Em manifestação pacífica, vândalos depredam Abolição
Unidos para protestar pela entrega imediata das carteiras de estudantes universitários da rede pública (responsabilidade da Prefeitura), pela implantação do passe-livre e contra a violência empregada pela PM na manifestação do dia anterior, a população percorreu as avenidas Desembargador Moreira, Pontes Vieira e Barão de Studart. No final do ato, no Palácio da Abolição, um pequeno grupo tentou invadir a sede do Governo Estadual, depredou o local e causou tumulto na manifestação, até então pacífica.
A concentração para o ato começou por volta das 16 horas na Praça Portugal. Estimativas da Polícia Militar dão conta que neste horário cerca de cinco mil pessoas já participavam do protesto. No decorrer do percurso, novas pessoas foram agregando-se, chegando a um contingente estimado em oito mil, ao final. No início do protesto, as pautas unitárias de reivindicação versavam sobre Educação, Transporte Público e repúdio ao uso da violência policial.
CARTEIRAS ESTUDANTIS
Segundo a estudante de Administração da Universidade Federal do Ceará (UFC), Lara Costa, a confecção das carteiras estudantis segue comprometida e a Prefeitura está protelando a entrega do documento. A demora, conforme o estudante do curso integrado de edificações do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE), prejudica, financeiramente, os estudantes, já que muitos, que não têm o documento, sofrem as consequências da ausência de encaminhamentos por parte da Prefeitura.
Desde 2000, o Executivo municipal custeia o documento estudantil da rede pública. A Lei Municipal 9.114/2006 estendeu o beneficio aos alunos da UFC, UECE, Cefet e também do Prouni. A Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) garante que quem possui a carteira de 2012 poderá utilizar o documento até setembro deste ano. Para os alunos novatos do ensino superior, da rede pública, a Prefeitura está confeccionando a carteira de 2013. Já para os demais, a licitação dos documentos não foi iniciada.
PERCURSO PACÍFICO
No percurso, ontem, a manifestação transcorreu com tranquilidade. Segundo o capitão Mairton Menezes, do 8º Batalhão da Polícia Militar, cerca de 30 PMs faziam a escolta dos manifestantes e até metade do caminho, nenhuma ocorrência foi registrada. Antes de irem ao Palácio da Abolição, os manifestantes passaram pela sede da Secretaria Municipal de Educação (SME), situada na Pontes Vieira. Transeuntes e moradores de prédios situados no trajeto mostravam apoio ao protesto, que apesar de pequenas divergências entre os participantes, seguia com tranquilidade e entusiasmo.
Na chegada ao Palácio da Abolição, por volta das 20h30min, cerca de 40 PMs da Companhia de Polícia de Guarda blindavam o acesso ao prédio. Grades também separavam os manifestantes do equipamento. Os integrantes do protesto pediram que o governador Cid Gomes viesse ao encontro da população. Uma reunião entre o chefe do Executivo estadual e um grupo de cinco manifestantes foi cogitada, por ambas as partes, porém nada foi encaminhado. Meia-hora depois, houve a primeira tentativa de furo do bloqueio, para ingressar no Palácio. Sem sucesso entre as tentativas de consenso entre os manifestantes quanto às ações a serem executadas, o grupo minoritário continuou as ações de violência.
CONFUSÃO E PRISÕES
Grades foram derrubadas, pedras, bombas caseiras e rojões foram atirados contra o Palácio. A maioria dos manifestantes tentava evitar as ações, acalmando os ânimos e recompondo as barreiras de proteção da sede do Governo. Mas, as tentativas foram em vão. O Comando Tático Motorizado (Cotam) e o Batalhão de Choque da Polícia entraram em ação e utilizaram diversas bombas de gás lacrimogêneo e, aos poucos, dispersaram a multidão. A Cavalaria também foi utilizada, e novamente, bombas de efeito moral foram atiradas contra os manifestantes. Por volta das 22h, os manifestantes foram dispersos.
No 2º Distrito Policial, conforme a delegada plantonista, Juliana Pinheiro, 61 pessoas foram detidas, sendo 55 adultos e seis adolescentes. Com mochilas apreendidas, o grupo é acusado de praticar atos criminosos durante o protesto. De acordo com ela, policiais civis e militares atuaram disfarçados durante o protesto e conseguiram identificar os acusados de vandalismo. As ações, bem como o material e as provas coletadas (fotos e vídeos feitos por policiais) serão avaliados caso a caso, segundo a delegada. Se comprovado os crimes, os acusados poderão responder por dano ao patrimônio, incitação ao crime, lesão corporal e formação de quadrilha.
Thatiany Nascimento
thatynascimento@oestadoce.com.br
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