Como tudo parece tão irrelevante



Diante do desaparecimento de um avião com quase 250 pessoas a bordo, tudo que você pensa em escrever se torna mais ou menos irrelevante.
É claro que, como diz o Sergio Leo sobre o próprio blog: “Notícias irrelevantes para quem tem mais a fazer com o próprio tempo”.
É claro que, não tendo a pretensão de informar, tudo aqui é mais ou menos irrelevante mesmo. Mas a mobilização pela tragédia me provoca quase uma compulsão a falar do assunto.
Ontem tive que me limitar a acompanhar a cobertura pelo rádio, porque passei o dia na rua e fui socorrida por um Nokia dotado de boa capacidade de sintonia de emissoras FM.
Hoje quando cheguei na universidade para dar aula, sabia que era inevitável falar sobre a cobertura do desaparecimento do airbus . Afinal, estamos num curso de Jornalismo para alunos de 7o. período, a maioria já em estágios na grande imprensa, e o assunto tinha nos mobilizado a todos desde a manhã de segunda-feira, quando chegou a primeira informação: sumiu um avião que decolara do Rio para Paris.
O exercício diário do jornalismo tem isso de impressionante.
Você acorda com essa notícia e no fim do seu dia de trabalho terá descoberto o máximo possível sobre algo tão impossível de explicar.
Só por isso, toda e qualquer crítica que se faça à cobertura tem que considerar as condições em que se realiza a tarefa.
Quem está do lado do leitor não tem a mínima idéia de como é difícil trabalhar em circunstâncias como essas.
Para ter bases de comparação, passei a acompanhar o noticiário do Le Monde, pensando em mais um conforto básico da tecnologia: poder ler jornais bem melhores do que os nossos.
Lá, o clamor pela atualização minuto a minuto é menor, o foco é tentar explicar as causas do acidente, e não há uma exigência pela lista de passageiros.
E aqui, o que você acha da cobertura?

Carla Rodrigues eh professora universiataria em Sao Paulo.

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