Livro infantil ajuda a lidar com a dor e a morte de forma lúdica
A obra Janela de Isabela, de André Castilho, apresenta a Medicina da Imaginação como aliada no tratamento de câncer infantil

Na obra, a menina Isabela tem apenas dez anos e está recém-hospedada em um quarto cujo único atrativo é uma janela com uma paisagem que parece não ter nada de extraordinária. Em poucas páginas, o leitor descobre que, na realidade, trata-se de um hospital, onde ela passa por um tratamento de câncer em estágio avançado.
Quem faz Isabela perceber que há muito
mais por trás do que se vê inicialmente pela janela é a avó Clotilde,
que a ensina a usar a imaginação como forma de enfrentar a dor. André
Castilho vale-se de forma maestral do fluxo de consciência para que o
leitor acompanhe os pensamentos da menina: ao olhar para fora, ela não
vê mais apenas uma paisagem sem graça. Vê postes e coqueiros que jogam
basquete, cachorros que falam e escrevem poesias com o odor de seus
xixis, uma árvore de 312 anos apaixonada pelo vento. Mais do que isso:
de repente, ela pode deixar de ser uma menina doente para virar uma
águia ou uma formiga com o simples poder da imaginação. Tudo isso
embalado por uma voz narrativa sensível e divertida, que por vezes
dialoga com os personagens na mente de Isabela.
“Curiosa, ela foi até a janela e viu
um menino fazendo bolinhas de sabão, do outro lado da rua, lá embaixo.
Mas em vez de soprar, ele enchia as bolinhas com assovios. Elas subiam
muitos metros, até a altura dos olhos de Isabela e então estouravam,
soltando o som das notas musicais que o menino tinha colocado dentro.” (Janela de Isabela, pág. 70)
A avó Clotilde, outro personagem forte
da obra, é inspirada na avó do autor, com o mesmo nome e o mesmo dom
para contar histórias. O pai de Isabela também é figura importante de
ensinamento e aprendizado. Acima de tudo, personagens e leitores
aprenderão com a força da própria menina.
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