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JOSÉ CRUZ / AGÊNCIA BRASIL
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves (foto), condicionou a saída do diretor-geral do Dnocs à comprovação das denúncias


PMDB contesta relatório da CGU sobreo DNOCS


Partido afirma que Elias Fernandes só sai do cargo se irregularidades no departamento forem comprovadas

Fortaleza. A divulgação de relatório da Controladoria Geral da União (CGU) apontando irregularidades de R$ 312 milhões no Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) provocou reação imediata de integrantes do PMDB, partido responsável pela indicação do diretor-geral do órgão, Elias Fernandes, e do ex-diretor administrativo e financeiro, Albert Gradvohl, exonerado na última sexta-feira.

Segundo o deputado federal, Danilo Forte (PMDB-CE), o partido questiona as acusações. "Falei com o líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves (RN), e ele pediu uma prova concreta das denúncias. Estamos questionando a veracidade do relatório da CGU",explica o parlamentar.

O deputado informa que está agendada, para fevereiro, uma reunião com toda a cúpula do PMDB para tentar reverter a crise no Dnocs e "resgatar" os cargos do partido. Forte disse ter se assustado com "a violência" com que foi feita a exoneração de Gradvhol.

A posição dos parlamentares é de esperar o julgamento do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre atuação do Dnocs.

Ontem, Henrique Alves condicionou, pelo Twitter, a saída de Elias Fernandes, seu afilhado político, à comprovação de irregularidades no Dnocs. Ele argumentou que é preciso a palavra final do TCU. "Aguardo sereno o julgamento do TCU sobre atuação do Dnocs. Apenas isso", postou no microblog. "A CGU é um órgão de assessoramento do governo que respeito. Mas pode se equivocar também. Vamos às provas", completou.

A reunião prevista para ontem entre o ministro da Integração, Fernando Bezerra, e o diretor-geral do Dnocs foi adiada para hoje, às 9h. Segundo a assessoria do Ministério, o encontro trata-se de uma reunião de rotina e foi adiado devido a atrasos na agenda do ministro.

Mudanças
Na última terça-feira, Fernando Bezerra afirmou que vai fazer, em fevereiro, mudanças no comando do Dnocs, conforme o Diário do Nordeste noticiou na edição de ontem. A declaração pode representar a saída de Elias Fernandes do cargo.

Em meio ao fogo cruzado, o Dnocs divulgou nota, ontem à tarde, eximindo-se de culpas e questionando o relatório que, segundo o texto, contabiliza como supostos desvios, projetos "que sequer saíram do papel". O documento traz as mesmas justificativas que o diretor-geral do Dnocs, Elias Fernandes, já havia apresentado na terça-feira.

O "padrinho" político de Gradvohl, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), foi procurado pela reportagem para repercutir o fato, mas preferiu não se pronunciar sobre o caso.

A CGU afirmou que não irá rebater as críticas do PMDB, pois o teor do documento seria claro.

Gradvohl diz ter sido usado
Fortaleza O ex-diretor administrativo e financeiro do Dnocs, Albert Gradvohl, não crê que a sua demissão, às vésperas da apresentação das denúncias de irregularidades no órgão, tenha sido mera coincidência. Ele se diz usado como "bucha de canhão" no conflito político entre a CGU, a Presidência e o Dnocs.

"Eu só respondo pela minha diretoria, onde eu estava. Todas as denúncias são de total responsabilidade da diretoria de infraestrutura hídrica. Tenho até um parecer da Procuradoria Federal me eximindo de culpa. Não tinha poder de pagar ninguém, nunca autorizei nada", comenta o ex-diretor.

Gradvohl se refere aos R$ 119,7 milhões em pagamentos de complemento salarial dado aos servidores do Dnocs, considerados indevidos pela CGU.

O ex-diretor conta ainda que se sentiu muito angustiado no fim de semana ao ver seu nome envolvido no que chamou de "falcatrua". Pedindo apoio da base do PMDB, Gradvhol ainda guarda esperanças de que a sua exoneração seja revertida e o impasse minimizado pelo partido.

Questionado sobre a postura do atual diretor, ele preferiu não comentar; apenas disse que mais importante que cargos era a sua dignidade.

A CGU aponta irregularidades de R$ 312 milhões no Dnocs, em obras e gestão de pessoal, além de possível favorecimento ao Rio Grande do Norte, estado de Elias Fernandes.

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