Opinião

Na certeza de que sua turma vai perder, Temer deixa rombo e terra arrasada
Ricardo Kotscho

Por não botar fé em Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles, os candidatos da aliança governista, Michel Temer agora resolveu botar pra quebrar e estourar os cofres públicos nos quatro meses que ainda lhe restam no Palácio do Planalto num cenário de terra arrasada.

O próximo presidente da República e o cidadão brasileiro que se danem.

Assim como costumam fazer prefeitos de pequenas cidades, o atual mandatário vai raspar o tacho e espetar uma dívida bilionária para o sucessor que não é do seu grupo político.

Ao fazer um acordo com o Supremo Tribunal Federal para liberar o aumento de 16,38% que os ministros se autoconcederam, Temer aumentou o rombo fiscal em mais R$ 8 bilhões para 2019.

Em troca, vejam que beleza, os supremos ministros concordaram em abrir mão do auxílio-moradia, mas o aumento deles será estendido a todo o Judiciário e outras 23 carreiras de servidores.

O salário dos ministros, que vai para 39,2 mil e deveria ser o teto do funcionalismo, na prática vai servir é de piso para meio mundo.

O salário médio no Judiciário, com todos os penduricalhos, já está se aproximando dos R$ 50 mil mensais.

Enquanto os donos do poder se refestelavam no andar de cima, pesquisa da FGV Social, órgão ligado à Fundação Getúlio Vargas, divulgava os novos números da miséria no andar de baixo.

Em pouco mais de dois anos de Temer, 23,2 milhões de brasileiros foram jogados para a linha abaixo da pobreza, tendo que sobreviver com R$ 203 por mês.

Isso representa 11,2% da população brasileira de 208 milhões, ou seja, um em cada dez brasileiros vive nesta condição sub-humana, num país com quase 13 milhões de desempregados.

A pesquisa constatou também que houve um recrudescimento de todos os dados negativos da economia, o que pode explicar o desempenho pífio dos candidatos governistas nas pesquisas eleitorais.

Quem buscar as causas dessa tragédia vai encontrar as digitais do ex-presidenciável Aécio Neves e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que se associaram após a eleição de 2014 para derrubar a presidente reeleita Dilma Rousseff, no embalo da Lava Jato e das pautas-bomba na Câmara, naquele “grande acordo com Supremo com tudo” de Romero Jucá.

Hoje, Cunha está preso em Curitiba e Aécio faz campanha clandestina em Minas na tentativa de se eleger deputado para manter o foro privilegiado.

Mas o aumento dos magistrados que irão julgar Temer, quando ele deixar o governo, este já está garantido.

Para eles, o Brasil continua sendo um país muito rico.

Vida que segue.

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