Trump reflete sociedade dividida entre vencedores e vencidos
Carlo Allegri/Reuters | ||
Republicano Donald Trump, eleito presidente dos EUA |
Donald
Trump saiu de junto dos seus cofres fortes para um importante favor ao
mundo. Ainda que fosse derrotado, já o teria feito em grande parte, ao
menos para quem quer ver o mundo como de fato é.
Vitorioso,
Trump não é apenas mais um inesperado eleito para presidir a chamada
democracia americana: em um século e pouco, é o mais representativo da
índole majoritária nos Estados Unidos, da qual veio a comunhão bem
sucedida entre o candidato e a maioria eleitoral.
Competitivo,
ousado, bilionário, Trump reflete com perfeição a sociedade, como diz
sua biógrafa Gwenda Blair, em que os homens são divididos e tratados
como vencedores e vencidos.
Portador
declarado de preconceitos racistas, exprime com propostas objetivas a
rejeição, pela dominante parcela branca, que a lei não consegue evitar
contra negros, latino-americanos, árabes, asiáticos, índios americanos
e, por mais que um lado e outro o disfarcem, mesmo contra os judeus.
O
simplismo do pouco que Trump falou sobre as relações internacionais, ou
os focos de tensão, não contém ressalvas ao belicismo do seu país.
Breves
citações à Coreia do Norte e ao Irã foram só para dizer que os Estados
Unidos não podem admiti-los como países nucleares, o que é também o
esperável da maioria que aprova ataques e invasões a países que nem sabe
onde ficam. (Os americanos aprendem geografia com as guerras, dizem
eles).
E tanto
mais ou pior, porque se poderia mencionar as mortandades feitas pelo
militarismo dos Estados Unidos mundo afora, com pleno assentimento da
maioria nacional – e sem crítica de Trump senão para prometer o bem
acolhido isolacionismo.
Quem
fez menção ao estado da índole dominante americana foi Hillary Clinton.
No seu último discurso, véspera da eleição: "Precisamos curar este
país, temos de reunir as pessoas, de ouvir e respeitar um ao outro".
Propõe-se cura para quem se sabe estar doente.
Se
bem que Hillary, quando integrante do governo Obama, foi avalista de
ações de guerra. E não reagiu à falta de atitudes efetivas contra a
violência interna, em particular a dirigida aos negros.
Já
foi possível aprender ou saber mais, graças a Trump, sobre as ideias da
maioria politicamente ativa dos americanos que a identificam com o
candidato do egocentrismo nacional. Trump foi eleito por uma multidão de
trumps. Mas de como será ele, quando submetido às circunstâncias da
Presidência, só se sabe que não será o presidente prometido.
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