
Ely Aguiar
As declarações do deputado federal Ciro Gomes (PSDB) à TV Brasil no último dia 24, de que o ex-ministro José Dirceu está percorrendo vários estados brasileiros fazendo ameaças aos governadores, gerou grande contenda na sessão plenária de ontem da Assembleia Legislativa. Parlamentares caíram em cima do articulador petista no que diz respeito à pressão que ele estaria fazendo com os governadores, caso eles não apóiem a candidata do PT à Presidência, ministra Dilma Rousseff.
O deputado Ely Aguiar (PSDC), que abriu a discussão, disse que o que José Dirceu está querendo é pressionar Ciro e fazê-lo desistir de sua candidatura. “Isso é jogo sujo e baixo porque todos têm direito de pleitear uma eleição, sem ameaças”. O parlamentar enfatizou que as ameaças citadas por Ciro na entrevista dizem respeito à conversa que José Dirceu teve com seu irmão, o governador do Estado, Cid Gomes (PSB) e, também, com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). “Dirceu nunca saiu do PT, em todas as articulações ele é o cabeça”.
Ely disse também não compreender como é que o ex-ministro pode estar em liberdade depois de cometer tantos crimes. Afirmando que José Dirceu segue ativo na corrupção, Ely citou denúncias contra o ex-ministro que já foram publicadas na imprensa. “Só para refrescar a memória, devemos lembrar que o Supremo Tribunal Federal condenou 40 mensaleiros, entre eles José Dirceu, que foi acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha. Só por isso, ele já deveria estar na cadeia”. Ely mencionou ainda reportagens que denunciam o envolvimento de José Dirceu na compra de favorecimento político no Congresso Nacional.
Na mesma linha
O deputado Fernando Hugo (PSDB) concordou com Ely sobre o fato de José Dirceu permanecer no comando do Partido dos Trabalhadores. De acordo com ele, “é esse o PT que está disponível. Um PT corrupto e enganador.” Hugo declarou também que a entrevista de Ciro Gomes deveria ser vistoriada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TRE). “Nem o IPPS e nem o IPPO quer o José Dirceu”.
Moésio Loiola (PSDB) afirmou que Ciro Gomes, ao anunciar sua candidatura, “colocou todos os petistas para escanteio”. Segundo o deputado, Ciro tem guardado respeito apenas pelo presidente Lula. “Ele não quis aceitar o sapato que o PT quis colocar no pé dele”, disse, referindo-se à possível candidatura de Ciro Gomes ao governo de São Paulo.
Já o deputado Artur Bruno (PT) declarou que Ciro errou em todas as suas teses a respeito da conjuntura eleitoral, como a de que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), ia desistir de sua candidatura presidencial e também que Dilma não ia crescer nas intenções de voto. “Ciro tem viajado muito, não tem participado das reuniões, é um deputado muito ausente na Câmara Federal. Ele está sozinho e tenta encontrar motivo para não ser candidato e quer botar a culpa no PT”.
Em defesa de Ciro, Sérgio Aguiar (PSB) disse que não é só com presença em Plenário que se faz política. Para o deputado, Ciro não faltou com a verdade sobre a visita de José Dirceu a Cid Gomes. “Como homem público, ele não joga conversas fúteis fora e tem lutado com todas as forças para colocar seu nome na disputa presidencial”.
SEM MOTIVO PARA RECLAMAR
Em entrevista ao jornal O Estado, na manhã de ontem, o deputado federal petista José Nobre Guimarães minimizou as críticas de Ciro. “O PT trata o PSB do Ceará muito bem, não tendo motivo para nenhum socialista reclamar do nosso partido sobre consideração e até mesmo dedicação”. Guimarães foi cuidadoso: “Eu prefiro não polemizar com o Ciro, porque nós (os petistas) temos muita admiração por ele e parece que ele não percebe isso”.
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