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Petistas defendem vaga para vice e Senado

Deu no Jornal O Estado

O Partido dos Trabalhadores do Ceará não ficou nada satisfeito com as declarações do deputado federal Eunício Oliveira (PMDB-CE) de que a legenda não tem tamanho suficiente para reivindicar duas vagas na chapa majoritária do governador Cid Gomes (PSB). Ontem, um dia após o parlamentar disparar a metralhadora, petistas revidaram e também mandaram recado: não abrem mão de ficar com os principais postos da coligação governista.
Eunício afirmou que os companheiros de base precisam escolher entre continuarem à frente da Vice-Governadoria ou lançarem-se na disputa ao Senado Federal. Hoje, Francisco Pinheiro é o vice-governador e, depois de meses de mistério, admitiu o desejo de permanecer no posto. Antes, especulava-se a possibilidade dele concorrer a uma das 46 cadeiras da Assembleia Legislativa. Já no tocante à senatória, o mais cotado é o ministro da Previdência Social, José Pimentel.

Em 2011, duas das três vagas da casa grande do Congresso Nacional serão renovadas. Entre Inácio Arruda (PCdoB), Patrícia Saboya (PDT) e Tasso Jereissati (PSDB), somente o comunista não precisa participar da briga pela reeleição. Eunício é o único candidato oficialmente apoiado por Cid Gomes.

DESELEGANTE
Na Assembleia Legislativa, algumas “trocas de gentilezas” marcaram a sessão de ontem. Artur Bruno (PT) taxou o deputado federal de “deselegante”, ironizou as declarações e afirmou que o parlamentar estaria sofrendo de stress político e pessoal. “Fui surpreendido. Quero, em nome do PT, lamentar profundamente as palavras do deputado”, alfinetou.

Bruno chegou a sugerir que Eunício se retrate publicamente com a militância petista. Do contrário, a relação entre os dois partidos pode ficar comprometida no que se refere às articulações em torno da reeleição do governador. “Espero até que ele peça desculpas por que retomemos o diálogo. Quero crer que não é dessa forma que o deputado Eunício conquistará o apoio do PT. Porque nós não temos responsabilidade, maturidade e equilíbrio para discutirmos com respeito a dignidade dos partidos?”, indagou.

Em revide à insinuação de que o PMDB seria mais robusto (em números de eleitos) para pleitear espaço na chapa, o deputado estadual seguiu a tática de ataque do federal. Utilizou-se de números: citou que seu partido é a maior agremiação do Estado no quantitativo de filiados, que comanda cerca de 40% das prefeituras cearenses e tem o presidente da República. “Não vou medir quem é mais ou menos importante, até por respeito ao PMDB”, assinalou.

TRABALHAR PARA MANTER
O líder do Governo na Casa, Nelson Martins (PT), também admitiu incômodo com a postura de Eunício. Ponderando que o presidente Lula encontrou muitas dificuldades no Congresso por conta da grande oposição, ele informou que a decisão do partido ter candidato próprio ao Senado foi tomada durante encontro do Diretório Estadual.

A orientação veio da Executiva Nacional. A ordem é participar da briga pelo Senado em todos os estados para ampliar ao máximo a base governista e, assim, facilitar a aprovação de matérias de interesse do Planalto. O pedido teria partido do próprio Lula. Por conta disso, não há possibilidade de retrocesso no tocante ao cenário cearense.

Contudo, Nelson pontuou que este tipo de demanda será tratada “no momento adequado”. Ou seja: após as definições sobre o quadro nacional. “Esse tipo de pressão é natural dentro de uma coligação, mas isso é uma unanimidade no PT hoje e o PT não vai abrir mão de maneira nenhuma. Vamos trabalhar para manter a vice e, ao mesmo tempo, um nome a senador. É um direito que o partido tem”, vaticinou.

AMEAÇA?
De pronto, um dos correligionários de Eunício Oliveira contestou as argumentações. Vice-líder do bloco PT-PSB-PMDB na Assembleia, Manoel de Castro (PMDB) lembrou do apoio dado ao PT, tanto em eleições majoritárias quanto em municipais. Como exemplo, apontou a coligação de 2008 em prol da recondução da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT). “Não fizemos exigências de cargos, justamente para não sermos acusados de fisiologistas”, tangenciou.
Castro garantiu que o desejo do partido – “e de Eunício” – é que as duas candidaturas (PMDB e PT) sejam viabilizadas. Descartou até qualquer ranço a José Pimentel e defendeu a tese de ampliação da participação do PMDB no Governo. “Todo partido quer aumentar seu espaço político. Nós também queremos. Por que o PMDB não pode ter a senatória e a vice-governadoria? Não tome isso como algo pessoal, mas nós, peemedebistas, já cedemos por demais pela vontade dos colegas. Queremos que vejam também o lado do PMDB”, retrucou.

Por fim, Manoel lembrou aos petistas dizendo que o PMDB é o partido com o maior tempo de TV e rádio do Estado e no País. Estimativas dão conta de que a legenda pode ter até 16% do total semanal de propaganda. Em segundo vem o PT, com 15%. Em terceiro, o PSDB, com 13%. “E isso vale muito e para muita gente”, considerou.

INDEFINIÇÃO
Já o líder do PCdoB, Lula Morais, não dá como certa a indicação de Pimentel como o segundo nome da base na corrida pelo Senado. Os comunistas ainda falam em colocar o deputado federal Chico Lopes na disputa pela sucessão. “Se acha que tem necessidade, que nome o PMDB se propõe? Temos que discutir. Precisamos definir isso muito claramente, porque só pode haver candidatura se houver consenso”, sinalizou.

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