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Flávio Torres pede que ministros esclareçam posição do Brasil sobre bomba atômica

País deve liderar bloco contra arsenais atômicos, diz senador

O senador Flávio Torres (PDT-CE) solicitou em reunião da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, nesta quinta-feira (10), que os ministros da Defesa, Nelson Jobim, e das Relações Exteriores, Celso Amorim, sejam ouvidos sobre a política brasileira em relação à produção de bombas nucleares. Torres fez o pedido após o Jornal do Brasil publicar, nesta semana, uma série de reportagens sobre pesquisas realizadas pelo físico Dalton Girão Ellery Barroso. A tese de doutorado de Girão Barroso no Instituto Militar de Engenharia (IME) do Exército comprova que o Brasil já detém o domínio sobre o conhecimento e a tecnologia necessários para a construção da bomba atômica.

Por sugestão de seu presidente, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), a CRE decidiu fazer os questionamentos a Nelson Jobim na próxima quarta-feira (16), em que o ministro já virá à Comissão prestar esclarecimentos sobre a intenção do governo brasileiro de comprar jatos de outros Países. Dependendo das respostas de Jobim, a Comissão poderá convocar também Celso Amorim. Flávio Torres disse que é contra a convocação do físico Dalton Girão Barroso. “Os pesquisadores têm que ter a liberdade de trabalhar naquilo que acharem importante”, defendeu. “Cabe às autoridades do governo brasileiro saber o que fazer com esses conhecimentos”, afirmou Torres, que é contra a fabricação da bomba atômica pelo Brasil.

A série publicada pelo Jornal do Brasil informou que, quando tomou conhecimento dos estudos de Girão Barroso, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pediu ao governo brasileiro que fossem recolhidos os exemplares de um livro em que a pesquisa havia sido publicada. O grosso dos resultados da tese aparece na publicação A Física dos explosivos nucleares (Editora Livraria da Física), despertando a reação da AIEA e, como subproduto, um conflito de posições entre os ministros Nelson Jobim, da Defesa, e Celso Amorim, das Relações Exteriores. A crise vinha sendo mantida em segredo pelo governo e pela diplomacia brasileira.

A AIEA chegou a levantar a hipótese de que os dados revelados no livro eram secretos e só poderiam ter sido desenvolvidos em experimentos de laboratório, deixando transparecer outra suspeita que, se fosse verdade, seria mais inquietante: o Brasil estaria avançando suas pesquisas em direção à bomba atômica. A AIEA também usou como pretexto um argumento das superpotências: a divulgação de equações e fórmulas secretas, restritas aos países que desenvolvem artefatos para aumentar os arsenais nucleares, poderia servir ao terrorismo internacional.

Nelson Jobim se posicionou contrário à ingerência da AIEA, levando em conta que as pesquisas seriam estritamente acadêmicas. Mas o ministro Celso Amorim chegou a sugerir que o pleito da AIEA fosse atendido, pelo menos em parte.

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