Muitas crianças tiveram um momento de alegria e descontração durante as comemorações do dia delas, celebrado ontem. Entretanto, andando pelas ruas de Fortaleza, foi possível observar uma realidade completamente diferente. Nos sinais e cruzamentos da cidade, dezenas de crianças disputavam lugares com os carros na busca de conseguir presentes, dinheiro ou qualquer tipo de agrado. Para esses jovens, o Dia das Crianças é encarado como mais um período de trabalho árduo nas ruas e menos uma oportunidade de brincar e estudar.
No sinal do cruzamento das avenidas Aguanambi e Borges de Melo, a doméstica desempregada Antônia Silvia de Souza estava com uma sacola cheia de presentes que angariou com suas duas filhas, de 10 e 12 anos, respectivamente. Segundo ela, a rotina de pedinte nos sinais só é realizada no Dia das Crianças e véspera de Natal.
“Infelizmente, estou desempregada e não posso dar os presentes que minhas filhas querem. Meu marido está com diabetes e não pode trabalhar. Sou eu que tenho que conseguir o sustento da casa. Não coloco minhas filhas para pedir no sinal. Elas ficam sentadas na calçada comigo e são as pessoas que chegam para nos oferecer os brinquedos”, explicou Antônia.
A filha mais nova fez questão de mostrar para a equipe do jornal O Estado o que já tinha conseguido no sinal. Bolas, roupas e brinquedos lotavam a sacola branca que era guardada com cuidado na calçada. A garota ainda conseguiu apurar cerca de R$ 24, que será usado para pagar as contas atrasadas de luz e água. “Eu estudo e não falto as aulas. Adoro a escola, mas, infelizmente, não temos dinheiro para comprar o que queremos. Meu maior sonho é ter um quarto decorado com as fotos do Justin Bieber [cantor americano adolescente]”, salientou a garota.
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