Opinião

Aumento da violência coincide com a exaltação propagada pelo país

O total é incerto, o que tanto atesta a precariedade da informação do Brasil sobre o Brasil, como sugere a gravidade da onda de candidatos e pré-candidatos assassinados no período eleitoral que neste domingo chega às urnas. A violência contra pretendentes eleitorais é tão antiga aqui quanto as eleições, sem sequer se limitar à agressão física: o longo domínio do sistema de trapaças, com a "eleição no bico de pena", justificou até uma revolução, em 1930. Nem por isso os atentados deixaram de existir. Nessas eleições, porém, as mortes já computadas no noticiário deram um salto tão brusco quanto inexplicado.
Nos municípios que circundam a cidade do Rio, na chamada Baixada Fluminense, as milícias integradas por policiais e ex-policiais são apontadas como responsáveis pelos homicídios que, só ali, rondariam a metade dos casos noticiados. Como explicação, não serve nem para a Baixada só. Há dois anos houve as eleições que influem no sistema de segurança, por serem de governadores, e não ocorreu salto na criminalidade dos milicianos interessados no resultado. As eleições de agora são municipais, sem influência na repressão a milícias e seus negócios. O mesmo se pode presumir sobre a ação das milícias nos outros 12 ou mais Estados com violência eleitoral extremada.
Certo é que o aumento da violência relacionada com as eleições coincide com a exaltação propagada pelo país todo. Mais até, sua elevação em número e em vítimas acompanha o processo iniciado na raivosa campanha de 2014 e, visto o resultado das urnas, sempre mais extremado e irado no decorrer dos dois anos até aqui.
Parece não ser ocasional a onda de assassinatos e atentados políticos. Tem tudo de um sintoma a mais, e com eloquência alarmante, de uma situação que se agrava em muitos sentidos, sob atenção de poucos e providências de ninguém.
DUAS VEZES
Gilmar Mendes piorou. Passou muito da grosseria, ao chamar publicamente de vergonhoso o ato, sem qualquer deslize moral, de outro ministro do Supremo.
Tem história essa colérica opinião de Gilmar Mendes sobre a divisão do impeachment de Dilma, decidida pelo Senado e admitida pelo ministro Ricardo Lewandowski, em perda do mandato e nos mantidos direitos políticos. Nomeado para o Supremo por Fernando Henrique, Gilmar Mendes tinha sido assistente jurídico de Collor então presidente. O plano de defesa contra o impeachment de Collor consistiu em esperar quanto possível e, se encaminhada a perda do mandato, precipitar a renúncia. Assim seriam preservados os direitos políticos do ex-presidente.
Surpreendidos, os senadores recusaram-se a suspender seu pronunciamento e, não podendo mais votar o impeachment, decidiram dar as duas punições por separadas: aprovaram, isoladamente, a cassação por oito anos. A grande esperteza jurídica deu em vexame.
No julgamento de Dilma, o Senado seguiu a separação anterior das punições e Lewandowski, presidindo a sessão, admitiu-a. O Senado cassou o mandato e manteve os direitos. Outra derrota para a estratégia indicada a Collor.
INDIGESTO
Lá pelo começo de setembro, Aécio Neves ameaçou o rompimento do PSDB com o governo, se a reforma da Previdência não chegasse ao Senado ainda naquele mês. Geddel Vieira Lima respondeu pelo governo: pois não, o projeto será mandado em setembro –no dia 30, sexta-feira. Aécio teve que engolir.
Antevéspera das eleições, não seria o PMDB a jogar nas manchetes e TVs uma bomba contra direitos dos assalariados/eleitores. Sexta-feira, nem telefonema para o Senado, quanto mais reforma da Previdência. Aécio Neves terá que engolir. O bolo do governo e a ameaça.

Opinião

Ele se esconde nas Olimpíadas, na hora de votar… Temer, cadê você?

Leonardo Sakamoto
Temos um presidente que precisou ser muquiado nas cerimônias dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos por medo de vaias transmitidas ao vivo para dezenas de países.
Que tem evitado ao máximo eventos abertos que apresentem o risco de protestos, preferindo os ambientes controlados – climaticamente e ideologicamente – de auditórios recheados de empresários, por exemplo. E que já chegou a se abaixar no próprio carro oficial, talvez com medo de ser visto.
Neste domingo (2), em mais um lance do tipo Mestre dos Magos, Michel fingiu que iria votar em determinado horário, divulgou a agenda, mas antecipou-se em três horas sem avisar, a fim de fugir de uma manifestação anunciada contra ele por estudantes na PUC-SP.
Um presidente da República deveria não ter medo de um grupo de jovens reclamando contra ele. Mais do que isso, deveria encarar atos de forma natural, como parte de uma democracia. Mas Michel não pensa assim. Talvez porque falte-lhe a fé depositada por eleitores para garantir essa convicção.
Vendo isso, tenho uma certa saudade de políticos como Mario Covas, Brizola e mesmo outros que seguem vivos, de um tipo que não fugia da realidade, mesmo que desfavorável a eles. Pelo contrário, conseguiram até ressignificar esses confrontos a seu favor.
Afinal, uma política que permanece apenas nos gabinetes, palácios e escritórios é uma política raptada por determinada elite – burocrática e/ou econômica – para fazer valer seus próprios interesses. Ignorar o contraditório das ruas já se mostrou mortal para outros mandatários.
Por fim, aos líderes políticos, econômicos e sociais que gostam mais do cheiro da antiga naftalina do que de gente, vale um lembrete:
''Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente.''
Manifesto Comunista? Não, Constituição Federal do Brasil, artigo 1o, parágrafo único.

Os canalhas estão em toda parte

Nota de repúdio

A coligação Mais Competência, Mais Resultados, de Ivo Gomes, repudia mais um ato de intimidação e violência da candidatura de Moses Rodrigues. Na madrugada deste domingo (2/9), o aeroporto regional de Sobral foi tomado por um grupo que lidera a candidatura do PMDB, entre eles, o pai, Oscar Rodrigues, e o irmão, Daniel Rodrigues, que usaram de truculência para impedir a saída do aeroporto do piloto e co-piloto de uma aeronave procedente de Fortaleza que deveria pernoitar na cidade para seguir seu roteiro neste domingo.

É importante destacar que todas as aeronaves são vistoriadas pela Polícia Federal, ao saírem e chegarem a Fortaleza, e que o episódio não passou de uma tentativa de criar factoides, com o uso de artifícios mentirosos para confundir a opinião pública. Em ato de desespero, o grupo pró-Moses prendeu os pilotos dentro do aeroporto, logo após o pouso, sem qualquer embasamento legal e na tentativa de forjar uma apreensão. Fato que não ocorreu.

A Polícia Militar foi acionada, confirmou que não havia nenhuma ilegalidade com os pilotos e os escoltou para fora do aeroporto em segurança. Mesmo com a presença da Polícia Militar, o grupo de militantes e parentes do candidato Moses Rodrigues hostilizou os pilotos e pessoas que tentaram ajudar para garantir a segurança no local.

Reiteramos nosso compromisso com a verdade e com a democracia, apesar de atos dessa natureza tentarem manchar o direito do cidadão de escolher as melhores propostas para a nossa cidade.

Coisas que intrigam

"A Operação Lava-Jato está chegando mais perto do terceiro homem na linha de sucessão da República, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que presidente do Senado Federal, de acordo com reportagem da Veja. A revista teve acesso a um despacho sigiloso do ministro Teori Zavascki."
Este é o lead de matéria do JB.
Agora pergunto-lhe eu: como é que se consegue ter acesso a um despacho sigiloso de um Ministro do Supremo Tribunal Federal?
E se consegue, fica por isso mesmo?
E se fica por isso mesmo, que país de merda é esse em que aparentemente vivemos?

Para quem chegou em casa agora...

Ibope: Roberto Cláudio tem 38%, Wagner, 30%, e Luizianne, 19% em votos válidos

A pesquisa Ibope divulgada agora a noite pela TV Verdes Mares aponta o segundo turno entre o atual prefeito Roberto Cláudio e o candidato do PR, Capitão Wagner. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O instituto ouviu 805 eleitores entre 28 de setembro e 1º de outubro.
Pela pesquisa, Roberto Cláudio (PDT) tem 38%; Capitão Wagner (PR), 30%;  Luizianne Lins (PT),  19%;  Heitor Férrer (PSB), 7%;  Ronaldo Martins (PRB), 4%;   João Alfredo (PSOL), 1%;  Tin Gomes (PHS) – 1% e Francisco Gonzaga (PSTU) não pontuou
Para calcular os votos válidos, são excluídos os brancos, os nulos e os eleitores que se declaram indecisos. O procedimento é o mesmo utilizado pela Justiça Eleitoral para divulgar o resultado oficial da eleição. Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa de 50% dos votos válidos mais um voto.
Quanto aos votos totais, quando são incluídos os votos brancos e nulos e dos eleitores que se declaram indecisos, Roberto Cláudio (PDT), aparece com 34%; Capitão Wagner (PR), 28%; Luizianne Lins (PT), 17%; Heitor Férrer (PSB), 6%; Ronaldo Martins (PRB), 3%;  João Alfredo (PSOL), 1%; Tin Gomes (PHS), 1% e Francisco Gonzaga (PSTU) não pontuou. Brancos e nulos: 7%; Não sabem: 3%.
Nas simulações do segundo turno, o Ibope fez três simulações: Roberto Cláudio, 44% x Capitão Wagner, 42%; Branco/nulo, 10%, não sabem ou preferem não opinar: 4%.
Em um segundo cenário Roberto Cláudio aparece com 53% e Luizianne Lins com 32%.  Branco/nulo, 11%.  Não sabem ou preferem não opinar,  4%. Na terceira simulação, o Capitão Wagner teria 53% contra 31% de Luizianne Lins. Branco/nulo, 11%. Não sabem ou preferem não opinar, 5%.
O levantamento foi realizado entre os dias 28 de setembro e 1º de outubro. Foram entrevistados 805 eleitores. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%, o que quer dizer que, se levarmos em conta a margem de erro de três pontos, a probabilidade de o resultado retratar a realidade é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) sob o número CE- 00125/2016.

Pesquisa Datafolha aponta Roberto Claudio com 36% e Capitão Wagner com 28%

Pesquisa Datafolha publicada nesta tarde pelo Jornal O Povo, aponta o candidato do PDT, Roberto Claudio com 36% dos votos totais, contra 28% do candidato do PR, Capitão Wagner. Pelo levantamento, os dois candidatos fariam o segundo turno das eleições na capital cearense; A terceira colocada é a petista Luizianne Lins, com 16% dos votos, seguida de Heitor Férrer com 6%, Ronaldo Martins com 3% e João Alfredo com 1%, Tin Gomes (PHS) e Francisco Gonzaga (PSTU) não pontuaram
Com relação aos votos válidos (sem brancos e nulos), o prefeito Roberto Cláudio, que pleiteia as eleições  aparece com 39%, contra 31% de Wagner. A ex-prefeita Luizianne Lins (PT) surge em seguida, com 17%. Pesquisa ainda aponta que há possibilidade de mudanças de última hora, já que 17% dos eleitores ainda dizem que podem mudar de voto.
No levantamento anterior realizado nos dias 22 e 23 de setembro, Roberto Cláudio registrava mesmo índice de 39% dos votos válidos. Já Capitão Wagner oscilou negativamente um ponto, indo de 32% para 31%.
Demais candidatos permaneceram com mesmos índices, ou oscilaram dentro da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Luizianne Lins manteve índice de 17 pontos percentuais. Heitor Férrer (PDT) também permaneceu com 7%, seguido de Ronaldo Martins (PRB), com 4% e João Alfredo (Psol), com 2%. Francisco Gonzaga (PSTU) e Tin Gomes (PHS) não pontuaram. Apesar de 89% se declararem decididos, 19% admitiram ainda não saber o número de seus candidatos.
Na pesquisa espontânea, quando o eleitor escolhe um candidato sem ter acesso a uma lista dos candidatos, Roberto Cláudio lidera com 30% das citações. Logo após, surgem Capitão Wagner, com 23%, Luizianne Lins, com 12%, Heitor Férrer, com 5%, Ronaldo Martins, com 2%, e João Alfredo, com 1%. Este tipo de voto é geralmente considerado mais consolidado.
Na rejeição, Luizianne oscilou dois pontos para cima, indo de 38% para 40% das menções. Tin Gomes manteve índice de 26%, Roberto Cláudio cresceu dois pontos, passando de 20% para 22%. Maior adversário do prefeito, Capitão Wagner cresceu seis pontos no quesito, indo de 15% para 21%.
A pesquisa foi realizada entre a última sexta-feira, 30, e este sábado, 1º, e ouviu 1745 eleitores de todo o Município. O levantamento está registrado no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) com número CE-04247/2016.

Esta é da Mônica Bérgamo

Temer deve votar sob "esculacho" de estudantes na PUC neste domingo

Estudantes da PUC estão organizando um protesto contra o presidente Michel Temer, que neste domingo (2) deve ir à universidade, em Perdizes, para votar na sucessão municipal.
"Vamos acompanhar a votação do presidente golpista, ele não merece estar num ambiente marcado pela democracia. Ficaremos o dia todo na PUC amanhã", afirma Vitor Marques, secretário de juventude do PT e estudante de Direito da PUC.
"Defendemos a democracia. Como ele tirou nosso voto, vamos tirar o sossego dele", completa o estudante.
No Facebook, os organizadores postaram mensagens sobre o protesto, afirmando que "quem não respeita a democracia e a soberania do voto popular não merece o direito ao voto. Por isso convidamos todos e todas a comparecerem a PUC-SP, local onde o presidente ilegítimo vota, para realizar um protesto de caráter simbólico em defesa do governo do presidente usurpador e contra a retirada de direitos trabalhistas e sociais."

Opinião

clóvis rossi
É repórter especial. Ganhou prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Escreve às quintas e aos domingos.

A culpa pela 'maior crise da história' é também de Temer

Michel Temer jura que não tem nada a ver com o que chama (corretamente, aliás) de "a maior crise da história". Falso: Temer é corresponsável pelo estrago causado por Dilma Rousseff. Fico até constrangido em dizê-lo, tão óbvia que é a constatação. Mas, já que o vice, agora efetivado, finge que não é com ele, vejamos alguns pontos básicos:
1 - Temer fez questão de ser de novo candidato a vice-presidente na chapa de Dilma, na eleição de 2014. Ora, se queria continuar na chapa, a implicação óbvia é a de que concordava com as políticas executadas até então. Foram elas que levaram à "maior crise da história", tanto que Dilma, ao inaugurar o segundo mandato, despachou Guido Mantega, seu ministro da Fazenda no primeiro período, e chamou Joaquim Levy, com a missão de fazer o que, agora, cabe a Henrique Meirelles.
2 - Temer não teve nem a coragem de criticar algo da política adotada pela presidente, ao contrário do que fez, por exemplo, um de seus antecessores, José Alencar, vice de Lula.

Leila Macor/AFP
Brazilian president Michel Temer talks to the press after a meeting in New York with US investors, organized by the Council of the Americas on September 21, 2016. / AFP PHOTO / Leila MACOR
Presidente Michel Temer fala à imprensa em NOva York, no mês passado
Alencar cansou-se de atacar os juros altos praticados na gestão Lula. É verdade que suas críticas acabaram sendo inócuas, porque Lula preferia sempre ouvir Meirelles, então presidente do Banco Central, um inoxidável ortodoxo.
Conto a propósito episódio sobre juros de que fui testemunha: dias depois da posse de ambos, Meirelles foi ao tradicional Fórum de Davos. Cruzei com ele no cafezinho e perguntei como fizera para convencer Lula a aumentar os juros (de 25%, já obscenos, para 26,5%). Meirelles contou, então, que dissera ao presidente que, no Brasil, sempre que a inflação bate nos dois dígitos (como estava acontecendo na ocasião), acaba disparando.
Digamos que não é ciência, mas é uma demonstração de que, além de salsichas e jornais, se soubermos como se faz política econômica no Brasil não compraríamos nem um nem as outras.
Volto a Temer: seu silêncio, ao longo do período Dilma (exceto para a mesquinha queixa de que era um vice decorativo), só pode ser lido como cumplicidade.
O máximo que o hoje presidente poderia alegar é que não era chamado para participar de decisões do governo, apesar de ser o presidente do maior partido de sua sustentação.
Desculpa pobre. O fato é que o PMDB, com Temer à cabeça, é parte de um sistema político apodrecido, como a Lava Jato está demonstrando a cada dia ou semana.
Giuseppe Coco, cientista político formado na Universidade de Paris 7 e hoje na Federal do Rio de Janeiro, escreve para a revista "Nueva Sociedad" que Temer e Dilma são "duas caras da mesma moeda, cúmplices e responsáveis, os dois, da crise".
Para sorte do presidente, o PT lhe dá legitimação para seu projeto de reformas, ao colocar Temer "à frente de um golpe e fazer dele uma força política oposta quando, na realidade, é aliada e corresponsável do fracasso do PT", completa Coco.
Resta saber se e quando a responsabilidade pelo fracasso, aos olhos do público, sairá da órbita do PT para cair também no colo de Temer.