MP
ingressa com ação contra ex-prefeita de Orós
O Ministério Público do Estado do Ceará ingressou com uma ação penal contra Maria de Fátima Maciel Bezerra, ex-prefeita de Orós, e Enio Ferreira Lima Filho, ex-secretário de Saúde do Município. Eles são acusados de sucateamento da máquina pública no período após as eleições de 2012, prática conhecida como desmonte. A denúncia foi oferecida na última quarta-feira (4) pelo promotor de Justiça André Luiz Simões Jácome.
De
acordo com as investigações do MP, após o resultado do pleito, que
foi desfavorável a eles, os acusados teriam se utilizado de práticas
que serviriam para dificultar o exercício do futuro prefeito,
utilizando indevidamente em seu favor bens públicos, como veículos,
livros,
procedimentos licitatórios e postos de
saúde, deixando o Município em uma situação de sucateamento.
De
acordo com auditoria privada da Prefeitura, confirmada pelo Tribunal
de Contas dos Municípios (TCM), a frota de veículos foi entregue em
estado precário. Além disso, o Executivo municipal tem uma dívida
de mais de R$ 14 milhões, valor que ultrapassa os limites permitidos
pela resolução nº 40/2001, do Senado Federal. O balanço
financeiro do exercício de 2012 ficou com restos a pagar no valor de
R$ 1, 8 milhão e o repasse do duodécimo da Câmara de Vereadores
ultrapassou os limites previstos na Constituição Federal em R$
16.624,52. Ressalte-se ainda que as dívidas com a Coelce e a Cagece
chegaram a cerca de R$ 38 mil e R$ 89 mil, respectivamente.
Essas
e outras despesas estão em desacordo com o artigo 42 da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), segundo o qual é vedado aos gestores
contrair, nos últimos dois quadrimestres do mandato, despesas que
não possam ser sanadas dentro da própria gestão ou que tenham
parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja
suficiente disponibilidade de caixa para isso.
O
TCM também constatou graves irregularidades na Secretaria de Saúde,
como, por exemplo, ao encontrar pagamentos com recibos assinados em
branco e a maioria sem assinatura do ordenador de despesas. Dentre
outras coisas, não foi deixado para a atual gestão nenhum registro
de medicamentos de atenção básica do ano de 2012 e o Hospital e
Maternidade Luiza Teodora da Costa foi deixado em péssimas
condições, com a estrutura deteriorada, equipamentos enferrujados,
enfermarias sem leitos e extintores de incêndio vencidos.
O
MP entende que tudo o que foi exposto anteriormente fere a
transparência nos gastos e os princípios da administração
pública, que deve ser norteada, dentre outras coisas, pela
eficiência, pela moralidade e pela legalidade.
Ação civil pública
Cabe
ressaltar que o promotor de Justiça André
Luiz Simões Jácome já havia ajuizado uma ação civil pública por
ato de improbidade administrativa contra a ex-prefeita Maria de
Fátima Maciel Bezerra e o ex-secretário Ênio Ferreira Lima Filho,
em 30 de julho deste ano. De acordo com o promotor, por conta das
dívidas deixas pela ex-prefeita, os servidores municipais ficaram
sem receber seus salários em dezembro de 2012 e também o décimo
terceiro. Constatou-se, inclusive, que ela mantinha servidores
contratados temporariamente desde 2006, com renovações sucessivas,
contrariando os ditames legais e constitucionais.
O
MP responsabilizou Ênio Ferreira Lima Filho porque ficaram
comprovados o sucateamento das unidades de saúde do Município e uma
série de empenhos sem a assinatura do ordenador de despesas, bem
como a existência de pagamentos com recibos assinados em branco. Na
ação, além da condenação pelos atos de improbidade, foi
requerida a indisponibilidade de bens dos
ex-gestores.
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