Por Carlos Chagas
Quando
condenados, um traficante, um seqüestrador, um assassino e até um
ladrão de galinha saem da sala do juiz ou do júri diretamente para a
cadeia, se lá não estavam antes, presos preventivamente. Assim dispõe a
lei.
A condenação
final dos mensaleiros será conhecida no final deste mês, no máximo nos
primeiros dias de novembro. Seus advogados, porém, calculam que só em
meados do próximo ano entrarão nas penitenciárias aqueles que tiverem
sido sentenciados a prisão fechada e, em alguns casos, prisão aberta,
quando só precisarão dormir atrás das grades.
O rito, para
os réus de colarinho banco, é demorado. Depois das condenações, os
ministros do Supremo Tribunal Federal se reunirão para a chamada
dosimetria, ou seja, a fixação das penas para cada um dos condenados,
pelo diversos crimes em que tiverem incorrido. Trabalho longo, quando
onze ou dez decisões sobre 36 réus serão expostas, cotejadas, somadas e
submetidas à média afinal definida pelo plenário.
Em seguida
vem a preparação do acórdão de mil páginas, a exigir, da mesma forma,
entendimento entre os meretíssimos. Uma vez publicado o texto no Diário
da Justiça, abre-se a temporada para os recursos. Apesar de última
instância, a mais alta corte nacional de Justiça estará obrigada a
examinar embargos de declaração, referentes a duvidas sobre as
sentenças, e embargos infringentes, a que tiverem direito os réus que
apesar de condenados obtiveram quatro votos a seu favor. Só então as
condenações ganharão o finalíssimo registro do “transitado em julgado”.
A etapa seguinte envolverá as varas de execuções penais dos diversos
estados ou municípios onde residirem os réus, para definição dos locais
de cumprimento das penas.
Em suma,
muita água passará sob a ponte até que os mensaleiros vejam o sol nascer
quadrado, se é que verão. Tudo de acordo com a lei, mas o que dizer
daquela outra, citada inicialmente, para os ladrões de galinha? Ainda
mais estando em ação luminares da ciência do Direito, como são os
advogados dos réus, mestres na arte da procrastinação e do apelo a
recursos...
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