As
filmagens do longa-metragem sobre o congonhense Ze Arigo começam em
março. O filme, uma superprodução dirigida por Roberto Dávila, terá
locações em cidades mineiras, como
Congonhas e Cataguases. O ator Selton Mello vivera aquele que até hoje é
considerado o maior médium brasileiro de todos os tempos.
A Prefeitura de Congonhas, por meio da FUMCULT, do Museu de Congonhas e
da diretoria de Turismo, apoiam esta produção, que deverá divulgar
nossa cidade para dentro e fora do país.
O Museu da Ladeira, em
Congonhas, possui uma exposição completa sobre a vida e obra do médium,
com objetos pessoais, cartas psicografadas, fotos, vídeos e documentos.
No próximo dia 15 de fevereiro, a equipe de produção do filme
estará em Congonhas para acertar os detalhes das locações escolhidas.
Biografia
José Pedro de Freitas nasceu na Fazenda do Faria, em Congonhas, em 18
de outubro de 1921 e morreu em um acidente na BR-040, em 11 de janeiro
de 1971. Era conhecido como José Arigó ou simplesmente Zé Arigó.
Desenvolveu suas atividades espirituais em Congonhas durante cerca de
vinte anos, tornando nacional e internacionalmente conhecidas as
cirurgias e curas realizadas por intermédio de sua faculdade mediúnica,
pelo (espírito) que se denominava como Dr. Fritz, um médico alemão
falecido em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial.
Mediunidade
À medida que nasciam os seus filhos, por volta de 1950, Arigó começou a
apresentar fortes dores de cabeça, insônia, percebendo visões (uma luz
descrita como muito brilhante) e uma voz gutural (em idioma que não
compreendia) que o fizeram acreditar encontrar-se à beira da loucura. A
situação perdurou por cerca de três anos, durante os quais visitou
médicos e especialistas, sem melhorias.
De acordo com seus
biógrafos, certo dia, em um sonho nítido, a voz que o atormentava foi
percebida por Arigó como pertencendo a um personagem robusto e calvo,
vestido com roupas antigas e um avental branco, supervisionando uma
equipe de médicos e enfermeiros em uma grande sala cirúrgica, em torno
de um paciente.
Após o sonho ter se repetido por várias vezes, o
personagem apresentou-se como sendo Adolph Fritz, um médico alemão
desencarnado durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), sem que
tivesse completado a sua obra na Terra.
Embora não pudesse
compreender o idioma, compreendeu a mensagem que o personagem lhe
dirigia: Arigó fora escolhido como médium pelo Dr. Fritz para realizar
essa obra. Outros espíritos, de médicos e de enfermeiros desencarnados,
os auxiliariam.
Ainda de acordo com os seus biógrafos, Arigó
acordou desse sonho tão assustado que saiu correndo, nu, aos gritos,
ganhando a rua. Parentes e amigos trouxeram-no de volta ao lar, onde
chorou copiosamente. Procurados, os médicos procederam a exames clínicos
e psicológicos, sem encontrar nada de anormal, embora as dores de
cabeça e os pesadelos continuassem. Até mesmo o padre da cidade tentou
auxiliar, efetuando algumas sessões de exorcismo, sem sucesso.
Desesperado, sem encontrar uma saída, certo dia resolveu experimentar
atender ao pedido do sonho: encontrando um amigo, aleijado, obrigado ao
uso de muletas para andar, Arigó ordenou-lhe de súbito que largasse as
muletas. E, arrancando-as com as próprias mãos, ordenou em seguida ao
amigo que caminhasse, o que ele fez, continuando a fazê-lo desse dia em
diante.
A partir de então, uma força que Arigó reputava como
"estranha", passou a utilizar-se de suas mãos rudes, para manejar
instrumentos também rudes, em delicados procedimentos cirúrgicos, no
atendimento a enfermos e aflitos.
Prática mediúnica
Apesar de possuir desenvolvida mediunidade, Arigó possuía formação
católica tradicional, e seu nome, a rigor, não se associa formalmente
nem ao Espiritualismo nem ao Espiritismo. Apesar da desaprovação da
Igreja Católica (com quem, entretanto, não criou inimizades) e das
autoridades civis, Arigó fundou uma clínica à Rua Marechal Floriano, em
Congonhas, onde chegava a tratar, gratuitamente, até duzentas pessoas
por dia, oriundas da região e dos diversos Estados do país, da América
do Sul, da Europa e dos Estados Unidos. À época, Congonhas chegou a
estar ligada a Buenos Aires (Argentina) e a Santiago do Chile (Chile)
por linha de ônibus direta e regular.
Prisão
Entre as
dificuldades de ordem legal enfrentadas pelo médium, destaca-se o
processo instaurado em 1956 pela Associação Médica de Minas Gerais, sob a
acusação de prática de curandeirismo, e pelo qual foi condenado a
quinze meses de prisão (1958); entretanto, teve a sua pena reduzida à
metade e não chegou a ser preso, uma vez que recebeu indulto do então
Presidente da República, Juscelino Kubitschek, cuja filha também havia
sido atendida pelo médium, sendo-lhe diagnosticados dois cálculos
renais. Anos mais tarde, responderia a novo processo, sendo condenado a
18 de novembro de 1964. Desta vez, tendo compreendido o que era um
indulto, recusou-o, sendo detido por sete meses em Conselheiro Lafaiete
(MG), pelo exercício ilegal da medicina. Continuou a prática mediúnica
mesmo dentro dos muros do presídio, tendo retornado a Congonhas com
prestígio ainda maior.
Nessa época, o estadunidense Henri Belk,
fundador de uma fundação para pesquisa de fenômenos paranormais,
acompanhado por Andrija Puharich (ou Henry K. Puharich), especialista em
bioengenharia, deslocaram-se até Congonhas, acompanhados por dois
intérpretes da Universidade do Rio de Janeiro e por Jorge Rizzini,
conhecido pesquisador espírita brasileiro, para iniciar uma pesquisa com
Arigó (1963). Na ocasião, o Dr. Puahrich teve extraído um lipoma de seu
cotovelo esquerdo, em um procedimento indolor que consumiu apenas cinco
segundos, executado com um canivete comum. A incisão de menos de 5
centímetros, com pouco sangue, não inchou, conforme documentado
nítidamente em filme (a cores) por Rizzini, vindo a cicatrizar
completamente, sem infecção.
Em 1968, dois outros médicos
estadunidenses chegaram a Congonhas para complementar as pesquisas: os
Drs. Laurence John e P. Aile Breveter, da William Benk Psychic
Foundation. Mesmo sem ter alcançado uma explicação conclusiva para o
fenômeno, comprovaram que a prática do médium não comportava ilusionismo
ou feitiçaria, declarando que 95% dos diagnósticos do médium eram
corretos e que, as operações realizadas com um canivete, sem qualquer
assepsia, só eram possíveis devido à sua sensibilidade, explicável
apenas à luz da parapsicologia.
Morte
Os seus biógrafos
registram que Arigó teve um sonho com um crucifixo negro, convencendo-se
de sua morte próxima. No dia em que faleceu, como de hábito, compareceu
à sua clínica, mas avisou os pacientes que o aguardavam que necessitava
ir a uma localidade próxima para buscar um carro usado, que acabara de
adquirir. Segundo o boletim de ocorrência policial, na rodovia BR-040,
às 12:23h de 11 de Janeiro de 1971, José Pedro, vítima de mal súbito,
perdeu a direção do Opala que dirigia, ingressando na contramão onde
colidiu com um veículo do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
(DNER), vindo a falecer vítima de traumatismo cerebral.