Políticos vivem psicose do que pode acontecer
É linda a revolta que nasceu de um reajuste de R$ 0,20 nas passagens de ônibus e resultou em 250 mil brasileiros fazendo barulho nas ruas. A beleza está na ausência do grande líder por trás do movimento. Atônitos, os políticos vivem a psicose do que ainda está por vir. Descobriram um inédito sentimento de vulnerabilidade. Sem exceção, viraram todos alvos do imponderável.
A história ensina que não se deve esperar de políticos exames profundos de consciência ou atos espetaculares de contrição. Porém, o instinto de sobrevivência também pode abrir picadas para a virtude. Que o digam as autoridades de São Paulo –no intervalo de um final de semana, evoluíram da porrada e da bala de borracha para o diálogo e o recuo da tropa de choque.
Qualquer mote serve de pretexto: o preço da passagem, as borrachadas da polícia, a corrupção, a PEC 37, os gastos da Copa, a penúria da educação, o flagelo da saúde… A rapaziada informa que o brasileiro acomodado já não a representa. Resta saber como esse inconformismo difuso será exercido.
Com sorte, a revolta apartidária pode reintroduzir na política a crise do “de repente”. Os bambambãs saberão que, saída do nada, uma vaia pode soar num estádio, uma legião pode invadir a Avenida Paulista, uma multidão pode lotar a Candelária, um meninada pode converter o espelho d’água do Congresso numa piscina.
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