Ensinando
e aprendendo
Fui ensinado a respeitar os mais velhos. Tomar a
bênção a avô e avó, pai e mãe,tio e padrinho. Fui ensinado a ouvir os mais
velhos e a tantas opiniões sobre problemas graves, meus e que envolvam outros
no meu derredor. Ouvir nunca é demais. O processo de aprendizagem e de
entendimento passa por aí. Vem desde a professora no Bê-a-Bá, até as aulas de
calculo infinitesimal na faculdade de geologia. Ouvir, ler, entender,
depreender, analisar e...tomar seu rumo. Ainda no ginásio (sou do tempo do
primário,ginasial,científico..)os mestres ensinavam português e gramática
mandando a gente escrever. Todo dia tinha redação. Todo dia tinha ditado. Todo
dia tinha interpretação de texto. Todo dia tinha descrição. Todo dia tinha
leitura, em pé, ao lado da mesa do professor pra avaliação dele e dos colegas
de sala de aula. Por isso escuto tão bem hoje em dia e “leio” a vida, até hoje,
junto com os mestres.Como quando leio o grande Mauro Santayana sempre alerta.
A frase: “No mundo em que
vivemos ter opinião é ser do contra!”
É, pode ser.
Intolerância?É
ferro! (Nota da foto)
Chico Buarque,
Marieta Severo e as filhas entrarão com uma ação, por danos morais, contra o
antiquário e jornalista paulista João Pedrosa. No fim de dezembro, o perfil
dele no Instagram postou o seguinte comentário na foto publicada pela atriz
Silvia Buarque, na qual ela aparece pequena ao lado do pai e da irmã Helena:
“Família de canalhas!!! Que orgulho de ser ladrão!!!” O advogado de Chico é
João Tancredo.
O Diabo e a garrafa
Em pleno processo de impeachment, e de julgamento
no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), das ações envolvendo a chapa vitoriosa
nas últimas eleições, a situação da República tem sido marcada pela
espetacularização de um permanente “pega para capar” jurídico-policial, a
ascensão da “antipolítica”, o aprofundamento da radicalização e a fascistização
do país. Políticos e empresários têm sido presos – muitos por ilações frágeis
ou exagerado rigor cautelar –, enquanto outros homens públicos e bandidos e
delatores premiados apanhados com milhões de dólares na Suíça circulam
livremente ou estão em prisão domiciliar. Santayana vai adiante...Milhares de
brasileiros acreditam piamente que o Brasil é um país quebrado e destruído,
quando temos as sextas maiores reservas internacionais do mundo e somos o
terceiro maior credor individual externo dos Estados Unidos. Que um perigoso
“bolivarianismo” pretende implementar uma ditadura de esquerda na América
Latina, quando, seguindo os ritos democráticos normais, e sob amplo acompanhamento
de observadores internacionais, a oposição liberal acaba de ganhar, pelo voto,
as eleições na Venezuela e na Argentina. Que o Brasil é um país comunista
quando pagamos juros altíssimos, e somos, historicamente, dominados, na
economia e na política, por um dos mais poderosos sistemas financeiros do
mundo, pelo agronegócio e o latifúndio, por bancos e empresas
multinacionais.Discutindo na mesa de pôquer da sala de jogos do Titanic,
envolvidos por suas disputas, e por uma rápida sucessão de fatos e
acontecimentos, que têm cada vez mais dificuldade em digerir e acompanhar, os
homens públicos brasileiros ainda não entenderam que a criminalização da
política, criada por eles mesmos, como parte de uma encarniçada e deletéria
disputa pelo poder, há muito extrapolou o meio político tradicional,
espalhando-se, como o diabo que escapa da garrafa, como uma peste pela
sociedade brasileira, na forma de uma profunda ojeriza, preconceito e
desqualificação do sistema político, e daqueles que disputam e detêm o voto
popular. Se não se convocar a razão e o bom senso, para reagir ao que está
acontecendo, e se estabelecer um patamar mínimo de normalidade
político-institucional, tudo o que restará será o confronto, o arbítrio e o
caos. Está muito enganado quem acha que o mero impedimento de Dilma Rousseff
resolverá a questão. No final da
década de 20, os judeus conservadores comemoravam, da varanda de suas mansões,
na Alemanha, o espancamento, nas ruas, de esquerdistas e socialistas, pelos
guardas de grupos paramilitares nazistas como as SS e as SA, e se regozijavam,
em seu íntimo, por eles os estarem livrando da ameaça bolchevista. Depois
também viram passivamente – achando que estariam resguardados por suas fortunas
– passar sob suas janelas, as filas de operários e pequenos comerciantes judeus
a caminho dos campos de concentração – até chegar a sua vez de ocupar, como
sardinhas em uma lata, o seu lugar nas câmaras de gás. Poucas vezes, na
história, o efeito bumerangue costuma poupar aqueles que, como aprendizes de
feiticeiro, se atrevem a cutucar o que está dentro da caixa de Pandora. Depois
de Dilma e do PT, seria a vez de Temer, e depois de Temer virão os outros –
todos os partidos e lideranças que tenham alguma possibilidade de alcançar o
poder, por via normal. Parafraseando Milton Nascimento, na política brasileira
“nada será como antes amanhã”. O Brasil que se seguirá à batalha sem quartel e
sem piedade, levada a cabo pela oposição nos últimos anos e meses tendo como
fim a destruição e total aniquilamento do PT – cujas principais vítimas não
serão esse partido, mas o Estado de Direito, o presidencialismo de coalizão, a
governabilidade e a própria Democracia – não terá a cara do Brasil do PSDB de
Serra, de Aécio, ou de FHC, mas, sim, a de Moro e a de Bolsonaro. A do messianismo,
da vaidade, da onipotência e do imponderável, e a do oportunismo e do fascismo
– e aqui não nos referimos ao velho fascio italiano – em seu estado mais puro,
ensandecido e visceral.

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