O
conjunto arquitetônico e urbanístico de Icó - tombado pelo Iphan, em
1998 - é considerado o melhor da arquitetura tradicional feita no Ceará,
inclusive no plano popular.
Este
patrimônio concentra-se em suas principais ruas, onde estão os bens de
maior relevância e o traçado urbanístico imposto pelas normas da Coroa
Portuguesa, no século XVIII.
Como
toda a arquitetura tradicional produzida na antiga Província do Ceará, a
de Icó também prima pela simplicidade e despojamento. A cidade conserva
- com bastante integridade - um precioso acervo arquitetônico e a área
delimitada para a proteção possui, aproximadamente, 320 imóveis.
A
cidade foi a primeira a receber este tipo de tombamento - conjuntos
urbanos protegidos pelo Iphan - e uma de suas maiores expressões é o
centro histórico, que remonta ao período colonial.
Formada
basicamente por portugueses e franceses, herdou uma rica arquitetura no
estilo barroco com características próprias da Região Nordeste e com
linhas do neoclássico francês.
Durante
a exploração do ouro e a produção do charque, nos séculos XVIII e XIX,
Icó progrediu como importante entreposto comercial do interior da
Província do Ceará. Desse período também permaneceram inúmeras
construções, verdadeiros documentos da ocupação do sertão nordestino
pela pecuária.
Mesmo nas
igrejas mais antigas, não existem trabalhos complexos e sofisticados de
talha ou cantaria. O único edifício de traço mais erudito existente na
cidade é o Teatro da Ribeira dos Icós, construção de linhas
neoclássicas.
Alguns
sobrados na cidade, localizados no trecho mais antigo da Rua Ilídio
Sampaio, ostentam fachadas com elementos decorativos mais elaborados
como gradis, cercaduras e revestimentos em azulejos portugueses. Também
merece destaque o trabalho plástico nas edificações construídas ou
remodeladas entre o final do século XIX e o início do XX.
Note-se
a capacidade dessa arquitetura de adaptar o repertório básico da
arquitetura brasileira do período colonial ao meio agreste e à escassez
do sertão.
Centralizando o caminho das boiadas, Icó tornou-se o mais importante entreposto comercial do interior da Província do Ceará.
Datam
dessa época a construção de igrejas, da cadeia, do mercado e de
sobrados com belos azulejos portugueses. Seu desenvolvimento entrou em
declínio com a queda da exportação dos produtos derivados da criação de
gado, em consequência das sucessivas secas e da entrada no mercado
nacional do gado criado nas pastagens do Sul e Sudeste do Brasil.
O
enfraquecimento político e econômico contribuiu para a preservação de
grande parte do patrimônio arquitetônico e urbanístico da cidade. A nova
área de expansão urbana surgiu a leste do rio Salgado, poupando o
núcleo histórico de maiores alterações.
Uma
das suas características é o traço determinante do urbanismo colonial
da região: a implantação da cidade, apesar de dependente, de “costas”
para o rio Salgado, afluente do rio Jaguaribe. Seu valioso acervo
arquitetônico encontra-se conservado, em sua maior parte, apesar da
descaracterização na paisagem, testemunho da ocupação do sertão
nordestino.
História - No
início do século XVIII, as tribos indígenas que habitavam a região se
opuseram tenazmente aos colonizadores. Entre as serras do Pereiro e os
vastos sertões do Cedro, o capitão-mor Gabriel da Silva Lago mandou
erguer uma paliçada de defesa e proteção dos moradores da ribeira do rio
Salgado contra as investidas dos índios.
Neste
local, surgiu um arraial, a atual Icó. Após lutas sangrentas entre
sesmeiros, colonizadores e indígenas, o padre João de Matos Serra,
prefeito das Missões, obteve a pacificação.
Com
o fim das lutas, o Arraial da Ribeira dos Icós floresceu e se
desenvolveu nos arredores da Capela de Nossa Senhora da Expectação. O
povoamento e o desenvolvimento da região coube às famílias Monte e
Feitosa, que desfrutavam de grande prestígio e dominavam vastas áreas do
território.
Em 1736, o arraial foi elevado à categoria de vila com a denominação de Arraial da Ribeira dos Icós.
O
arraial se transformou na Vila do Icó, localizada na área mais dinâmica
da Capitania do Ceará, em ponto estratégico do cruzamento de duas
importantes vias de comunicação colonial: a Estrada Geral do Jaguaripe
ligava o Ceará a Pernambuco (Porto de Aracaty-Icó-Cariri) e a Estrada
das Boiadas ou dos Inhamus (ligação do Ceará com o Piauí e a Paraíba).
Também convergia para Icó, a Estrada Nova das Boiadas que partia de Sobral e atravessava o sertão central do Ceará.
Em
meados do século XVIII, a Capela de Nossa Senhora do Ó (padroeira do
povoado) foi erguida por Francisco Monte, período em que a vila alcançou
um grande desenvolvimento econômico propiciado pela criação de gado, em
todo o Nordeste.
A vila
funcionava como um ativo centro de comercialização do gado em pé pela
sua posição de polo coletor e distribuidor no sertão. Fruto desta
prosperidade é o conjunto de sobrados construídos no núcleo histórico.
No
século XIX, como um dos centros comerciais e culturais mais importantes
do Ceará, a vila foi elevada à condição de cidade, em 1842.
Monumentos e espaços públicos tombados:
-
Teatro da Ribeira dos Icós; Sobrado do Canela Preta; Casa de Câmara e
Cadeia; Largo do Theberge; e as ruas Dr. Inácio Dias, Ilídio Sampaio,
Regente Feijó, Frutuoso Agostinho e 7 de Setembro, entre outros.
Casa de Câmara e Cadeia -
Construída
entre o final XVIII e início do século XIX, é uma das maiores e mais
importantes do Estado, com original sistema de grades de ferro para
isolamento das celas.
Em
1780, a obra foi paralisada devido à utilização do barro para seus
alicerces e retomada em 1800, pelo capitão Roberto Correia da Silva,
utilizando pedra e cal.
Em
1862, as instalações foram transformadas em enfermaria para as vítimas
da epidemia de cólera, com a Capela de Nossa Senhora da Expedição. No
pátio, estão a capela e dois alojamentos para soldados.
Da página: Fazendas Históricas.
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