Demóstenes Torres, "o coerente".


Criada nesta quinta (19), a partir da leitura do seu requerimento de constituição em sessão do Congresso Nacional, a CPI do Cachoeira contou com o inédito e expressive apoio de 72 senadores e 337 deputados.
No rol de assinaturas, uma ausência notável. O senador Demóstenes Torres, signatário de todo e qualquer pedido de CPIs, não rubricou a peça. Autoconvertido em ex-Demóstenes, ele tentou explicar o não-gesto.
“Não faço falso heroísmo. A vida toda fui coerente. Assinar, qual seria a razão? Falso heroísmo?” Curioso. Numa fase em que o escândalo ainda engatinhava, Demóstenes discursara no plenário do Senado.
Deu-se em 6 de março. Depois de dizer que nada tinha com os negócios escusos de Carlinhos Cachoeira, o senador bradara, em timbre heróico: “Podem grampear à vontade, não vão encontrar nada. Isso não vai me intimidar”.
Completou: “Agora, eu é que exijo ser investigado, na forma legal, pelo foro adequado, o previsto na Constituição da República: o Supremo Tribunal Federal. Minha vida sempre foi um livro aberto. E continuará sendo.”
Quer dizer: o ex-Demóstenes desonra Demóstenes ao dizer: “A vida toda fui coerente.” Ora, se coerente fosse, seria o signatário número um do pedido de CPI. Não rubricou porque a condição de herói não orna com a de investigado. Ponto.

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