Pacto pode tranferir até R$ 500 bi a estados e cidades
O presidente Jair Bolsonaro entregou ontem (5) aos senadores a
primeira parte um novo pacote de medidas elaboradas pela equipe
econômica do governo. São três propostas de emenda à Constituição (PECs)
que tratam de medidas de ajuste fiscal tanto no âmbito da União quanto
dos estados e municípios.
O ministro da Economia espera que, com as medidas relacionadas
ao novo pacto federativo, objeto de duas PECs apresentadas esta terça,
entre R$ 400 bilhões e R$ 500 bilhões sejam repartidos com estados e
municípios nos próximos 15 anos, para serem investidos em saúde,
educação, saneamento e segurança.
A entrega foi feita ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP). Também participaram da cerimônia os ministros da Economia,
Paulo Guedes, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. O evento também contou
com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia
(DEM-RJ).
Segundo Paulo Guedes, o pacote aborda uma transformação do
Estado brasileiro, em várias dimensões. “Estamos descentralizando
recursos para estados e municípios, de forma a fortalecer a Federação
brasileira. As outras dimensões são auxiliares, como o estado de
emergência fiscal”, explicou, adiantando que outras propostas tratarão
ainda de uma reforma administrativa e de privatizações.
Bolsonaro disse acreditar que o novo pacto federativo será
aprovado até o meio do próximo ano. “Essa proposta vai ser trabalhada
pelos senhores, vai ser aperfeiçoada. Gostaríamos de continuar recebendo
a visita de prefeitos e governadores, mas a título de visita apenas, e
não para pedir algo orçamentário. Isso já estando garantido na emenda à
Constituição, eles lá embaixo, nos estados e municípios, decidirão o que
fazer melhor do que muitos de nós, porque vivem os problemas do dia a
dia lá em sua base”, afirmou o presidente.
Na avaliação de Davi Alcolumbre, o governo federal compreendeu a
necessidade de fazer as coisas acontecerem onde as pessoas vivem.
“Todos sempre defendemos o papel dos municípios e dos estados.
Infelizmente a centralização dos recursos impediu o desenvolvimento de
muitas regiões. Agora o governo compreendeu que a descentralização era
uma bandeira”, disse.
Senado
O governo entregou as propostas ao Senado, invertendo
a ordem tradicional de as tramitações começarem pela Câmara, em razão
de os assuntos terem a ver com os estados da Federação, os quais o
Senado representa. O presidente do Senado anunciou uma reunião com os
senadores já para hoje, para discutir a tramitação das matérias.
Para Alcolumbre, o ato demonstra o envolvimento do Senado com as
propostas para reformular o País. “Este Parlamento será considerado o
mais reformista da história do Brasil, porque tem a consciência de que
muitas das propostas do governo conciliam com o que o Parlamento quer de
um país mais justo”, afirmou. “Essa proposta, sendo recebida pelas mãos
do presidente da República, tem um peso ainda maior. O senhor poderia
ter pedido ao ministro Paulo Guedes fazer a entrega, mas o senhor fez
questão de estar presente.”
As propostas começam a tramitar tendo como autores os líderes do
governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e no Congresso
Nacional, senador Eduardo Gomes (MDB-TO).
Plano
O conjunto das
três propostas está sendo chamado pelo Ministério da Economia de Plano
Mais Brasil. A PEC do pacto federativo muda a repartição de recursos
entre União, estados e municípios, em troca de um ajuste fiscal. Já a
PEC Emergencial cria gatilhos para redução de despesas com servidores
públicos quando houver dificuldade nas contas públicas. Por fim, a PEC
dos Fundos Públicos prevê a revisão de 281 fundos públicos, a fim de
liberar R$ 220 bilhões e reduzir a dívida pública federal.
Paulo Guedes considera que as propostas apresentadas poderão
“transformar o Estado brasileiro”, revertendo, assim, uma tendência
recorrente no Brasil de os governos terem como característica o mau
gasto dos recursos públicos. Segundo ele, com o Plano Mais Brasil, o
Estado “estará mais apto para oferecer à população um conjunto de
serviços públicos que são urgentes e necessários”.