Cerca de 25 mil eleitores de Eusébio votaram ontem por meio de urnas biométricas. Foram instaladas 91 máquinas desse tipo no município, o único do Estado onde o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Ceará testou a nova tecnologia, que identifica o eleitor por meio de sua impressão digital. Das 91, apenas duas urnas biométricas apresentaram defeito.
A dona de casa Inês Souza da Silva, 58 anos, aprovou o novo sistema. “Achei fácil. É muito mais prático”, disse ela, que havia chegado à escola de ensino fundamental Neusa de Freitas Sá, no centro de Eusébio, por volta das 8h30 e, depois de mais de duas horas na fila, resolvera tentar novamente à tarde, quando teve de esperar quase uma hora para finalmente votar.
Tecnologia atrapalha
A adoção da tecnologia parece não ter contribuído para a rapidez do processo. Eram longas as filas no interior da escola, por onde passaram mais de dois mil eleitores das 8 horas às 17 horas, quando os portões foram fechados e dezenas de pessoas ainda não haviam votado. Segundo Liane Macedo, técnica judiciária da 66ª zona eleitoral (Aquiraz e Eusébio), a lentidão não teve relação com o uso da biometria, mas sim com a falta de prática de muitos eleitores com a votação eletrônica.
“Muita gente ainda não saber usar a máquina. Tem eleitor, por exemplo, que digita só metade dos votos e esquece o resto”, lamenta a técnica. Além disso, ela acrescenta, o fato de serem cinco votos (deputado estadual, federal, governador, dois senadores e presidente) agravou o problema.
A equipe do jornal O Estado presenciou a falta de traquejo de alguns eleitores diante da urna eletrônica. Mais de três minutos se passaram para que uma senhora digitasse os números dos seis candidatos. Os mesários tratavam de indicar o caminho: “A senhora tem que confirmar”, explicou um; “a senhora se esqueceu de apertar o verdinho”, complementou outro. A eleitora se preparava para ir embora quando veio o aviso final: “Ainda falta um candidato, senhora”.
As filas e a demora poderiam ter sido ainda maiores. Aproximadamente 7.500 eleitores de Eusébio tiveram o título cancelado e não votaram ontem, por não terem cadastrado seus dados no sistema biométrico no fim do ano passado, quando da convocação do TRE.
No último dia 21 de agosto, o tribunal promoveu uma eleição simulada no município, com o objetivo de testar a nova tecnologia, além de todos os sistemas informatizados, como transmissão de dados, infraestrutura, voto em trânsito etc. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, a identificação biométrica foi utilizada em 60 municípios brasileiros, e 93% dos eleitores foram identificados com sucesso. A expectativa do TSE é que o sistema seja empregado em todo o Brasil nos próximos oito anos.
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