(Do Jornal O Estado)
Jeitinho brasileiro não garante a Copa no Brasil
Gony Arruda diz que importância do torneio não está sendo levada a sério
A mesma afobação da Copa da África do Sul corre o risco de se repetir no Brasil, até 2014. A advertência de um possível plano B da Fifa veio estampada nas páginas da revista Veja dessa semana. Segundo a reportagem, a Inglaterra é sugerida como alternativa para sediar o torneio. A revelação deve-se ao fato de que o Brasil não iniciou ainda nenhuma das suas obras e está completamente atrasado nos compromissos assumidos com a Fifa. A quatro anos do início do campeonato, a única realização concreta, por ora, foi a escolha das doze cidades-sede. E nem isso está devidamente definido.
Com estádios novos e modernos, a Inglaterra tem pelo menos três arenas para abrigar os jogos mais importantes. Wembley, a principal delas, tem capacidade para 90.000 torcedores. Por estarem em fase de preparação para a Olimpíada de 2012, os ingleses já contam com toda a estrutura para receber os turistas. Os estádios foram, inclusive, inspecionados e aprovados por uma comissão formada pela entidade que administra o futebol inglês.
O deputado Gony Arruda (PSDB), presidente da Frente Parlamentar em Defesa de Fortaleza como subsede da Copa de 2014, disse ontem que este é um assunto que vem tratando desde 2006, na Assembleia Legislativa, e vem alertando, desde então, que não se fará copa com o “jeitinho brasileiro”. Conforme Arruda, é necessário o fiel cumprimento do cronograma, o que não tem acontecido. “As obras de infraestrutura não começaram e os estádios só existem nas maquetes”, lamentou, destacando a questão da mobilidade urbana, aeroportos, Metrofor, etc.
Audiência Pública
O parlamentar informou que, nos dias 20 e 21 de maio, a Frente Parlamentar fará audiência pública com o Senado, a fim de debater os impasses e as soluções para correr atrás do prejuízo, uma vez que, pelo cronograma imposto pela Fifa, os estádios já deveriam estar sendo construídos desde janeiro passado. A audiência contará com a presença do ministro dos Esportes, Orlando Silva. “Não estão levando a sério a importância do evento no país e principalmente no Ceará. É mais do que um evento futebolístico. É a transformação das cidades, o progresso econômico, visibilidade mundial”, destacou Arruda. Segundo o tucano, a Copa do Mundo não sairá do papel sem dinheiro público.
De acordo com a matéria publica pela Veja, a Fifa, preocupada com o descumprimento do Brasil na realização das obras, enviou um alerta ao governo sobre a existência de um plano de contingência. Se o Brasil continuar descumprindo as metas e os prazos estabelecidos pela entidade, a Inglaterra já estará pronta e preparada para receber a copa de 2014. Gony Arruda disse que não ficou surpreso com o anúncio da Fifa, acrescentando que espera que os organizadores despertem para o que podem perder e o que isso pode acarretar.
Estratégia de pressão
Especula-se que a revelação funciona como estratégia de pressão, tendo em vista que a mesma tática foi utilizada para acelerar os preparativos na África do Sul, em 2008, dois anos antes do primeiro jogo, quando também foram constatados atrasos no cronograma de obras. Naquela ocasião, a Alemanha aparecia como alternativa. Hoje, a África está pronta para realizar o mundial.
Conforme a revista Veja, o Brasil tem uma economia cinco vezes maior que a do país africano; mesmo assim, continua muito aquém das expectativas da Fifa. Para não dizer que tudo se encontra no marco zero, Mato Grosso é o exemplo de agilidade. Já começou a erguer os tapumes do canteiro de obras do futuro estádio. Tem ainda quem acredite que o torneio nada mais é do que uma peça importante de promoção de políticos junto ao eleitorado.
“Os governadores só vão encarar a Copa como problema deles depois da eleição”, disse um técnico ligado ao comitê organizador do Mundial.
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