Nove horas de terror em Sobral



Superintendente da Polícia Civil chegou a ser mantido refém junto com babá e criança

Por Natalie Caratti e Mara Rodrigues
Especial para O Estado

Pânico em Sobral. Após nove horas mantendo uma família refém, o ex-presidiário Manoel Diogo de Jesus, vulgo “Nego Diogo”, foi rendido pelo superintendente da Polícia Civil, Luiz Carlos Dantas, que chegou a ficar sob a mira do criminoso durante 25 minutos.

De acordo com o prefeito de Sobral, Leônidas Cristino, que acompanhou de perto as negociações, o bandido entrou em desespero com o desfecho do caso e tomou novamente os dois reféns (um bebê de cinco meses, filho de uma comerciante, e a babá). As vítimas foram colocadas em um veículo Pálio, cedido pela Prefeitura de Sobral, e Dantas foi obrigado a dirigir em direção ao Piauí.
Dantas conseguiu tomar o revólver do Nego Diogo e voltou para o município de Sobral. Todos foram levados à Santa Casa de Misericórdia de Sobral, mas o prefeito garantiu que foi apenas para averiguação. “Todos estão bem”, revelou o prefeito.

O coronel Antônio Gilvandro Oliveira, que também negociou diretamente com o bandido, principalmente antes da Polícia Civil chegar, afirmou que Manoel fez exigências e não cumpriu a parte dele. “Ele queria dinheiro e um carro para fugir, temia a todo custo ser preso”, contou. Na Delegacia Regional de Sobral, “Nego Diogo” foi autuado por tentativa de homicídio, sequestro, lesão corporal e porte ilegal de arma.
ABORDAGEM
O bandido invadiu a residência da comerciante Francineide Botelho, na avenida Doutor Guarani, 10, bairro Derby, que fica na mesma rua do posto da Polícia Federal de Sobral, considerada área nobre do município. O criminoso exigiu que a vítima entregasse R$ 10 mil, mas a mulher acionou a Polícia. Com a chegada dos policiais, o assaltante rendeu os dois filhos dela (bebê de cinco meses e um rapaz de 18 anos), a babá e a diarista.

Efetivos do Comando Tático Motorizado (Cotam), Ronda do Quarteirão da área, Polícia Civil e os juízes da Comarca de Sobral, Marcelo Roseno e Cavalcante Neto foram até o local do crime.
O filho da vítima, Jarbas Botelho, 18, foi libertado após ser amarrado a um botijão de gás de cozinha, que o bandido ameaçava explodir com um tiro. O rapaz foi levado à Santa Casa de Sobral por atendentes do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), pois foi agredido com coronhadas. A diarista foi apontada como cúmplice no crime acusada de fornecer informações privilegiadas ao bandido.
De acordo com o major Francisco Cláudio Mendonça, coordenador do Ronda do Quarteirão da Região Norte, ao chegarem ao local, o bandido aparentava estar bastante nervoso e ainda efetuou vários disparos quando percebia que a Polícia se aproximava da porta da casa.

A Prefeitura de Sobral cedeu um veículo Hilux para que ele saísse da casa, mas Manoel não aceitou. Uma hora depois, chegou o prefeito da cidade, Leônidas Cristino e, às 20 horas, o superintendente da Polícia Civil, Luiz Carlos Dantas, de jatinho, que esteve à frente das negociações e ainda entrou na residência para conversar com o bandido. Nesse momento, chegou também o dono da residência, que estava em Fortaleza, Evanildo Botelho.

Às 20h30min, a imprensa é afastada do local sob a ameaça de invasão da casa, o que não aconteceu. Às 21 horas, a esposa e a filha de Manoel chegam ao local. A diarista foi libertada e levada à delegacia, mas negou ter participado do crime. (Colaboraram Bruno de Castro e Beth Rebouças).

Secretário afirma que não havia risco

O titular da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Roberto Monteiro, afirmou, às 21 horas de ontem, que não havia risco em potencial e sim eminente, ao justificar o porquê da Polícia de Elite não ter invadido a residência.
“Era um momento de crise e houve um gerenciamento para que nada de mais grave acontecesse. Temos que nesses momentos preservar a vida e aplicar a lei. Nesse caso, preservamos a vida”, alegou.

Roberto informou que as equipes do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) estavam prontas para agir. “O foco era negociar, negociar e negociar. Foi o que o Dantas fez, até mesmo porque o bandido mostrou tolerância”.

Cronologia do cárcere

Do twitter de Luciano Clever (http://twitter.com/lucianoclever), com informações do repórter Wellington Marques, de Sobral.
14h. Comerciante é abordada pelo bandido e aciona a Polícia, que ocupa o local. Criminoso faz reféns dentro da casa.
15h. Seis viaturas do Ronda do Quarteirão em frente à casa, além da Polícia Civil e Militar.
17h. Filho da comerciante é libertado, após ter sido amarrado a um botijão de gás de cozinha pelo bandido, que ameaçava explodi-lo. Bandido afirma estar ferido. Babá está em prantos.
18h. bandido coloca botijão de gás em frente à casa e continua ameaça. Prefeitura cede Hilux para fuga, mas criminoso rejeita.
19h. Roda de autoridades, entre promotores e juízes discutem o caso. Chega o prefeito Leônidas Cristino, que acompanha as negociações.
20h. Chega o dono da casa que estava em Fortaleza, Evanildo Botelho. Em seguida, desembarca em um jatinho, o superintendente da Polícia Civil, Luiz Carlos Dantas.
20h30min. Imprensa é afastada do local. Estimava-se que a Polícia invada a casa, o que não aconteceu.
21h. Esposa e filha do bandido chegam ao local. Ele é ex-presidiário e havia sido libertado por bom comportamento pelo Mutirão Carcerário.
21h55. Diarista é libertada e levada para delegacia, onde nega participação no crime.
22h20. “Nego Diogo” sai no carro cedido pela Prefeitura, levando consigo a babá, o bebê de seis meses e o superintendente da Polícia Civil, Luiz Carlos Dantas, que dirigia o veículo. Seguiram rumo ao Piauí.
22h45. Após perseguição, o sequestrador é rendido por Dantas, capturado e levado ao hospital. De lá, foi encaminhado à Delegacia Regional de Sobral, onde foi autuado em flagrante por tentativa de homicídio, sequestro, lesão corporal e porte ilegal de armas.

penso eu: E nem foi preciso chamar a SWAT ou o FBI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário