Capa da Folha


A ordem é especular

FHC, Lula e Sarney articulam o pós-Temer


Lula Marques - 16.mai.12/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 16-05-2012, 12h00: Presidente do STF, ministro Ayres Britto, presidente da Camara, Marco Maia, presidente do Senado, e ex-presidente Jose Sarney, ex-presidente Lula, presidente Dilma Rousseff, vice-presidente Michel Temer, ex-presidente FHC, ministro do STJ, Gilson Dipp e o ex-presidente e senador Fernando Collor, o membroda Comissao Jose Carlos Dias falando participam no palácio do Planalto, da cerimonia de Instalacao da Comissao Nacional da Verdade. (Foto: Lula Marques/Folhapress, PODER)
Em 2012, ex-presidentes José Sarney, Lula e FHC se reuniam com a então mandatária Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer

As articulações para a substituição do presidente Michel Temer evoluíram nas três principais forças políticas do país –PMDB, PSDB e PT– e agora envolvem diretamente três ex-presidentes da República: Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e José Sarney.
Desde a última quinta (18), quando foram divulgados os detalhes da delação da JBS que envolvem Temer, eles têm liderado conversas suprapartidárias em busca de um consenso para a formação de um novo governo, caso o peemedebista seja cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Os três caciques, pontos de contato nos diálogos que acontecem reservadamente em Brasília e São Paulo, cuidam para que os debates não ganhem caráter partidário.
As conversas estão pulverizadas, uma vez que, por ora, cada sigla traça caminhos diferentes para o desfecho da crise.
Do lado do PSDB, fiel da balança do governo, FHC se tornou referência e, segundo relatos de tucanos, já abriu contato com parlamentares do PT. Além disso, é o mais importante interlocutor do presidente do TSE, Gilmar Mendes, considerado "peça-chave" para viabilizar a saída institucional de Temer.
"O Brasil exige o que temos de melhor e não o que temos de pior", disse à Folha o senador Jorge Viana (PT-AC), um dos emissários petistas nas conversas com integrantes do PSDB e do PMDB.
Nesta semana, Viana esteve em dois jantares na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para discutir soluções com aliados do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder peemedebista no Senado e opositor de Temer.
Na terça-feira (23), o senador petista se encontrou com Lula. O ex-presidente disse que o partido precisa insistir na defesa das eleições diretas. Até aqui, Lula não acredita que um perfil "de centro" será incluído pela base de Temer no processo de eleições indiretas e diz que a ventilação do nome do ex-ministro Nelson Jobim, que tem sua simpatia, tem o objetivo de "adoçar a boca do PT".
Apesar da determinação dada à cúpula petista, Lula se mantém disposto a conversar com as lideranças políticas que trabalham exclusivamente com a alternativa de eleições indiretas para escolher o sucessor ao Planalto.
Na avaliação de aliados de Temer, a escalada da crise, com os primeiros protestos violentos contra o governo, nesta quarta-feira (24), precipita uma concertação que envolve o trio de ex-presidentes.
Eles acreditam que a articulação suprapartidária pode reduzir a tensão do ambiente político e permitir uma transição suave a partir do julgamento do TSE, que começa no dia 6 de junho e pode tirar Temer do poder.
Nesse cenário, Lula tem sido estimulado a procurar FHC em busca de entendimento. Aliados de Temer consideram essa conversa fundamental porque o petista tem pontes com movimentos sindicais e sociais à frente dos protestos, e o tucano é o principal conselheiro do pilar de sustentação de Temer.
O ex-presidente José Sarney, por sua vez, esteve com Temer na segunda (22) e, no dia seguinte, recebeu parlamentares do PMDB e dirigentes tucanos.
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As eleições indiretas

Caso Temer deixe o poder, os 594 deputados e senadores elegerão o seu sucessor; regras detalhadas desse processo ainda serão definidas
A VACÂNCIA
1. A Constituição determina que a eleição seja feita pelo Congresso Nacional, 30 dias após a vacância do cargo
2. Nesse período, assume interinamente a chefia do Executivo o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ)
3. Eleição será feita em sessão conjunta da Câmara e do Senado
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As Dúvidas
1. As regras claras sobre a disputa terão que ser definidas pelo Congresso -por meio de ato ou resolução- ou até mesmo pelo Judiciário -em regulamentação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ou pelo STF (Supremo Tribunal Federal), na hipótese de ser acionado por eventuais insatisfeitos com as normas estabelecidas
2. A Constituição é lacônica sobre o tema, apenas determina a eleição para presidente e vice, pelo Congresso, após 30 dias da vacância. Tende-se a usar, nesse caso, a Lei 4.321/64, que dispõe sobre a eleição indireta, e a lei 9.504/97, que estabelece normas gerais para as eleições. A primeira é muito defasada; a segunda trata de eleições diretas, não indireta
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As regras
Quem vota?
Os 513 deputados federais e os 81 senadores
A votação é aberta ou secreta?
Tendência é a de que seja secreta
Um turno ou dois?
Lei de 1964 fala que haverá até três escrutínios caso nenhum candidato consiga, nos dois primeiros, a maioria dos votos. Regulamentação pode, porém, alterar o modelo
*Quem pode se candidatar?
Isso ainda será definido. A Constituição não especifica se as regras de elegibilidade (ter 35 anos ou mais, filiado a partido) se aplicam num pleito indireto
A eleição escolherá presidente e vice?
Sim
Até quando as chapas poderão ser inscritas? Haverá campanha?
Indefinido

Boca rica. \todo mundo quer uma ponta.

Aliados reagem a articulação de tucanos para caso de queda de Temer


Alexandre Carvalho/A2img
SAO PAULO, SP 26.05.2017, BRASIL, O Governador do Estado de Sao Paulo Geraldo Alckmin, participou da Assinatura do Dejem Ambiental Início de Operacao das Placas Fotovoltaicas do Parque Villa Lobos. Foto: Alexandre Carvalho/ A2 img ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB)

O avanço da articulação liderada pelo PSDB para preparar cenários em caso de queda de Michel Temer gerou reação no PMDB, DEM e PSD, principais sustentáculos do governo e que também avaliam os cenários de substituição do presidente.
O estopim da revolta foi a reunião entre o presidente interino tucano, senador Tasso Jereissati (CE), o governador Geraldo Alckmin (SP) e o prefeito paulistano, João Doria, no apartamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em São Paulo.
Segundo um líder do PSD, o encontro na quinta (25) soou como uma "reunião de notáveis para ditar regras", e o partido queixou-se com FHC.
Para piorar, Alckmin declarou na manhã desta sexta (26) que "os grandes nomes" do PSDB para um pleito indireto são Tasso e FHC. Com isso, avalizou publicamente o nome de Tasso, que no acerto tucano não seria candidato à reeleição caso vencesse a disputa indireta, abrindo caminho para Alckmin ou mesmo Doria como presidenciável em 2018.
O ex-presidente foi colocado na mesma frase para tentar dividir a atenção com o senador, que ganhou visibilidade como nome do partido a ser indicado para compor uma chapa no Colégio Eleitoral —isso se Temer for cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
A principal figura até aqui nas especulações, o ex-ministro Nelson Jobim (PMDB), não gostou de ver seu nome citado ora como presidenciável, ora como eventual ministro da Justiça. Um conhecido afirma que Jobim está "fechado em copas", mas que aceitaria uma indicação à Presidência, apesar de ter seu nome ligado a investigados na Lava Jato. Seu maior ativo é a entrada que possui no Supremo —que presidiu—, na situação e na oposição.
No PMDB, a reação ocorreu na bancada na Câmara. Dois deputados, que pediram reserva porque ainda apoiam formalmente Temer, afirmam que o PSDB não tem voto para querer indicar a ordem dos fatores. E ressaltaram que, na Câmara, o favorito hoje seria o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Os tucanos somam meros 46 dos 594 possíveis eleitores, e Tasso só tem apoio fechado no Senado, que concentra 13,6% dos votos no Colégio. O baixo clero, designação suprapartidária para parlamentares sem maior expressão, tem entre 60% e 70% dos votos na Câmara, e hoje seguiriam a indicação de Maia.
Mesmo o PT, partido com 58 deputados, tende a só participar do processo indireto apoiando um nome simbólico de oposição se o candidato "para ganhar" for Jobim.
Isso evidencia como qualquer composição para um eventual pós-Temer passa por ter o PMDB, por seu peso político e bancada (63 deputados, 22 senadores) no jogo.
FHC passou a sexta apagando incêndios em reuniões e telefonemas, e a ordem no PSDB é silêncio sobre as articulações. Um cacique tucano avalia que a crise foi contida e que os presidentes dos partidos seguem alinhados.
O plano segue sendo apoiar o governo Temer até o julgamento, exceto que surjam novidades na seara judicial.
O presidente busca ganhar tempo para evitar a cassação no TSE. Até aqui, contudo, a avaliação entre os partidos que apoiam Temer é que ele perdeu as condições de permanecer no cargo.
O presidente é alvo de inquérito após ter sido atingido diretamente pela delação da JBS na Lava Jato.
Ele insiste em uma agenda legislativa positiva, mas dificilmente conseguirá fazer avançar a reforma da Previdência. Além disso, a crise periga abater o ensaio de recuperação econômica que se desenhava, trazendo o fantasma da volta da recessão.

Uma vez tucano, sempre bico grande

PSDB evita reafirmar apoio e prega eleição indireta em eventual transição


Jorge Araujo - 3.out.2011/Folhapress
Tasso Jereissati diz que não é possível 'ficar brincando de mudar a Constituição'
Tasso Jereissati diz que não é possível 'ficar brincando de mudar a Constituição'
Apesar do discurso de que não irá tomar nenhuma medida para agravar a crise, o PSDB, principal aliado do PMDB na base de apoio a Michel Temer, evitou reafirmar apoio ao presidente da República nesta quarta-feira (24) e já discute abertamente uma eventual transição.
Após se reunir com toda a bancada de deputados federais, o presidente interino do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE), disse que o partido se coloca frontalmente contrário à alteração da Constituição para a realização, agora, de eleições diretas.
Em caso de queda de Temer, a lei estabelece nesse momento escolha indireta, pelo Congresso. "A Constituição é fundamental, nós vamos nos apegar de todas as maneiras à letra da Constituição. Não vamos sair da Constituição sequer um milímetro", disse Tasso, para quem defender diretas-já neste momento seria um "casuísmo". "Não podemos ficar brincando de mudar a Constituição a cada crise."
O tucano é um dos principais nomes cogitados para concorrer à sucessão do peemedebista, caso ele deixe mesmo o Palácio do Planalto. Questionado diretamente sobre isso, ele fez piada. Diz que sua maior pretensão nesse momento é "ser prefeito de Pacoti [interior do Ceará, onde ele tem um sítio]."
O presidente do PSDB se negou ainda a responder diretamente, por duas vezes, a pergunta sobre se é possível superar a crise com Temer no comando da nação.
Ele se limitou a dizer que a superação passa pelo "diálogo" com o peemedebista. Nos bastidores, os tucanos esperam ter o apoio dos peemedebistas para emplacar o novo presidente na eleição indireta.
Na reunião a portas fechadas, a cúpula do PSDB decidiu que irá fazer uma avaliação dia a dia da manutenção ou não do apoio a Temer. O desembarque do partido é visto como a gota d'água que precipitaria a queda de Temer, já que é o principal aliado do PMDB no governo.
"A definição de qualquer que seja o movimento que venhamos a ter vai ser em conjunto com o partido, não vai ser da Câmara, do Senado, dos governadores, prefeitos, da Executivo, vai ser do partido. Vamos intensificar as conversas cada vez mais, acompanhar hora a hora o desdobramento da crise", disse Tasso.
EXÉRCITO
Os tucanos também afirmaram ter recebido mal a decisão de Temer de colocar o Exército nas ruas ajudar a conter depredações na Esplanada dos Ministérios.
Nos bastidores, deputados do partido afirmaram que isso é uma demonstração clara de perda do controle sobre a situação.
Na entrevista após o encontro, Tasso disse ter ficado "assustado" com a notícia, mas afirmou que ela pode ter sido utilizada mediante informações de que a polícia não estava conseguindo conter as depredações.
"Somos uma geração que cresceu e passou a adolescência em um clima de exceção da ditadura militar, da quebra da Constituição, vivemos com euforia a redemocratização e a nova constituinte. E a presença militar é sempre uma coisa que nos assusta. Então ficamos assustados, preocupados. Mas por outro lado tivemos a informação de que a polícia não estava dando conta das depredações", disse o senador, para quem isso só deve ser feito em último caso e tem que ser debatido com o presidente.

As capas empurram o Interino

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CRISE SURREAL Brasil é tomado pela discussão sobre a saída ou permanência do presidente Temer
Os políticos ainda buscam um nome capaz de conduzir o País até 2018. Com Temer ou sem, as reformas não podem parar. Sem elas, chegaremos ao próximo ano sem o direito de ter esperança.



Época
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Carta Capital
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Degola no Tribunal Superior Eleitoral e Rodrigo Maia eleito por via indireta. Ruas, reformas e eventual prisão do atual presidente bagunçam o jogo

Chapa fechada

Cid quer ser senador e puxa André pro fogo
Ao dizer que poderá ser candidato do PDT ao Senado, defender a reeleição de Camilo e aposar noirmão \ciro candidato a presidente da república, Cid Gomes puxou André Figueiredo, presidente do partido para disputar a segunda vaga de senador no Ceará.
Isso foi a grande novidade do encontro do PDT em Itarema, ontem, sabado pela manhã.

Ceará bate Nautico em Recife

O Ceará aproveitou a chance contra um Náutico ruim para ganhar por 2 a 0, pela primeira vez na Série B do Campeonato Brasileiro deste ano. Com gols de Roberto e Felipe Menezes, o Ceará evitou o que poderia ser a terceira rodada sem marcar e sem vencer; rompeu tabu de 13 anos sem derrotar o Nautico fora de casa; chegou aos quatro pontos e saltou, até agora, para a décima colocação na tabela.