THATIANY NASCIMENTO
Da Redação
“Eu vinha aqui com minha avó, ela que me trazia, isso ha mais de 20 anos. Sempre que me consultava ela dizia, ‘vai na Oswaldo Cruz’”, lembrou a técnica de enfermagem Catarina Salgado. Abrigada em um dos prédios mais tradicionais da Capital, a farmácia, que integra o imaginário cultural fortalezense, corre o risco de fechar. A família proprietária do imóvel registrou em cartório uma notificação extra-judicial que requer a desocupação voluntária do prédio.
O endereço é certo. E o fortalezense assegura. São 76 anos de tradição e quem entra na farmácia, localizada próxima à Praça do Ferreira, parece respirar um pouco da história da Cidade. A balança antiga, os móveis, a arquitetura e o atendimento no balcão remetem ao passado, mas que ainda está presente.
Conforme a representante da família que mantém o estabelecimento, Fátima Ciarlini, a notificação enche de receio aqueles que há anos mantêm a tradição do patriarca, Edgard Rodrigues de Paula, fundador da farmácia. “Aqui tem a vida de meu pai. Aqui é uma empresa familiar, que está na terceira geração. Nossos funcionários são de toda uma vida. É diferente das grandes redes, temos uma clientela familiar. Mas agora estamos com esssa ameaça”, declarou.
Da Redação
“Eu vinha aqui com minha avó, ela que me trazia, isso ha mais de 20 anos. Sempre que me consultava ela dizia, ‘vai na Oswaldo Cruz’”, lembrou a técnica de enfermagem Catarina Salgado. Abrigada em um dos prédios mais tradicionais da Capital, a farmácia, que integra o imaginário cultural fortalezense, corre o risco de fechar. A família proprietária do imóvel registrou em cartório uma notificação extra-judicial que requer a desocupação voluntária do prédio.
O endereço é certo. E o fortalezense assegura. São 76 anos de tradição e quem entra na farmácia, localizada próxima à Praça do Ferreira, parece respirar um pouco da história da Cidade. A balança antiga, os móveis, a arquitetura e o atendimento no balcão remetem ao passado, mas que ainda está presente.
Conforme a representante da família que mantém o estabelecimento, Fátima Ciarlini, a notificação enche de receio aqueles que há anos mantêm a tradição do patriarca, Edgard Rodrigues de Paula, fundador da farmácia. “Aqui tem a vida de meu pai. Aqui é uma empresa familiar, que está na terceira geração. Nossos funcionários são de toda uma vida. É diferente das grandes redes, temos uma clientela familiar. Mas agora estamos com esssa ameaça”, declarou.
ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA
Segundo o advogado representante da farmácia, Eduardo Pragmácio, a notificação é devido à recusa da família Rodrigues de Paula em pagar um valor abusivo de aluguel. De acordo com ele, as proprietárias do bem, há três meses, teriam proposto o aumento do valor da locação. A proposta constava de um incremento de 20.000 ao valor pago atualmente. O aluguel passaria de 10.800 para 30.800, ou seja, aproximadamente 300% de aumento.
Configurada a recusa, este mês, eis a surpresa do risco de despejo. Em décadas de funciomamento, a drogaria está ameaçada de desapropriação. “Foi dado o prazo de 30 dias para retirada, sob pena de despejo”, explicou o advogado.
E é essa infeliz situação, que faz seu José Aderson Tavares, atendente da farmácia, marejar os olhos e tremer a voz ao falar da possibilidade de saída. São mais de quatro décadas trabalhando no mesmo balcão, das 7h30min as 19h. Ele orgulha-se em dizer que conhece a história do local. “Isso é simplesmente uma especulação imóbiliaria”, indigna-se o trabalhor, que enquanto concedia a entrevista, acenava para clientes.
A clientela, segundo Aderson, é muito fiel, e embora muitos pensem ser constituída por pessoas mais velhas, ele destaca que “todo mundo compra aqui”. Oferecer itens que outras farmácias não dispõem é também um diferencial. “Eu diria que a farmácia já deu uma contribuição muito grande. O povo diz que a farmácia faz manipulação que já curou essa Cidade inúmeras vezes”, afirmou.
Os advogados do estabelecimento deram entrada em medida judicial que tenta coibir o abuso e busca a permanência dos donos da farmácia no local. Para Eduardo, é a guerra da especulação contra patrimônio histórico, cultural e artístico. A equipe do jornal O Estado tentou entrar em contato com a empresa Fiducial, responsável pela administração do imóvel, porém, não obteve êxito.
Enquanto segue a questão, o fortalezense vivencia o impasse, que pela importância do patrimônio ultrapassa o território familiar e financeiro. A discussão ganha terreno cultural e social, de relevância a milhares de fortalezenses.
Segundo o advogado representante da farmácia, Eduardo Pragmácio, a notificação é devido à recusa da família Rodrigues de Paula em pagar um valor abusivo de aluguel. De acordo com ele, as proprietárias do bem, há três meses, teriam proposto o aumento do valor da locação. A proposta constava de um incremento de 20.000 ao valor pago atualmente. O aluguel passaria de 10.800 para 30.800, ou seja, aproximadamente 300% de aumento.
Configurada a recusa, este mês, eis a surpresa do risco de despejo. Em décadas de funciomamento, a drogaria está ameaçada de desapropriação. “Foi dado o prazo de 30 dias para retirada, sob pena de despejo”, explicou o advogado.
E é essa infeliz situação, que faz seu José Aderson Tavares, atendente da farmácia, marejar os olhos e tremer a voz ao falar da possibilidade de saída. São mais de quatro décadas trabalhando no mesmo balcão, das 7h30min as 19h. Ele orgulha-se em dizer que conhece a história do local. “Isso é simplesmente uma especulação imóbiliaria”, indigna-se o trabalhor, que enquanto concedia a entrevista, acenava para clientes.
A clientela, segundo Aderson, é muito fiel, e embora muitos pensem ser constituída por pessoas mais velhas, ele destaca que “todo mundo compra aqui”. Oferecer itens que outras farmácias não dispõem é também um diferencial. “Eu diria que a farmácia já deu uma contribuição muito grande. O povo diz que a farmácia faz manipulação que já curou essa Cidade inúmeras vezes”, afirmou.
Os advogados do estabelecimento deram entrada em medida judicial que tenta coibir o abuso e busca a permanência dos donos da farmácia no local. Para Eduardo, é a guerra da especulação contra patrimônio histórico, cultural e artístico. A equipe do jornal O Estado tentou entrar em contato com a empresa Fiducial, responsável pela administração do imóvel, porém, não obteve êxito.
Enquanto segue a questão, o fortalezense vivencia o impasse, que pela importância do patrimônio ultrapassa o território familiar e financeiro. A discussão ganha terreno cultural e social, de relevância a milhares de fortalezenses.
PROCESSO DE
TOMBAMENTO
Em agosto deste ano, o historiador Miguel Ângelo de Azevedo, conhecido como Nirez, entrou com o pedido de tombamento do imóvel junto à Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor) . O pedido foi analisado pela Coordenadoria de Patrimônio Histórico Cultural do orgão, que emitiu um parecer favorável à solicitação.
De lá o pedido seguiu para o Conselho de Patrimônio Histórico Cultural do Municipio, que deverá emitir um parecer no dia 6 de dezembro. Logo após a manifestção do historiador, os proprietários do imóvel entraram com um pedido de impugnação do tombamento. A justificativa é que o imóvel perderá seu valor venal, caso seja considerado um patrimônio. O Conselho também deverá dar resposta ao pedido na proxima reunião (dia 6). Para a coordenadora de Patrimônio do orgão municipal, Clélia Monastério, o que deve ser levado em conta sempre é o valor material que nunca está descolado do material.
TOMBAMENTO
Em agosto deste ano, o historiador Miguel Ângelo de Azevedo, conhecido como Nirez, entrou com o pedido de tombamento do imóvel junto à Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor) . O pedido foi analisado pela Coordenadoria de Patrimônio Histórico Cultural do orgão, que emitiu um parecer favorável à solicitação.
De lá o pedido seguiu para o Conselho de Patrimônio Histórico Cultural do Municipio, que deverá emitir um parecer no dia 6 de dezembro. Logo após a manifestção do historiador, os proprietários do imóvel entraram com um pedido de impugnação do tombamento. A justificativa é que o imóvel perderá seu valor venal, caso seja considerado um patrimônio. O Conselho também deverá dar resposta ao pedido na proxima reunião (dia 6). Para a coordenadora de Patrimônio do orgão municipal, Clélia Monastério, o que deve ser levado em conta sempre é o valor material que nunca está descolado do material.

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