Ibiapina, fotografado por mim em um trem para Cascais
CARNAVAL NÃO É NOSSA PRAIA
Wilson Ibiapina
Essa preocupação da Prefeitura de promover uma grande festa na praia
de Iracema, homenageando o compositor Fausto Nilo, é mais um esforço
que se faz no Ceará para atrair foliões para o carnaval. Essas
tentativas vêm de longe, mas o cearense parece que não leva a sério.
Pode olhar que sempre tem mais cearense fugindo da folia do que
brincando. Acho que só um estudo sociólogico para explicar essa
aversão. Em julho de 1859, desembarcaram no Ceará 14 camelos vindos
da Argélia. Não se adaptaram, faltou quem soubesse tomar conta. Os
animais que conseguiram se aclimatar, viraram atração turística.Foram
exibidos no carnaval, numa primeira tentativa para atrair folião.
Acharam inusitado, mas ninguém passou a gostar nem mais nem menos de
carnaval.Depois da segunda guerra, o médico Abner Brígido, o dr. Bié,
em um outro esforço para animar Fortaleza, alugou um caminhão,
contratou a Mimosa Orquestra, passou pelas pensões do centro
-Fascinação, Nena, América, Buate City – pegou as mulheres e rumou
para a rua Senador Pompeu. O caminhão que ostentava uma faixa que
dizia: “Ó que foe Galinha?”, inaugurava o corso de carros. Mas nem
mesmo o desfile das meninas com pouca roupa fez prosperar o carnaval
de rua. Não se motivaram. A prefeitura naquele tempo promovia o baile
municipal no Teatro José de Alencar. O dr. Bié, com roupa de mulher,
procurava incendiar o ânimo da moçada. Até hoje, os clubes tentam
com grande esforço manter acesa a chama da folia. Os jornalistas há
muito que ajudam. Criaram uma crônica especializada, divulgam os
festejos, vão aos bailes, criam eventos.. São esses cronistas que
escolhem o Rei e a Rainha. O jornalista Ciro Saraiva foi Cirão I e
Único. Deu vivas ao cão, clamou por Baco, mas a empolgação da cidade
não acompanhou o entusiasmo dele. Um fato relatado por Nirez
exemplifica bem o desinteresse dos fortalezenses pelo carnaval. O
pesquisador conta que um grupo de foliões, que voltava de um baile no
antigo Maguari, flagrou o Rei Momo às seis horas da manhã de uma
segunda feira de carnaval, de pijama, comprando pão numa padaria.
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