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Honduras aponta intromissão do Brasil



Governo brasileiro é responsável pela segurança de Zelaya

O governo interino de Honduras afirmou que houve “evidente intromissão’’ do Brasil “nos assuntos internos’’ do país na acolhida do presidente deposto, Manuel Zelaya, na embaixada brasileira em Tegucigalpa e que, por isso, o governo brasileiro é responsável não só pela segurança do hondurenho como pela de todas as pessoas e propriedades que estiverem envolvidas no caso.

O comunicado da Secretaria de Relações Exteriores de Honduras possui tom grave e conclui que ocorreu a intromissão apenas com base em uma declaração de Zelaya na qual ele afirma ter “consultado’’ o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chanceler Celso Amorim sobre a sua viagem. Para o governo interino, isso prova que a entrada ilegal de Zelaya em Honduras foi “um ato promovido e consentido pelo governo do Brasil’’.

Essa conclusão do governo interino de Honduras contraria as declarações das autoridades do Brasil e do próprio Zelaya do episódio. Único diplomata brasileiro presente em Honduras, o ministro-conselheiro Francisco Catunda Resende, disse que foi surpreendido depois de concordar em receber Xiomara de Zelaya, mulher de Zelaya, na embaixada. “Aí é que eles abriram o jogo. Ela entrou primeiro, seguida por ele, com mala e tudo’’, disse o diplomata. No relato do diplomata, só depois, com trocas de telefonemas entre Tegucigalpa, Brasília e Nova York, onde estava Amorim, chegou a autorização para acolher o casal.

Por celular, o próprio Zelaya confirmou que o Brasil não sabia “dos planos’’. “Tomei a decisão de vir direto à embaixada por uma questão de estratégia, uma posição de reserva, para que o plano não corresse risco’’, disse.

Ontem em Nova York, o presidente Lula reafirmou que Zelaya é o presidente legítimo e que quer garantias da segurança dele. “Nós não precisamos gastar meia palavra para falar do que aconteceu em Honduras. O presidente eleito foi retirado de sua casa de madrugada à força. Esse presidente resolveu voltar ao seu país. Nós queremos que ele fique com garantias lá e queremos que os golpistas não façam nada com a embaixada brasileira. Isso faz parte de convenções internacionais.’’

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