New
York(USA) 15 graus – Dilma amolou as travas da chuteira
A Presidenta abriu a 68ª. Sessão da ONU, que os
ignorantes desconhecem que o Brasil faz isso desde que a ONU é ONU. Não é
privilégio de favor, mas conquista de um
país que lutou por sua criação. Então está esclarecido: não é pirulito
como uns e outros bobos imaginam. Pois bem; Dilma abriu. A primeira frase
cumprimentou o presidente da Sessão ser de Antrigua e Bermuda, no Caribe. A
segunda condenou o terrorismo em Nairóbi e espichou sua indignação por outras
ações terroristas pelo mundo. Aí, ainda no terceiro minuto de sua fala, do
pescoço pra baixo foi canela. Não ouso pinçar frases do discurso da presidenta
sobre a espionagem americana no Brasil. Eis a íntegra dessa parte do discurso,
antes de fazer referência ao Desenvolvimento do Mundo depois de 2014. Leia:
“Senhor Presidente, - Quero trazer à consideração das delegações uma questão a
qual atribuo a maior relevância e gravidade. Recentes revelações sobre as
atividades de uma rede global de espionagem eletrônica provocaram indignação e
repúdio em amplos setores da opinião pública mundial. No Brasil, a situação foi
ainda mais grave, pois aparecemos como alvo dessa intrusão. Dados pessoais de
cidadãos foram indiscriminadamente objeto de interceptação. Informações
empresariais --muitas vezes, de alto valor econômico e mesmo estratégico--
estiveram na mira da espionagem. Também representações diplomáticas
brasileiras, entre elas a Missão Permanente junto às Nações Unidas e a própria
Presidência da República tiveram suas comunicações interceptadas. Imiscuir-se
dessa forma na vida de outros países fere o Direito Internacional e afronta os
princípios que devem reger as relações entre eles, sobretudo, entre nações
amigas. Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra soberania.
Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido
mediante a violação de direitos humanos e civis fundamentais dos cidadãos de
outro país. Pior ainda quando empresas privadas estão sustentando essa
espionagem. Não se sustentam argumentos de que a interceptação ilegal de
informações e dados destina-se a proteger as nações contra o terrorismo. O Brasil,
senhor presidente, sabe proteger-se. Repudia, combate e não dá abrigo a grupos
terroristas. Somos um país democrático, cercado de países democráticos,
pacíficos e respeitosos do Direito Internacional. Vivemos em paz com os nossos
vizinhos há mais de 140 anos. Como tantos outros latino-americanos, lutei
contra o arbítrio e a censura e não posso deixar de defender de modo
intransigente o direito à privacidade dos indivíduos e a soberania de meu país.
Sem ele --direito à privacidade-- não há verdadeira liberdade de expressão e
opinião e, portanto, não há efetiva democracia. Sem respeito à soberania, não
há base para o relacionamento entre as nações. Estamos, senhor presidente,
diante de um caso grave de violação dos direitos humanos e das liberdades civis;
da invasão e captura de informações sigilosas relativas as atividades
empresariais e, sobretudo, de desrespeito à soberania nacional do meu país.
Fizemos saber ao governo norte-americano nosso protesto, exigindo explicações,
desculpas e garantias de que tais procedimentos não se repetirão. Governos e
sociedades amigas, que buscam consolidar uma parceria efetivamente estratégica,
como é o nosso caso, não podem permitir que ações ilegais, recorrentes, tenham
curso como se fossem normais. Elas são inadmissíveis. O Brasil, senhor
presidente, redobrará os esforços para dotar-se de legislação, tecnologias e
mecanismos que nos protejam da interceptação ilegal de comunicações e
dados. Meu governo fará tudo que estiver
a seu alcance para defender os direitos humanos de todos os brasileiros e de
todos os cidadãos do mundo e proteger os frutos da engenhosidade de nossos
trabalhadores e de nossas empresas. O problema, porém, transcende o
relacionamento bilateral de dois países. Afeta a própria comunidade internacional
e dela exige resposta. As tecnologias de telecomunicação e informação não podem
ser o novo campo de batalha entre os Estados. Este é o momento de criarmos as
condições para evitar que o espaço cibernético seja instrumentalizado como arma
de guerra, por meio da espionagem, da sabotagem, dos ataques contra sistemas e
infraestrutura de outros países. A ONU deve desempenhar um papel de liderança
no esforço de regular o comportamento dos Estados frente a essas tecnologias e
a importância da internet, dessa rede social, para construção da democracia no
mundo. Por essa razão, o Brasil apresentará propostas para o estabelecimento de
um marco civil multilateral para a governança e uso da internet e de medidas
que garantam uma efetiva proteção dos dados que por ela trafegam. Precisamos
estabelecer para a rede mundial mecanismos multilaterais capazes de garantir
princípios como: 1 - Da liberdade de expressão, privacidade do indivíduo e
respeito aos direitos humanos. 2 - Da Governança democrática, multilateral e
aberta, exercida com transparência, estimulando a criação coletiva e a
participação da sociedade, dos governos e do setor privado. 3 - Da universalidade que assegura o
desenvolvimento social e humano e a construção de sociedades inclusivas e não
discriminatórias. 4 - Da diversidade cultural, sem imposição de crenças,
costumes e valores. 5 - Da neutralidade da rede, ao respeitar apenas critérios
técnicos e éticos, tornando inadmissível restrições por motivos políticos,
comerciais, religiosos ou de qualquer outra natureza. O aproveitamento do pleno
potencial da internet passa, assim, por uma regulação responsável, que garanta
ao mesmo tempo liberdade de expressão, segurança e respeito aos direitos
humanos.
A
frase: “Já levou seu embargo infringente
ao analista?” De um observador da
cena.
Dilma
defende a multilateralidade (Nota da foto)
“O Debate Geral oferece a oportunidade para
reiterar os princípios fundamentais que orientam a política externa do meu país
e nossa posição em temas candentes da realidade e da atualidade internacional.
Guiamo-nos pela defesa de um mundo multilateral, regido pelo Direito
Internacional, pela primazia da solução pacífica dos conflitos e pela busca de
uma ordem solidária e justa - econômica e socialmente”. Presidenta Dilma,
ontem, na ONU.
Eu
estava aqui em 2011 e 2012
Nos
anos anteriores, em 2011 e 2012, Dilma chamou atenção para a crise econômica e
defendeu a construção de um amplo pacto pela retomada do crescimento global.
“Mais que nunca, o destino do mundo está nas mãos de todos os seus governantes,
sem exceção (…). Essa crise é séria demais para que seja administrada por uns
poucos países”, frisou, no primeiro ano.
2012
“É urgente a
construção de um amplo pacto pela retomada coordenada do crescimento econômico
global, impedindo a desesperança provocada pelo desemprego e pela falta de
oportunidades”, defendeu a presidenta, em 2012.
2011
Em 2011, a
presidenta afirmou que o Brasil já estava pronto para assumir suas
responsabilidades como membro permanente do Conselho de Segurança. “As guerras
e os conflitos regionais, cada vez mais intensos, as trágicas perdas de vidas
humanas e os imensos prejuízos materiais para os povos envolvidos demonstram a
imperiosa urgência da reforma institucional da ONU e em especial de seu
Conselho de Segurança”, defendeu, no ano posterior.
Primeira
mulher
Em 2011, a
presidenta se tornou a primeira mulher a discursar na abertura dos trabalhos da
principal reunião de chefes de Estado da ONU. “Pela primeira vez na história
das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o debate geral. É a voz da
democracia e da igualdade se ampliando nesta tribuna que tem o compromisso de
ser a mais representativa do mundo”, ressaltou.
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