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Editorial de hoje do Diario do Nordeste

Violência banalizada

Publicações científicas internacionais vêm denunciando, de forma reiterada, a crescente banalização da violência por meio de filmes e "games", destinados a crianças e adolescentes, como uma das principais causas do aumento dos índices de criminalidade entre os mais jovens.
Em decorrência do cada vez mais elevado número de delitos cometidos por menores, recrudescem as polêmicas nacionais em torno da redução da maioridade penal, com argumentos fortalecidos pela constatação de que os níveis de delinquência se elevam na mesma proporção em que crianças e adolescentes são absorvidos pelos extensos tentáculos do tráfico de drogas, entre outros agravantes.

Os filmes e "games", que alcançam todas as classes sociais e também fazem referências, ainda que veladas, ao uso de drogas, são realizados por grandes estúdios produtores de audiovisuais, com acabamento de boa qualidade, a despeito do conteúdo potencialmente pernicioso. Os responsáveis por tal apologia à violência alegam, em sua defesa, dentre outras coisas, que tentam passar à juventude uma imagem mais aproximada da realidade atual, eivada por tipos variados de truculência e agressividade.

Por mais estranho que possa parecer, a indústria exploradora de filões inspirados pela violência tem seus defensores, que tentam desvincular qualquer influência de tais produtos sobre o que se registra, de forma lamentável, no cotidiano de vários países e, em particular, nas grandes cidades brasileiras.

Recente pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, afirma que, ao contrário do que habitualmente se pensa, as produções com cenas sangrentas e agressivas concorrem para reduzir impulsos criminosos, funcionando como uma catarse psicológica que supostamente acalmaria, no nascedouro, índoles transgressivas.

Seriam minimizados, nessa hipótese, os instintos violentos dos jovens, por meio de um processo de identificação com os atos perpetrados através das imagens, os quais aplacariam sua agressividade latente.

Em todo o mundo, educadores e psicólogos se insurgiram com a esquisita teoria oriunda da renomada universidade estadunidense, citando diversos outros tipos de atividades, plenamente saudáveis e construtivas, que podem concorrer positivamente na formação de um caráter, sem recorrer a personagens e circunstâncias contaminados por desnecessária violência.

Em fatos bem atuais, como o das tumultuadas passeatas de protestos realizados em todo o País, tem havido uma maciça participação de jovens, a maioria constituída por partidários de uma manifestação pacífica, mas, também, com a presença de outros moços visivelmente contaminados pela obscura compulsão de destruir e praticar atos de vandalismos contrários a qualquer noção de democracia e civilidade.

O germe da violência sempre é moldado a partir de maus exemplos encontráveis no dia a dia, inclusive na banalização gerada pela massificação de formas dúbias de lazer, entre as quais se encontram os audiovisuais criados para a juventude com evidentes e capciosos apelos de má-fé. Os reflexos se fazem sentir, obviamente, em fatos aparentemente desconectados, como os conflitos registrados na realização de competições esportivas e, até mesmo, numa reivindicação de direitos que se deveria caracterizar pelo aspecto ordeiro e pacifista condizentes com os anseios da população brasileira.


Penso eu - Neste momento (08;36 da manhã do dia 27.07.2013) Heitor Férrer, a convite da Rádio Verdes Mares comenta o assunto com foco no Ceará.

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