício Oliveira, e com o governador do Ceará,
Camilo Santana que solicitaram a retomada de 100% das obras do Eixo
Leste do projeto de Transposição do Rio São Francisco.
Urgência
O assunto é tema recorrente de pronunciamentos na Assembleia
Legislativa. Na semana passada, o deputado estadual Dedé Teixeira (PT)
ressaltou que o Governo do Estado tem compromisso com a obra, que já foi
muitas vezes adiada. Dedé Teixeira afirmou que vê a mudança como algo
positivo, uma vez que a empresa não estava cumprindo com as necessidades
da obra e ainda acumulava dívidas trabalhistas. “Precisamos estar
fortemente mobilizados para a finalização dessa obra”, apontou.
O deputado indicou que há perspectiva de que as águas da transposição
cheguem à região de Jati ainda neste ano, lembrando que o reservatório
está pronto há algum tempo.
Dedé Teixeira lembrou, ainda, que as chuvas no Estado ajudaram no aporte
de algumas cidades, mas a situação não é privilegiada. O deputado
indicou que o Castanhão está com 7% de sua capacidade, um aporte muito
pequeno para abastecimento e retomada de importantes projetos
produtivos.
Também na cobrança pela conclusão da obra, o senador Tasso Jereissati
(PSDB/CE) afirmou que “há negligência” do Governo Federal em relação ao
“drama da seca no Ceará”, e ainda classificou a situação como
“inaceitável”.
“Esta obra já foi atrasada mais de três vezes. No final do ano
passado, o Governo Federal afirmou que não haveria mais atraso, porque
todas as medidas seriam tomadas para não acontecer”, lembrou Tasso,
pontuando que a problemática se repetiu.
A finalização do Eixo Norte da Transposição está atrasada desde junho
de 2016, prazo máximo estipulado pelo Governo Federal para ser
entregue. São 260 quilômetros de extensão, faltando apenas 5% para a
conclusão, que será mais um recurso para garantir a segurança hídrica do
Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Reservas
O superintendente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e
representante da Secretaria de Recursos Hídricos, Iuri Castro, expõe
que o atual quadro das reservas hídricas do Estado está em níveis muito
preocupantes, o que torna a transposição uma necessidade para o
presente. “No momento, os 155 açudes monitorados pela Cogerh dispõem de
13% da capacidade, apenas, quando, no final do ano passado, esse índice
era de 6%. E os açudes que abastecem a região metropolitana, Pacoti,
Riachão, Gavião e Acarape ainda estão nos mesmos níveis”, frisou.