Foi dada a largada para valer na corrida eleitoral para a Casa Branca.
De 1º de fevereiro a 14 de junho, os estados norte-americanos realizam
as prévias que vão decidir os candidatos dos partidos Republicano e
Democrata que disputarão a presidência dos Estados Unidos, em eleição
marcada para 8 de novembro.
Do lado democrata, Hillary Clinton, que já foi primeira-dama e
secretária de Estado, tem uma disputa acirrada com o socialista Bernie
Sanders. Entre os republicanos, o bilionário Donald Trump lidera e
divide as atenções com os filhos de imigrantes, porém de perfil
conservador, Marco Rubio e Ted Cruz.
Conheça o perfil de cada um dos pré-candidatos que aparecem com mais chances nas pesquisas:
(Foto: Mark Kauzlarich/Reuters)
Tem 74 anos e é o mais velho entre os pré-candidatos. Nasceu em Nova
York e se casou pela primeira vez em 1964, divorciando-se dois anos
depois. Em 1969, teve um filho, Levi, com Susan Campbell. Em 1988, se
casou com Jane O’Meara Driscoll, que já tinha três filhos. Tem sete
netos.
Trajetória
Formado em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago, foi
ativista no Movimento de Direitos Civis e do Partido Socialista da
América na juventude. Assumiu em 1981 seu primeiro cargo público, como
prefeito de Burlington – reeleito três vezes. Elegeu-se deputado em 1990
e se tornou senador em 2006, sempre pelo estado de Vermont, onde vive.
Foi o independente que atuou por mais tempo no Congresso dos EUA antes
de ingressar no Partido Democrata, em 2015.
PropostasIntitula-se socialista
e foca sua campanha na redistribuição de renda e na defesa de que ricos
devem pagar mais impostos e financiar benefícios sociais. Apoia a
reforma no financiamento de campanhas, alegando que partidos não podem
ficar nas mãos de grandes empresas.
Quer aumento do salário mínimo, licenças remuneradas e uma reforma
penitenciária que acabe com a pena de morte e prisões privadas. É
favorável ao aborto e à legalização da maconha, contra a violência
policial e o racismo, e considera o aquecimento global uma ameaça
mundial.
Controvérsias
Adversários afirmam que grande parte de sua plataforma é idealista e
não teria apoio do Congresso e do Senado para sair do papel. Entre os
democratas, Sanders também é cobrado por não se opor firmemente ao
controle de armas, tendo votado contra uma lei para checagem de
antecedentes de compradores e a favor de outra que protegia fabricantes
de armas de processos.
(Foto: Rick Wilking/Reuters)
Tem 68 anos e nasceu em Chicago. Casada com o ex-presidente dos EUA
Bill Clinton desde 1975, tem uma filha, Chelsea, de 35 anos, e uma neta,
Charlotte, de 16 meses.
Seu segundo neto nasce este ano, antes da eleição presidencial.
Trajetória
Após oito anos como primeira-dama (1993 a 2001), Hillary pode voltar à
Casa Branca como primeira mulher presidente dos EUA. Foi senadora pelo
estado de Nova York (2001 a 2009) e secretária de Estado do governo
Barack Obama (2009 a 2013).
Sua primeira tentativa de chegar à presidência aconteceu há oito anos,
quando foi derrotada nas primárias por Obama. Já foi uma das advogadas
mais influentes dos EUA e tem histórico de defesa dos direitos das
mulheres e crianças, tendo atuado na Clinton Foundation por dois anos.
Propostas
Tem perfil considerado liberal e
defende o controle de armas,
a instituição da licença-maternidade e da igualdade salarial entre
homens e mulheres, e de leis que garantam acesso gratuito à
universidade. Já se declarou feminista e defende direitos de imigrantes e
homossexuais.
Controvérsia
Seu adversário Bernie Sanders a acusa de ser “amiga” de grandes
investidores, embora defenda a regulamentação de Wall Street. Como
secretária de Estado,
usou um servidor privado de e-mails
e uma investigação, na qual milhares de suas mensagens foram divulgadas
publicamente, avalia se ela colocou em risco a segurança do país.
(Foto: Jim Young/Reuters)
Tem 69 anos e nasceu em Nova York, filho de um milionário. Casou-se
pela primeira vez em 1977, com a modelo tcheca Ivana Zelníčková, com
quem tem três filhos, e pela segunda vez em 1993, com a atriz Marla
Maples, com quem tem uma filha. Em 2011, se casou com sua atual mulher, a
ex-modelo eslovena Melania Knauss, com quem tem um filho de nove anos.
Tem sete netos.
Trajetória
Trump gosta de dizer que começou seus negócios modestamente, com “um
pequeno empréstimo de US$ 1 milhão” de seu pai. Dono de hotéis, cassinos
e campos de golfe, detém os direitos dos concursos Miss USA e Miss
Universo. Ficou ainda mais conhecido após apresentar o reality show “The
Apprentice”.
Apesar de afirmar ter US$ 10 bilhões, sua fortuna foi estimada em
US$ 4,5 bilhões pela Forbes.
Decretou falência de quatro empresas entre 1991 e 2009. Nunca exerceu
um cargo público, mas o sonho da presidência é antigo: cogitou concorrer
em 1988, 2004 e 2012. Em 2014, o Partido Republicano sugeriu que
concorresse ao governo de Nova York, mas Trump disse que o cargo não lhe
interessava.
Propostas
Pretende construir um muro entre os EUA e o México para barrar a
entrada de imigrantes ilegais, além de expulsar todos os que já estão no
país. Também sugeriu
banir a entrada de muçulmanos.
Ele pretende substituir o serviço de saúde pública por um sistema
privado sem interferência do governo e proibir abortos, exceto em casos
de estupro, incesto ou risco de vida. O empresário quer ainda uma ampla
reforma fiscal, com impostos graduais de acordo com a renda dos
cidadãos.
Controvérsias
É criticado pela maneira agressiva como se refere a mexicanos,
muçulmanos e mulheres e pela forma com que ataca seus adversários – como
na ocasião em
ridicularizou um jornalista com uma doença congênita.
Trump também já causou polêmica ao declarar que o aquecimento global é
“uma mentira inventada pelos chineses” e ao sugerir que vacinas podem
causar autismo.
Veja nove propostas polêmicas de Trump.
(Foto: Mary Schwalm/Reuters)
Aos 44 anos, Marco Antonio Rubio é o mais jovem dos pré-candidatos.
Nascido em Miami, é filho de cubanos que migraram para os EUA antes da
chegada de Fidel Castro ao poder. Casou-se em 1988 com Jeanette
Dousdebes, sua namorada desde a adolescência, e tem quatro filhos.
Trajetória
Formado em direito, iniciou carreira política em 1999, quando foi
eleito congressista estadual na Flórida. Em 2008, abriu seu escritório
de advocacia e começou a atuar como professor da Florida International
University, onde continuou lecionando mesmo depois de se eleger senador,
em 2010.
Em 2012, foi considerado para concorrer à vice-presidência ao lado de
Mitt Romney, mas perdeu a vaga para Paul Ryan, atual presidente da
Câmara. Em 2013, foi escolhido para discursar em nome do Partido
Republicano após o Estado da União de Obama, e foi o primeiro a fazer
isso em inglês e espanhol.
Propostas
Quer banir a proibição da exportação de petróleo bruto e bloquear o
plano da Agência de Proteção Ambiental dos EUA para reduzir emissões de
carbono, alegando que isso prejudica a economia do país. Pretende
diminuir a regulamentação de empresas pelo governo e adotar um sistema
de seguro-saúde financiado por impostos, eliminando o Obamacare.
É contra o aborto, mesmo em casos de estupro e incesto, e contra a
regulamentação do acesso a armas. Contrário à reaproximação diplomática
com Cuba e o acordo nuclear com o Irã, promete um “papel mais vigoroso”
dos EUA em confrontos com Irã, Rússia e Coreia do Norte. Votou contra o
envio de tropas à Síria, mas defende o treinamento de rebeldes e os
bombardeios americanos no país.
Controvérsias
Rubio questiona o aquecimento global e diz que o ser humano não pode
ser responsal por mudanças climáticas. Dos três senadores que concorrem à
indicação, é o que mais faltou a votações desde o início da campanha.
Em novembro de 2015, se envolveu em uma polêmica quando
Donald Trump revelou que ele havia usado um cartão de crédito do Partido Republicano para pagar despesas pessoais.
Rubio garantiu que restituiu o valor “anos” antes de o caso se tornar
público e se dispôs a apresentar os recibos publicamente.
(Foto: Andrew Harnik/AP Photo)
Rafael Edward Cruz nasceu em Calgary, no Canadá, e tem 45 anos. É
casado com Heidi Nelson desde 2001 e tem duas filhas, de oito e quatro
anos. É filho de uma americana e um cubano que pediu asilo político nos
EUA e se naturalizou.
Trajetória
Formado em Direito pela Princeton University, atuou como conselheiro na
campanha à presidência de George W. Bush, para quem trabalhou no
Departamento de Justiça. Após anos como advogado em empresas privadas,
voltou à vida pública em 2012, eleito senador pelo Texas.
Com perfil extremamente conservador e apoiado pelo Tea Party, ele é um
dos maiores críticos à administração Obama e, como senador, foi um dos
articuladores da paralisação do governo dos EUA em 2013, quando o
Congresso não chegou a um acordo sobre o orçamento para o ano seguinte.
Acusou o presidente de ser “o maior incentivador do terrorismo no mundo”
por assinar o tratado nuclear com o Irã. Em 2013, discursou durante 21
horas e 19 minutos para tentar obstruir uma votação a favor do
Obamacare, a reforma da cobertura de saúde defendida pelo atual
presidente.
Propostas
Pretende restringir a entrada de imigrantes aos EUA e fala em construir
um muro na fronteira com o México. Também quer proibir o aborto, exceto
em caso de risco de vida para a mãe, e é contra a legalização da
maconha e qualquer lei que restrinja o direito ao porte de armas.
Como presidente, diz que nações “inimigas” irão temer os EUA e acredita
que ataques militares são mais eficientes do que discussões
diplomáticas. Em um debate, defendeu um bombardeio em varredura na Síria
para destruir o Estado Islâmico.
Controvérsias
O pré-candidato nega evidências científicas e diz que o aquecimento
global não é causado pelo ser humano. Seu radicalismo e insinuações
sobre seus próprios colegas de partido o tornaram uma figura pouco
admirada no Senado. Para muitos republicanos, os discursos inflamados de
Cruz acabam depondo contra o partido e afastam a chance de qualquer
acordo com democratas, causando a obstrução de pautas importantes.