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Uma herança maldita!


35 mil crianças não sabem ler e escrever

Com o objetivo de promover novas políticas públicas para as crianças e adolescentes do Município, a Prefeitura de Fortaleza divulgou, ontem, no Paço Municipal, um documento sobre os atuais indicadores do perfil socioeconômico da população de Fortaleza, composta pela faixa etária de zero a 14 anos.  Elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), em parceria com o gabinete da primeira-dama, Carol Bezerra, o estudo aponta para que a próxima geração tenha um grau social maior, reduzindo, por exemplo, a pobreza. A atual gestão deverá a partir de hoje, investir, prioritariamente, na Educação.
Todo o estudo foi baseado no Censo de 2010, onde, Fortaleza, já contava com cerca de 54 mil crianças e adolescente com idade de zero a 14 anos, o que representava 26% da população total. Victor Hugo Miro Couto Silva, que participou da elaboração do Estudo pelo Ipece, afirmou que se o Município deseja que a futura geração tenha uma mão de obra mais qualificada e uma cultura elevada, é necessário realizar, a partir de agora, um esforço dedicado nesta fase etária, para que, assim, se erradique, também, o ciclo vicioso da pobreza.
O censo informou que 436.358 crianças e adolescentes, estão na escola.  Entretanto, a faixa etária considerada pelos grandes estudiosos, como fundamental para o desenvolvimento do indivíduo que é de zero a três anos, das 134.801, apenas, o contingente de 8.228, têm acesso à creche.
“A percepção, nos números dos estudos, aponta que a pobreza tende a se perpetuar dentro de uma família que já é pobre. Uma forma de romper, é oferecer educação de qualidade. Esse é o instrumento de política pública que pode romper com o clico Intergeracional da pobreza”, disse Vitor Hugo, realçando, que algum dia, essa política pública precisa tornar-se realmente de extrema prioridade em Fortaleza”.
ANALFABETOS
Outro indicativo, que chama atenção e preocupa a atual gestão, é que cerca de 34.570 crianças de seis a 14 anos não sabem ler e escrever na Capital. No mapeamento das Regionais, onde o problema é de maior pertinência, está a Regional V,  com  11,5 %  e as Regionais I e VI com 10,9% e 10,2%, respectivamente.

O diretor geral do Ipece, Flávio Ataliba, classificou como “grave”, a atual situação social da infância e adolescência, em Fortaleza. Segundo ele, a situação potencializar-se-á quando as atuais crianças e adolescentes chegarem ao mercado de trabalho, pois encontrarão  uma situação de desigualdade.  O diretor do Instituto avalia que a falta de educação contribui para uma sociedade violenta.
“Então, se Fortaleza é uma cidade completamente injusta e desigual, pelo que se observa nos números, a gente tende a continuar com esse perfil social. E o desdobramento disso, é o que a gente vê, hoje. Fortaleza tornou-se uma cidade violenta, perigosa de se viver, e que uma das soluções estruturais deve ser a implantação de creches para crianças de zero a três anos e escola em tempo integral”, reverberou, assegurando que o Governo do Estado vai construir junto com a Prefeitura, 29 escolas de tempo integral de ensino médio, nos bairros mais violentos da Capital.
110 mil adolescentes e crianças na miséria
Se a Educação é primordial para o desenvolvimento da sociedade, a situação econômica é um fator determinante. Mas, a pesquisa assinalou que, já em 2010, Fortaleza tinha 109.523 crianças e adolescentes de zero a 14 anos, vivendo  na condição de extrema pobreza, sobrevivendo com menos de um quarto de salário, que corresponde a  cerca de R$ 170,00 e 167.485 vivendo com R$ 170,00  a R$ 339,00.
Entre todas as Regionais, a situação com maior número de crianças vivendo, na extrema pobreza ficou por conta da Regional V, com o contingente de 29.056.  Além da falta de equipamentos para agregar todas as crianças e adolescente à Educação, o documento aponta outro fator que pode interferir diretamente no desenvolvimento infantil, que é a questão da a estrutura familiar. Atualmente, 146.784 crianças vivem em domicílios uniparentais.

Conforme a primeira-dama, Carol Bezerra, o documento será usado para direcionar a aplicação de novas políticas públicas, na infância e na adolescência, de acordo com que foi “enxergado” no Estudo. “Trabalhar em cima de dados concretos da realidade de Fortaleza, facilita o nosso trabalho e foca onde mais precisa ser trabalhado”, reafirmou.
Sobre a falta de creche para atender a atual demanda, Carol Bezerra afirmou que desde que iniciou esta gestão, essa foi uma preocupação pertinente do prefeito Roberto Cláudio e do secretário de Educação, Ivo Gomes. “Estamos trabalhando com afinco na questão das creches, não adianta aumento, por exemplo, aumentar o número de matrículas, quando, também, tem que elevar a qualidade”, completou.

Rochana Lyvian
rochana@oestadoce.com.br

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