Por falar em finados...



Livro infantil ajuda a lidar com a dor e a morte de forma lúdica
A obra Janela de Isabela, de André Castilho, apresenta a Medicina da Imaginação como aliada no tratamento de câncer infantil
Uma das maiores dores para um ser humano é a perda. Quando se trata de uma criança, esse sentimento pode ser indescritível. Muitas vezes, no entanto, é na força dos próprios pequeninos que se encontra consolo. O estímulo à imaginação como aliado nesse difícil processo é o tema da belíssima obra Janela de Isabela, do escritor André Castilho, publicada pela Editora Alma. Voltado ao público infantojuvenil, o livro é uma lição de vida para qualquer idade. Ele será lançado em 23 de novembro, no deck central da maior livraria do país, a Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, às 16 horas.
Na obra, a menina Isabela tem apenas dez anos e está recém-hospedada em um quarto cujo único atrativo é uma janela com uma paisagem que parece não ter nada de extraordinária. Em poucas páginas, o leitor descobre que, na realidade, trata-se de um hospital, onde ela passa por um tratamento de câncer em estágio avançado.
Quem faz Isabela perceber que há muito mais por trás do que se vê inicialmente pela janela é a avó Clotilde, que a ensina a usar a imaginação como forma de enfrentar a dor. André Castilho vale-se de forma maestral do fluxo de consciência para que o leitor acompanhe os pensamentos da menina: ao olhar para fora, ela não vê mais apenas uma paisagem sem graça. Vê postes e coqueiros que jogam basquete, cachorros que falam e escrevem poesias com o odor de seus xixis, uma árvore de 312 anos apaixonada pelo vento. Mais do que isso: de repente, ela pode deixar de ser uma menina doente para virar uma águia ou uma formiga com o simples poder da imaginação. Tudo isso embalado por uma voz narrativa sensível e divertida, que por vezes dialoga com os personagens na mente de Isabela.
“Curiosa, ela foi até a janela e viu um menino fazendo bolinhas de sabão, do outro lado da rua, lá embaixo. Mas em vez de soprar, ele enchia as bolinhas com assovios. Elas subiam muitos metros, até a altura dos olhos de Isabela e então estouravam, soltando o som das notas musicais que o menino tinha colocado dentro.” (Janela de Isabela, pág. 70)
A avó Clotilde, outro personagem forte da obra, é inspirada na avó do autor, com o mesmo nome e o mesmo dom para contar histórias. O pai de Isabela também é figura importante de ensinamento e aprendizado. Acima de tudo, personagens e leitores aprenderão com a força da própria menina.

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