‘Tenho preconceito é com governador ladrão’, diz Bolsonaro
Em sua segunda visita ao Nordeste em menos de um mês, o
presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que governadores da região
“fazem politicalha”, querem transformar o Nordeste “em uma Cuba” e negou
que tenha agido com preconceito contra os nordestinos. “Não estou aqui
com colegas nordestinos para fazer média. […] Mas não existe esta
questão de preconceito. Eu tenho preconceito é com governador ladrão que
não faz nada para o seu estado”, afirmou o presidente em Sobradinho (a
602 km de Salvador), nessa segunda-feira.
Bolsonaro voltou a negar que tenha se referido aos
governadores nordestinos como “paraíbas”. Disse que fez críticas
específicas aos governadores do Maranhão, Flávio Dino (PC do B) e da
Paraíba, João Azevêdo (PSB), mas afirmou que não vai penalizar os
estados. “Não vou negar nada para o estado. Mas se eles [governadores]
quiserem que realmente isso tudo seja atendido, eles vão ter que falar
que estão trabalhando com o presidente Jair Bolsonaro. Caso contrário,
eu não vou ter conversa com eles e vou divulgar obras junto às
prefeituras”, afirmou. Bolsonaro ainda afirmou que o Nordeste tem
recebido recursos abundantes do governo federal e que não vai admitir
que governadores do Maranhão e da Paraíba “façam politicalha perante a
minha pessoa”.
Mesmo afirmando que não chamou os governadores nordestinos
de “paraíbas”, Bolsonaro lamentou não poder fazer piadas sobre os
cidadãos de diferentes estados brasileiros. “A gente não pode mais
contar uma piada. Não posso nem contar piada de cabeçudo, de goiano, de
gaúcho, de cearense cabra da peste. Não há mais liberdade neste país.
Tudo é politicamente correto”, afirmou.
Em nova referência aos governadores nordestinos, o
presidente acusou uma “esquerda canalha” de querer dividir o país. “Para
alguns governadores… é o Nordeste e o resto. Querem fazer disso aqui
uma Cuba?”, questionou. O presidente ainda criticou a iniciativa dos
governadores de se unirem em torno do Consórcio Nordeste, que vai
possibilitar parcerias entre os governos da região, e afirmou que eles
atuam para dividir os brasileiros. “O Brasil é um só, não queiram
dividir regiões. Tem alguns que acham que aquela região é dele e não do
povo. Isso não existe, o Nordeste é Brasil.”
Usina
O presidente foi à Bahia inaugurar a primeira etapa da
Usina Solar Flutuante, erguida pela Chesf (Companhia Hidro Elétrica do
São Francisco) em Sobradinho. Orçado em R$ 55 milhões, a
usina possui 3.792 painéis solares e potência instalada de um megawatt
pico. O projeto foi licitado na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff
(PT) e iniciado no governo Michel Temer (MDB).
A visita acontece dias depois de Bolsonaro dar o sinal
verde para que o governo federal inicie o processo de capitalização da
Eletrobras, que levará à saída da União do controle da empresa. A Chesf é
uma das subsidiárias da Eletrobras. Fundada em 1948, é responsável pela
gestão de 12 usinas hidroelétricas no Nordeste.
A perda do controle acionário da União é tema controverso e
tem oposição dos governadores nordestinos, que são contra o controle da
Chesf pela iniciativa privada. Em maio do ano passado,
ainda na gestão Temer, eles assinaram uma carta solicitando a exclusão
da Chesf do grupo Eletrobras. A possível perda do controle acionário da
Chesf pela União deve aumentar ainda mais o clima de tensão entre o
presidente e os governadores da região –7 dos 9 políticos são de partidos da oposição.
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