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PDT "surpreso" com decisão do caso Lupi


Membros da Executiva do PDT se disseram “surpresos” com a decisão da Comissão de Ética da Presidência, que recomenda a exoneração do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, do cargo. A decisão foi tomada por unanimidade em reunião na última quarta-feira. “A Comissão entendeu que ele não tinha explicado a base das acusações, que era a série de convênios irregulares firmados com pessoas do seu partido”, afirmou Sepúlveda Pertence, presidente da Comissão. Esta é a segunda vez que a Comissão sugere a exoneração do ministro.
O presidente interino do PDT, deputado federal André Figueiredo (CE), afirmou que a Comissão poderia ter ouvido pessoalmente as explicações do ministro. “Foi uma decisão pesada, todo mundo ficou surpreso”, disse. Figueiredo disse ainda que cabe à presidente Dilma Rousseff acatar ou não o pedido e defende que, se Lupi for demitido, o PDT não indique substituto. “Um novo nome não está em discussão”, ressaltou.
Dilma, entretanto, se reuniu com Lupi, na manhã de ontem, antes de viajar para Caracas, na Venezuela, para cobrar explicações sobre o duplo emprego público, em 2007, e aproveitou para tratar ainda da sugestão feita pela Comissão de Ética Pública da Presidência de exonerar o pedetista do cargo. Dilma, porém, solicitou ao grupo os detalhes que embasaram a decisão tomada pelo colegiado e manteve o ministro no cargo. Lupi, por sua vez, deve recorrer da decisão do conselho.
SÓ 2012
Diante dos questionamentos, o presidente da Comissão, Sepúlveda Pertence, afirmou que um eventual reexame da decisão que recomendou a exoneração do ministro só no ano que vem. Ele, no entanto, evitou polemizar a decisão de Dilma de não acatar de imediato a decisão. “A Comissão tem um poder excepcional e relativo”, afirmou.
Relatora do caso, a conselheira Marília Muricy reafirmou sua convicção em relação à responsabilidade de Carlos Lupi, mas também negou desconforto ou frustração com a possibilidade de revisão do caso. “Essa situação faz parte do jogo institucional. Alguém que é atingido se considera carecedor de outro tratamento e vai à luta”, afirmou. Ela também negou que a Comissão tenha queimado etapas na análise sobre o caso de Lupi. Em outros casos, como o dos ex-ministros da Casa Civil Antônio Palocci e Erenice Guerra, as decisões demoraram meses.
IMPROBIDADE
Para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a manifestação da Comissão de Ética da Presidência sobre a demissão imediata do ministro Carlos Lupi é “extremamente relevante”. “Seja pela qualidade dos seus componentes, pela isenção e pela prudência com que ela sempre tenha atuado”, afirmou Gurgel, dizendo que toma “na mais alta conta essa deliberação”.
Ele também disse que mandará cópia das representações que chegaram contra Lupi na PGR (Procuradoria Geral da República) para a primeira instância do Ministério Público, para que seja examinada a possibilidade de ter ocorrido a prática de improbidade administrativa no Ministério do Trabalho.

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