Poesia
e filosofia
Nessas poucas
linhas, dentro do possível, tentaremos mostrar a riqueza sentimental de um
poeta. O que ele (a) pensa e sente procura escrever com espontaneidade e
liberdade, ora relatando um fato real, mas na maioria das vezes usando a fértil
imaginação. Senciência é a capacidade de ser feliz ou sofrer, ou seja, envolve
o amor e a dor. Esses dois sentimentos representam as inquietações da vida. Com
certeza, a bela tristeza ou a triste beleza. Álvaro de Campos e Alberto Caeiro
(heterônimos de Fernando Pessoa) disseram, cada em 4 versos, respectivamente:
“Não sou nada. /Nunca serei nada, /não posso ser nada. /À parte isso, tenho em
mim todos os sonhos do mundo”. – “Eu queria ter o tempo e o sossego suficientes
/Para não pensar em coisa nenhuma, /Para nem me sentir viver, /Para só saber de
mim nos olhos dos outros, refletido”. Quanta sensibilidade poética! Por sua
vez, a primeira estrofe da poesia “Motivo” de Cecília Meireles, apresenta versos
com palavras vindas do coração: “Eu canto porque o instante existe /e a minha
vida está completa. /Não sou alegre nem sou triste: /sou poeta”. Extrema
beleza! Ademais, eis um lindo pensamento de Clarice Lispector: “O que é preciso
é não ir demais contra a onda. A gente faz como quando toma banho de mar: procura
subir e descer com a onda. Isso é uma forma de lutar: esperar, ter paciência,
perdoar, amar os outros. E cada dia aperfeiçoar o dia. Tudo isso está parecendo
idiota... Mas até que não é”. Acreditamos ser o poeta e o filósofo figuras
bastante parecidas, pois ambos buscam entender a vida. A vida como alternância
entre: a religião e a ciência, o ser e o não ser, o eterno e o efêmero, o
começo e o fim, etc. No entanto, a harmonização da fé e da razão, manifestações
complementares, nos leva a um estado mental positivo, mostrando a importância
do viver; aliás, do saber viver.
Gonzaga
Mota
Prof.
aposentado da UFC
Ex Governador do Ceará e meu amigo
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