Contato

Trump encerra relação com Elon Musk e ameaça fazer retaliação política

 


Ao ser questionado se considerava a relação encerrada, Trump respondeu: “Eu presumiria que sim”.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou neste sábado (7) que sua relação com o bilionário Elon Musk chegou ao fim, após uma escalada de ataques públicos entre os dois. A afirmação foi feita em entrevista telefônica concedida à emissora norte-americana NBC News, na qual Trump deixou claro que não pretende retomar qualquer diálogo com o empresário. “Estou ocupado com outras coisas”, disse o presidente. Ao ser questionado se considerava a relação encerrada, Trump respondeu: “Eu presumiria que sim”, justificando que Musk foi “desrespeitoso com o cargo de Presidente”.
A informação foi divulgada pela agênciachinesa Xinhua, que relatou o rompimento após divergências envolvendo o apoio de Musk a candidatos democratas e a crítica do empresário ao projeto republicano apelidado de "One Big Beautiful Bill", aprovado recentemente pela Câmara dos Representantes dos EUA.
Durante a entrevista, Trump alertou que haverá “consequências sérias” caso Musk venha a financiar adversários políticos dentro do Partido Democrata que se oponham ao projeto. “Se ele fizer isso, terá que pagar as consequências”, afirmou, sem detalhar que tipo de retaliação pretende adotar.
O conflito teve origem na oposição pública de Elon Musk ao projeto de lei liderado pelos republicanos. O dono da Tesla e da SpaceX criticou abertamente o pacote de gastos, que ele considera excessivo e prejudicial à economia do país. Ainda assim, Trump declarou estar “muito confiante” de que o projeto será aprovado pelo Senado antes do dia 4 de julho, minimizando o impacto das críticas de Musk sobre o andamento da proposta.
A disputa se intensificou também nas redes sociais. Dias antes da entrevista de Trump, Musk chegou a insinuar que o presidente teria sido citado em arquivos relacionados ao financista Jeffrey Epstein — uma publicação que o bilionário apagou pouco depois, mas que já havia alimentado o clima de animosidade entre os dois.
Além do embate político, a ruptura entre Trump e Musk pode trazer repercussões econômicas e institucionais. Nos bastidores de Washington, especula-se que contratos federais com empresas como Tesla e SpaceX — ambas comandadas por Musk — possam ser reavaliados, o que adiciona um componente estratégico à disputa.
A aliança entre o presidente dos EUA e o bilionário, que em outros tempos foi vista como mutuamente vantajosa, agora dá lugar a uma queda de braço com desdobramentos imprevisíveis no cenário político e empresarial norte-americano.

O poder da mensagem

 


O dia


- Desde madrugadinha chove. Mais pra sereno, garoa que pra chuva. O bom nisso é a preguiça de sair da rede pra começar a vida no domingo. Se o domingo já é preguicento, imagine com um vento frio que faz 23 graus . 23 em Fortaleza as cinco da manhã é desmonte de geleira no polo sul, é neve caindo em Faxinal do Soturno. Conhecer o mundo da nisso; cê já ouviu falar em Faxinal do Soturno? Fica pras bandas de Chapecó, Xanxerê e por acolá...se fizer sol ligue não, vá pra praia.

Altas horas

 


Bom dia

                                 Ministro Alexandre Silveira
 

Zema ataca de nazista

Alexandre Silveira reage a fala de Zema sobre "guinchar" moradores em situação de rua: "vivemos em MG tempos sombrios".
Para o ministro, as falas revelam mais do que apenas falta de empatia: expõem um projeto de poder descolado das necessidades humanas.
A declaração do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), comparando moradores de rua a veículos estacionados em local proibido, provocou forte reação de autoridades e movimentos sociais. Entre os críticos, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, publicou uma resposta contundente nas redes sociais. “A insensibilidade do governador é revoltante!”, escreveu Silveira. “Zema erra para além da palavra. Alguém tem que ensinar a esse filhinho de papai que o correto, quando se trata de pessoas, é acolher.”
A crítica veio após Zema, em entrevista à Jovem Pan, afirmar que o Brasil deveria ter uma lei que permitisse a remoção de pessoas em situação de rua da mesma forma que se faz com carros. “Temos lá moradores de rua ainda. Eu falo que no Brasil nós tínhamos que ter uma lei. Quando você para um carro em lugar proibido, ele é removido, guinchado. Agora fica morador de rua às vezes na porta da casa de uma idosa, atrapalhando ela a entrar em casa, fazendo sujeira, colocando a vida dela de certa maneira em exposição”, disse o governador.
Para o ministro, as falas revelam mais do que apenas falta de empatia: expõem um projeto de poder descolado das necessidades humanas. “Vivemos em MG tempos sombrios, temos um governador que deseja ter poder a qualquer preço e esquece do olhar humano. Política é cuidar de pessoas, ter empatia e gostar de gente”, declarou Alexandre Silveira. “É trabalhar para melhorar a vida do morador de rua, que está debaixo do viaduto, passando frio e chuva.”
A declaração de Zema também gerou indignação por relativizar o regime militar brasileiro, ao dizer que “tudo é uma questão de ponto de vista”, ao ser confrontado com críticas à ditadura. Organizações de defesa dos direitos humanos e parlamentares da oposição já se mobilizam para apresentar moções de repúdio à fala do governador. A comparação de Zema evidencia um olhar elitista e desumanizador sobre a pobreza extrema.


Criar anúncio
Gosto
Comentar
Enviar
Partilhar

Fui à internet caçar opiniões que apontem a situação de Lula depois da pesquisa QUEST.


Encontrei um analista do 247 e, juntando meus alfarrábios de números de porquês, foi o que mais me pareceu consistente.
Vamos ver juntos -
--------------------------------------------------------------------
Miguel do Rosário
Jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no
Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje
---------------------------------------------------------------------

Algumas teorias sobre a pesquisa Quaest
Lula recupera parte da classe média, mantém forte aprovação entre seu próprio eleitor e na esquerda, mas continua sangrando junto a famílias de baixa renda
O painel mais ilustrativo da última pesquisa Quaest divulgada hoje, a meu ver, é o que mostra a aprovação do governo estratificada por eleitor no segundo turno de 2022.
Como a abstenção no Brasil é relativamente baixa, temos basicamente dois grandes grupos de opinião, composto pelos eleitores de Lula, num lado, e de Bolsonaro, em outro. E um terceiro grupo, bem menor, de eleitores que não foram votar ou que anularam seu voto.
Entre eleitores de Lula, a aprovação subiu dois pontos nessa pesquisa e se estabilizou em 74%, contra 24% de desaprovação.
Já entre eleitores de Bolsonaro, houve oscilação de um ponto para baixo, e ficou em 91%.
A boa aprovação de Lula no ano passado se explicava pela aprovação muito alta entre seus próprios eleitores, que chegou a quase 90% em outubro de 2024. Mas também por uma incursão bem sucedida entre eleitores de Bolsonaro, entre os quais o petista obteve perto de 20%.
Mas a mudança maior, de fato, ocorreu entre eleitores que não votaram em 2022. O que explica, a propósito, porque Lula se mantém favorito para as eleições em 2026: entre eleitores que não votaram em ninguém, é possível que voltem a se abster, não beneficiando ou prejudicando nenhum candidato.
Outro painel interessante da pesquisa traz a divisão por renda, e ele confirma um ponto que eu já tinha observado na Atlas/Bloomberg, mas que achei tão surpreendente que suspeitei de algum ruído.
Esses dados estratificados tem margem de erro muito alta e a gente deve sempre examiná-los com mais leveza, sem tirar grandes conclusões.
Mas é um fato agora que vai se esclarecendo. Lula começou a se recuperar na classe média. Segundo a Quaest, a aprovação de Lula melhorou sensivelmente entre eleitores com renda entre 2 a 5 salários, que formam o maior grupo social do país. A aprovação de Lula neste segmento subiu 7 pontos, de 36% em março para 43% agora. A rejeição neste mesmo grupo caiu 5 pontos, de 61% para 56%.
O presidente também se recuperou entre eleitores com renda familiar acima de 5 salários, entre os quais pontuou 38% de aprovação, 4 pontos de alta sobre março, e 61% de rejeição, 3 pontos abaixo da pesquisa anterior.
O preocupante mesmo, para Lula, é a sangria que vem sofrendo entre os eleitores de baixa renda, com renda familiar até 2 salários. Entre esses, não houve nenhuma recuperação. Pelo contrário, o gráfico mostra que a aprovação de Lula continua em queda livre, embora ele ainda mantenha apoio de 50% nesta faixa, contra 49% de rejeição.
Outra apuração interessante da Quaest é que temos 29% de eleitores de esquerda, contra 34% mais à direita, o que mostra uma sociedade tendendo ao equilíbrio ideológico.
Isso contraria a tese, ventilada às vezes, de maneira pouco reflexiva, até por intelectuais progressistas, de que vivemos numa sociedade com maioria conservadora. Segundo a pesquisa, 14% dos eleitores se consideram lulistas ou petistas, e 15% se identificam mais à esquerda, mesmo não se vendo como lulistas ou petistas.
Do outro lado, temos 23% que se consideram “mais à direita” e 11% de “bolsonaristas”, totalizando os 34% à direita mencionados acima.
Um grupo importante é formado por 33% dos entrevistados que disseram “não ter posicionamento”.
Como a aprovação de Lula se estratifica junto a esses grupos ideológicos?
Entre eleitores lulistas ou petistas, a aprovação se mantém sólida em 89%, embora já tenha chegado a quase 100% ao final do ano passado. Já entre o grupo menos identificado com Lula, porém mais à esquerda, o apoio de Lula se recuperou para 77% (contra 74% em março). Esses números são muito bons para Lula, porque o mostra como extremamente bem avaliado em seu próprio campo. Numa sociedade tão profundamente polarizada como a nossa (como estão as sociedades, aliás, nas principais democracias contemporâneas), ter uma aprovação tão sólida e positiva num dos pólos é meio caminho andado para a vitória.
Curiosamente, Lula melhorou sua performance entre o grupo mais à direita, e até mesmo entre bolsonaristas.
É junto ao grupo que “não tem posicionamento” que o petista continua tendo problema: 61% de rejeição e apenas 33% de aprovação. O presidente precisa oferecer políticas públicas estrutrantes que convençam essa parte da sociedade a apoiar o seu projeto.
Alguns painéis sobre como a população está vendo a economia ajudam a explicar porque Lula ainda enfrenta dificuldades para recuperar aprovação entre as camadas de baixa renda, ao mesmo tempo que também indicam as razões da melhora de seu desempenho em alguns setores médios.
Perguntados se a economia do Brasil melhorou, ficou do mesmo jeito ou melhorou, um grupo grande de 48% respondeu que piorou. Isso explica a dificuldade entre os pobres, já que é óbvio que se houve piora, ela afeta mais duramente as famílias mais vulneráveis socialmente. Por outro lado, repare que esse número já foi muito pior: em março, 56%. Isso poderia nos autorizar a imaginar que o “pior passou”, se não fosse perigoso ser otimista em tempos tão incertos…
Aparentemente este é o novo “normal” de Lula e seu governo a partir de agora: uma aprovação oscilando em torno de 40%, contra uma rejeição flertando com 60%.
É possível se reeleger com este percentual, mas com muito risco, e a depender do desempenho do adversário. Se quiser construir uma vitória mais tranquila, Lula precisará ampliar sua aprovação para mais perto de 50%, o que talvez seja mais fácil durante o período eleitoral, quando as energias do governo e de seus apoiadores estarão mais focadas e convergentes.
Gostaria também de partilhar uma teoria sobre aprovação de governo que me parece fazer cada vez mais sentido.
O símbolo da “pesquisa de opinião” tem se enraizado cada vez mais na cultura política brasileira, e já faz parte da maneira como pensamos a nossa própria democracia. A gente vota num presidente e depois acompanha, monitora e qualifica seu governo ao longo do mandato.
Mas como fazemos isso?
Que instrumentos efetivos o povo brasileiro tem para mandar sinais para o governo e seu presidente?
Na minha opinião, a única forma efetiva de chamar atenção do presidente é sinalizando insatisfação. Claro que nem todo mundo pensa assim, pois neste caso a aprovação do governo tenderia a zero. Entretanto, suspeito que um número importante de eleitores de Lula, em especial os de baixa renda, mas não apenas estes, indica insatisfação numa pesquisa como forma de fazer uma pressão de baixo para cima para que o governo entregue mais, trabalhe mais, tenha mais foco no que é importante.
Como o nosso sistema não desenvolveu praticamente nenhum canal institucional efetivo para que o povo participe mais diretamente dos processos decisórios que conduzem o país, não vejo alternativa que não seja esta sinalização negativa nas pesquisas. E não digo isso para rebaixar essa opinião popular a uma advertência leviana, superficial. Nem para concluir que esse eleitor, mesmo dizendo não a Lula agora, irá dizer sim na hora do voto em 2026. Ao contrário, acho que o governo deve reagir a essa pressão vinda de baixo com o máximo de inteligência, tentando entender o que, exatamente, a população anseia.
A própria pesquisa Quaest traz pistas. O problema da violência se tornou a principal preocupação das famílias brasileiras.
Todas outras preocupações estão estáveis ou em declínio. Houve um pico de preocupação com a corrupção, mas se mantém em apenas 13%, o que é baixo. A angústia popular com a economia e as questões sociais desabaram, o que prova a minha tese: parte expressiva da população aprendeu a “manipular” (no bom sentido) as pesquisas para direcionar políticas públicas para áreas que ela considera mais preocupantes no momento.
No caso atual, é a segurança pública.
Eu acrescentaria apenas que a solução do problema da violência deve ser sempre considerada em paralelo com a questão da mobilidade. Não é que devemos primeiro ter metrôs, vlts e trens de alta velocidade para, só depois, termos segurança, mas sim que o processo de iniciar a construção de obras de infraestrutura, em si, já traz as soluções.
Antes da ferrovia começar a ser construída, vem a remodelagem urbana, iluminação, vigilância, limpeza, policiamento, empregos. Tudo isso ajuda a conter as ondas de violência que continuam devastando nossas cidades, a aprovação do governo Lula e a esperança de enterrarmos em 2026, de um vez por todas, esse movimento golpista, reacionário, fascista, que nos atormenta há alguns anos.
Originalmente publicado em O Cafezinho

“Quem quer cortar gasto tem que mostrar onde: vamos debater os R$ 700 bilhões em subsídios”, diz Guido Mantega


Ex-ministro da Fazenda defende uso do IOF e cobra do Congresso compromisso com revisão de incentivos para garantir equilíbrio fiscal.
Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o economista e ex-ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou que a resistência do Congresso ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) expõe uma contradição entre o discurso de responsabilidade fiscal e a prática de blindar setores beneficiados por subsídios bilionários. Segundo ele, diante da meta fiscal de 2025, o governo precisará de R$ 21 bilhões adicionais, além dos R$ 30 bilhões já congelados, para fechar o orçamento.
“O orçamento está apertado”, disse Mantega. “O governo tem uma trava fiscal colocada pelo arcabouço, que foi o que deu para fazer, mas que é contracionista.” Por isso, argumentou, é necessário adotar medidas que permitam o cumprimento da meta, afastando o discurso de que o governo é “gastador”. “As contas não estão desequilibradas e vão entregar, mas para isso tem que ter algum sacrifício.”
O ex-ministro considerou que a proposta do IOF, embora imperfeita, foi “dos males, o menor”. A medida incide sobre o crédito e operações financeiras, como o chamado risco sacado — antecipações de recebíveis por empresas — e sobre movimentações internacionais. “Ela tem um impacto sobre as empresas e elas reclamaram”, reconheceu. “Mas não era uma proposta ruim dentro do quadro que temos.”
Segundo Mantega, a reação negativa partiu tanto do setor produtivo quanto do Congresso. “O Congresso está dizendo: nós não permitiremos o aumento de impostos. Então tem que cortar na carne, tem que cortar na despesa. Só que o Congresso é o primeiro a aumentar a despesa, a diminuir a disponibilidade orçamentária”, criticou.
Diante disso, propôs que o governo use a crise como oportunidade para abrir um debate amplo e transparente sobre os subsídios. “Tem um conjunto de subsídios de quase R$ 600, R$ 700 bilhões por ano”, listou, citando exemplos como o Simples Nacional, a Zona Franca de Manaus e os incentivos ao agronegócio. “Quero ver se o Congresso aprova cortar subsídio pro setor agrícola. Vamos cortar a Zona Franca de Manaus? Quero ver se eles topam.”
Mantega enfatizou que o IOF tem a vantagem de ser de aplicação imediata e de competência exclusiva do Poder Executivo. “O governo não precisa de autorização do Congresso para aumentar o IOF. É prerrogativa do Ministério da Fazenda. Já fizemos isso no passado.” Ele também ressaltou que a elevação do imposto pode atuar como instrumento complementar à política monetária, evitando altas adicionais na taxa de juros.
O economista sugeriu outras alternativas para ampliar a arrecadação, embora reconheça que não são de execução imediata. Entre elas, a tributação de apostas esportivas — as chamadas “bets” — e o aumento da arrecadação com petróleo. “A União é dona do subsolo, ou seja, o petróleo pertence à nação. Pode aumentar a participação especial nas áreas mais rentáveis, o que já foi feito no passado”, afirmou.
Para Mantega, o recuo do governo em pontos da proposta original se deu por falta de articulação política e diálogo prévio, o que abriu espaço para reações desproporcionais. “Talvez ela devesse ter sido detalhada com antecedência, discutida com o presidente da Câmara, do Senado, com o Banco Central”, avaliou. Ele também apontou que parte da crítica foi amplificada por motivações políticas. “O que a oposição quer, o que a Faria Lima quer, é que se façam cortes em saúde, educação e no salário mínimo. O governo não deve ceder.”
Ao fim, o ex-ministro defendeu que o governo use a prerrogativa legal para manter parte do IOF, ajuste pontos críticos — como a taxação do risco sacado e a tributação de aplicações no exterior — e convoque o Congresso a participar ativamente da revisão de gastos. “Vamos fazer algo a céu aberto. Todos vão ter que fazer seu sacrifício. Senão, não dá.”

Quem tem ódio do Xandão, baixe o fogo

 Alexandre de Moraes, censura e YouTube: o que é mito, o que é fato e o que diz a lei

Especialista em Direito Internacional, Daniel Toledo explica os limites jurídicos e desmente interpretações equivocadas sobre sanções internacionais contra ministros brasileiros
Em meio à intensa polarização política no Brasil e ao crescimento de canais de opinião nas redes sociais, o nome do ministro Alexandre de Moraes voltou ao centro das discussões após rumores sobre possíveis sanções internacionais contra sua atuação no Supremo Tribunal Federal (STF).
As especulações ganharam força após a divulgação de que uma suposta carta do governo dos Estados Unidos teria sido enviada ao ministro, em tom de advertência, sobre seus “abusos de autoridade”. O caso provocou reações exaltadas de comentaristas políticos e influenciadores, que passaram a prever bloqueios de bens, cancelamento de vistos e até prisão, com base na chamada “Lei Magnitsky”.
Para o advogado Daniel Toledo, especialista em Direito Internacional, doutor em direito Constitucional e fundador do escritório Toledo e Advogados Associados, é necessário cautela e conhecimento técnico ao abordar o tema. “Muitos vídeos e postagens estão propagando uma série de equívocos jurídicos. A Lei Magnitsky, por exemplo, tem objetivos muito específicos. Ela surgiu nos EUA em 2012 para punir envolvidos em violações graves de direitos humanos e corrupção internacional. Não se aplica de forma automática a qualquer autoridade estrangeira”, alerta.
Toledo destaca que, mesmo nos casos em que sanções são impostas, como ocorreu com autoridades da Rússia durante a guerra na Ucrânia, não há vínculo direto com decisões judiciais internas ou com ações políticas de um país soberano. “É importante lembrar que os Estados Unidos não precisam da Lei Magnitsky para restringir vistos ou congelar ativos. O governo americano já possui meios administrativos para isso. E, até o momento, não há qualquer prova de que essas sanções estejam sendo aplicadas a ministros do STF”, observa.
O papel do YouTube e o debate sobre censura
Parte da controvérsia também envolve decisões do ministro Alexandre de Moraes relacionadas à retirada de conteúdos e perfis em plataformas como o YouTube e o X (ex-Twitter). A discussão se agravou após o empresário Elon Musk desafiar determinações do STF, argumentando que sua empresa não poderia ser penalizada por cumprir a legislação dos Estados Unidos.
Para Toledo, as plataformas que atuam comercialmente no Brasil precisam obedecer à legislação brasileira. “Se uma empresa estrangeira atua em território nacional, oferece serviços e lucra com publicidade dirigida a brasileiros, ela está sujeita às leis locais. Isso inclui, por exemplo, o Marco Civil da Internet e o Código de Defesa do Consumidor. O mesmo vale para obrigações tributárias, representação legal e responsabilidade por conteúdos ilícitos hospedados em seus domínios”, esclarece.
Ele lembra que, embora decisões judiciais possam ser discutidas e eventualmente revistas, ignorá-las pode configurar desobediência e gerar medidas como bloqueios e sanções econômicas. “O impasse com Elon Musk, por exemplo, não é sobre liberdade de expressão, mas sobre jurisdição. O Supremo Tribunal Federal entendeu que a plataforma estava sendo utilizada para disseminar conteúdos que violavam a legislação brasileira, e exigiu providências. Discutir a medida é legítimo. Ignorar completamente, não”, pontua.
Interpretações distorcidas da lei alimentam desinformação
Toledo também critica a forma como influenciadores têm interpretado trechos de leis americanas e brasileiras para sustentar teorias sobre o suposto cerco internacional a Moraes. “É comum ver pessoas sem formação jurídica pegando parágrafos isolados e distorcendo o sentido original das normas. A Lei Magnitsky, por exemplo, não prevê punições automáticas. Ela exige investigações, evidências concretas e um processo criterioso de aplicação”, analisa.
Ele observa que a internet se tornou terreno fértil para o sensacionalismo. “Muitos canais estão mais preocupados em monetizar o engajamento do que em esclarecer juridicamente o que está acontecendo. Com isso, inflamam a população, geram expectativas irreais e contribuem para o descrédito das instituições”, afirma.
Um ponto crítico, segundo Toledo, é que esse cenário de desinformação acaba provocando impactos concretos na vida da população. “Muita gente começa a acreditar que um ministro será preso por uma carta dos Estados Unidos. Outros acham que basta obter dupla cidadania para não responder mais à Justiça brasileira. São visões completamente equivocadas que só alimentam a instabilidade”, destaca.
Ele ainda lembra que, em casos de eventual processo contra um ministro do STF em cortes internacionais, quem arca com os custos da defesa é o contribuinte. “Processos dessa natureza custam caro. Escritórios nos EUA cobram valores altíssimos por hora. Se um ministro brasileiro for processado no exterior por sua atuação funcional, os custos serão cobertos com recursos públicos. É o cidadão quem paga essa conta”, adverte.
Liberdade de expressão não é anonimato
Por fim, Toledo reforça que a Constituição Brasileira garante a liberdade de expressão, mas veda o anonimato. “Qualquer pessoa pode se manifestar livremente, inclusive com críticas às autoridades. No entanto, precisa se identificar e responder por suas declarações. Criar perfis falsos ou páginas anônimas para disseminar acusações sem provas não é liberdade de expressão. É covardia e, muitas vezes, crime”, conclui.
O advogado defende que o debate sobre os limites do Judiciário e da liberdade de imprensa é legítimo, mas deve ser feito com responsabilidade. “É preciso mais educação jurídica e menos espetáculo. A verdade jurídica não cabe em manchetes inflamadas. Ela exige estudo, ponderação e compromisso com os fatos”, finaliza.
Sobre Daniel Toledo
Daniel Toledo é advogado da Toledo e Advogados Associados especializado em Direito Internacional, consultor de negócios internacionais, palestrante e sócio da LeeToledo PLLC. Toledo também possui um canal no YouTube com mais de 650 mil seguidores com dicas para quem deseja morar, trabalhar ou empreender internacionalmente. Ele também é membro efetivo da Comissão de Relações Internacionais da OAB Santos, professor honorário da Universidade Oxford - Reino Unido, consultor em protocolos diplomáticos do Instituto Americano de Diplomacia e Direitos Humanos USIDHR. Para mais informações, acesse o site ou pelo Linkedin.
Sobre a Toledo e Advogados Associados
O escritório Toledo e Advogados Associados é especializado em direito internacional, imigração, investimentos e negócios internacionais. Atua há mais de 20 anos com foco na orientação de indivíduos e empresas em seus processos. Cada caso é analisado em detalhes, e elaborado de forma eficaz, através de um time de profissionais especializados. Para melhor atender aos clientes, a empresa disponibiliza unidades em São Paulo, Santos e Houston. A equipe é composta por advogados, parceiros internacionais, economistas e contadores no Brasil, Estados Unidos e Portugal que ajudam a alcançar o objetivo dos clientes atendidos. Para mais informações, acesse o site ou pelo instagram.