Festa do PT - Militantes tomam avenida


Por Bruno Pontes
Da Redação do Jornal O Estado

Antes das 18h de ontem, já eram muitos os eleitores de Dilma Rousseff (PT) na Avenida da Universidade, bairro Benfica, tradicional corredor vermelho. Por conta da aglomeração, a polícia montou barreiras nos cruzamentos daquela avenida com a Domingos Olímpio e com a rua Juvenal Galeno. Por volta das 20h, quando já havia saído o resultado, a massa petista se estendia pela maior parte do asfalto. Dançando e cantando em torno de um trio elétrico, os eleitores estampavam nas vestes e nas bandeiras a repulsa ao candidato tucano. Naquela confraternização, tão ou mais visíveis que os adesivos de Dilma eram os que imitavam o clamor da criança petista: “Serra não, mamãe”.

Questionada sobre o adesivo de teor infantil, a professora Maria Clotilde, 48 anos, explicou: “É que o Brasil não podia voltar ao passado. Já era hora de uma mulher na Presidência. Já elegemos um metalúrgico, agora é a vez da mulher”. Ela falava e o marido assentia, balançando o crânio.

Já o estudante Anderson Cavalcante, 19, destoava da maioria ali reunida ao afirmar que havia comparecido, com amigos, mais para aproveitar o momento e beber algumas cervejas do que para brindar à conquista partidária. “Rapaz, eu votei nela [Dilma], mas tô aqui mais pela curtição”. A previsão era que a folia seguisse até a meia-noite.

TRANQUILIDADE
A eleição de ontem transcorreu num clima de “tranquilidade total”, como avaliou o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Ceará, desembargador Luiz Gerardo Brígido. Ontem à tarde, na sede do tribunal, ele reuniu os juízes que atuaram nesse processo eleitoral para apresentar um balanço do domingo de pleito no Estado. “A primeira observação que faço é ninguém viu clima de eleição”, disse Brígido. Para o desembargador, dois motivos de peso concorreram para esse quadro de desânimo e evasão eleitoral: o feriado prolongado e o nível das campanhas de José Serra e Dilma Rousseff. “A forma como os candidatos conduziram a campanha, a meu ver, foi infeliz e não motivou os eleitores. O povo não quer mais saber de agressão, quer saber de propostas concretas”, avaliou Brígido.

O presidente do TRE previu que a abstenção poderia exceder 30%, superando a média histórica registrada no Ceará e no Brasil, que varia de 17 a 26%. Como resultado, praticamente não se viu filas nas sessões eleitorais. Em todo o País, a taxa de abstenção foi de mais de 28 milhões de votos, que, somados aos votos brancos e nulos, chega-se a 35 milhões de votos cujos destinos não foram a nenhum dos dois candidatos.

EXPECTATIVA
No pronunciamento aos colegas da Justiça Eleitoral, Brígido expressou expectativas quanto à postura do candidato que se consagraria vencedor dali a algumas horas. “Vamos torcer para que o eleito compreenda que não é o dono do povo, ele é um servidor do povo e em nome dele exerce o poder”. Sem citar nomes ou partidos, o presidente do TRE criticou as iniciativas que visam pôr os meios de comunicação sob a tutela do Estado, apresentadas por parlamentares do PT no Ceará e em outros estados, segundo orientação do governo federal. “Que o eleito cumpra a Constituição e acabe com essa mania de querer cercear a imprensa, não tente fazer disso aqui a Venezuela”, finalizou.

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