Como este blog anunciou ainda pela manhã de ontem, a coisa foi feia no plenário da Assembleia Legislativa do Estado. No Jornal O Estado a história está contada assim:
Por Bruno de Castro
da Redação do Jornal O Estado
A decisão foi tomada em 7 de janeiro. Os reflexos dela, porém, só vieram a público ontem. E movimentaram quase toda a sessão da Assembleia Legislativa depois que o PSDB teceu críticas ao Governo do Estado por abrir quatro comportas do açude Castanhão. O plenário acabou transformando-se num verdadeiro ringue, onde tucanos e peemedebistas trocaram insultos e, digamos, adjetivos pra lá de peculiares.
Foi só Cirilo Pimenta (PSDB) (foto) tipificar a medida da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos (SRH) como “precipitada” que Carlomano Marques (PMDB) entrou em ação. Ele partiu em defesa do titular da SRH e seu correligionário, Sérgio Pinheiro. Pimenta argumentou que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) previu poucas chuvas para o Ceará este ano. Para o tucano, o ideal seria liberar a água quando a quadra invernosa fosse regularizada.
O nível das águas foi baixado em um metro. Isto equivale à liberação de 100 m³ por segundo e, conforme Cirilo, a grande vazão de água destruiu plantações e alagou pontos dos municípios de Tabuleiro do Norte, São João do Jaguaribe, Limoeiro do Norte, Itaiçaba, Russas e Aracati, regiões cortadas pelo rio Jaguaribe.
O DISCURSO PELO DISCURSO
Entretanto, Carlomano entendeu a discordância do parlamentar como oportunismo eleitoreiro. Pimenta está sendo cotado dentro do PSDB para ser lançado como candidato a governador na sucessão deste ano. “O que vejo é Vossa Excelência usando a tribuna para se promover. A disputa de Vossa Excelência não pode ser do discurso pelo discurso”, alfinetou.
O revide foi imediato. Mas não veio de Cirilo. O segundo secretário da Casa, Fernando Hugo (PSDB), foi quem partiu em defesa do colega. E tocou numa ferida do peemedebista. “Vossa Excelência é um boca de aluguel”, atacou. Marques bem que tentou uma tréplica, mas foi interrompido por Ely Aguiar (PSDC), que comandava os trabalhos e ordenou o corte do som do microfone do deputado.
Da bancada, Carlomano esbravejava, pedia som e dizia, com o indicador levantado: “me aguarde...me aguarde”. A indisposição era tão grande que foi preciso o presidente da Casa, Domingos Filho (PMDB), descer do seu gabinete no segundo andar para tentar acalmar os ânimos falando em serenidade e prudência. “Essa é uma Casa do contraditório e precisamos procurar construir o consenso. Quando não der, temos que respeitar os resultados. Respeitem suas trajetórias populares”, apelou.
SE CANTA LÁ, CANTO CÁ
Mas não teve jeito. A troca de farpas se estendeu pelo segundo expediente, com Carlomano Marques afirmando que o tucano vale-se de um discurso de achincalhamento. A Fernando Hugo, mais ironias e a pecha de que, durante o mandato de Ciro Gomes no Palácio Iracema, o tucano chegou a ser chamado de puxa saco pelo próprio governador. “Não sou boca de aluguel, não! Nunca fui. Se Vossa Excelência passou 20 anos com todas as regalias e mamando no úbero gordo do Governo e, agora, está com fome e zangado, não descarregue em mim. Não estou aqui para dar pancada em ninguém. Mas, se receber, devolvo na mesma intensidade ou maior. Se canta lá, eu canto cá”, provocou.
Hugo, por sua vez, também não deixou as ironias de lado e utilizou-se dos neologismos de sempre para revidar. Acusou o opositor de baixar o nível do debate e ir à Assembleia somente para ferir os colegas. “Vem só para vilipendiar. Graças a Deus que não é por muito tempo por causa do excesso de licenças. E eu sei o que é boca de aluguel. Aliás...essa frase não é minha. É de repetição continuada aqui dentro. Essa de “canta lá que eu canto cá”, deixe para terreiro de ponta de rua”, rebateu.
O parlamentar minimizou ainda a ameaça “me aguarde...me aguarde”. “Estou aqui há 20 anos. Eu não tenho medo do raio da silibrina, quanto mais de outras pessoas. E, além de tudo, boca que muito promete, pouco faz”, tangenciou.
ZOOLÓGICO?
Mesmo sendo o protagonista inicial do embate, Cirilo Pimenta mais assistiu ao confronto do que se contrapôs ao peemedebista. No entanto, Marques ganhou reforço de Manoel de Castro (PMDB), que chegou a comparar os tucanos a porcos. “Numa carrada de bacurins, só reclama quem está por baixo”, assinalou, aos risos.
A partir daí, os adjetivos não pararam. Carlomano desqualificou o PSDB de cancão de fogo e galo mutuca. “Aquele que canta, canta, canta; cisca, cisca, cisca e corre”, explicou, dando a Fernando Hugo a deixa para mais uma estocada: “essa é uma Casa dos bons debates. Não vou acanalhá-la como pessoas que passam pouco tempo aqui e sujam mais do que gado solto na várzea”.
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