Lisboa – O governo português vai adiar a privatização da companhia
aérea estatal TAP. O Conselho de Ministros, integrado pelos ministros e
secretários de Estado que formam o gabinete do primeiro-ministro Pedro
Passos Coelho, rejeitou a proposta apresentada pela Synergy Aerospace,
de propriedade do empresário brasileiro Germán Efromovich.
A TAP é a principal companhia de aviação para os voos entre o Brasil e a Europa. A Synergy Aerospace é ligada à holding
Synergy Group Corp, com sedes no Rio de Janeiro e na capital
colombiana, Bogotá, que controla a empresa de aviação Avianca e era a
única empresa que participava do processo de privatização, já em segunda
fase. Segundo o site do governo de Portugal, o conselho de
ministros considerou que “não foram cumpridos os requisitos previstos no
caderno de encargos”.
A expectativa do governo é que o futuro controlador da TAP credite
para o Estado português 35 milhões de euros; faça investimentos na
empresa superiores a 300 milhões de euros nos próximos anos; e assuma um
passivo de dívidas de 1,5 bilhão de euros. Conforme veiculado pela
imprensa lusitana no fim de semana, Efromovich fez uma oferta de 351
milhões de euros pela companhia estatal.
A secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, disse ao site
do governo que, apesar da rejeição, a proposta apresentada era
“positiva, coerente e alinhada com a estratégia do governo”. Segundo
ela, a rejeição da venda neste momento “não põe em causa o programa de
privatizações do governo”, que tentará refazer o processo “a tempo de
dar cumprimento ao memorando de entendimento”, fazendo referência ao
acordo em vigor até 2014 com a chamada Troika – formada pelo Fundo
Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comunidade Europeia.
A venda da TAP é criticada por setores da oposição e pelos
movimentos sindicais, mas considerada estratégica pelo governo, que faz
duro ajuste fiscal com corte de benefícios de proteção social
(aposentadoria e seguro-desemprego) e aumento de impostos para famílias e
para alguns setores de atividade econômica (como bares e restaurantes).
A venda da TAP é a segunda privatização mais importante de Portugal,
depois da venda da companhia elétrica EDP a um grupo chinês em processo
no qual que as propostas da Eletrobras e da Cemig foram rejeitadas.
De acordo com a Embaixada do Brasil em Portugal, é orientação do Palácio do Planalto tentar participar ao máximo do programa de privatização português, inclusive com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
Na semana passada, o vice-presidente Michel Temer esteve em Lisboa
onde tratou da privatização da TAP, dos Estaleiros Navais Viana do
Castelo e da empresa aeroportuária ANA Aeroportos de Portugal.
A rejeição da proposta pelo governo português da compra da TAP ocorre no mesmo dia em que, no Brasil, a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República anuncia o processo de concessão dos aeroportos de Confins e do Galeão.
Com Gilberto Costa da EBC em Portugal
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