Deputadas avaliam impacto da pandemia nas mulheres

 


A pandemia da covid-19 tem alterado o rumo de todo o planeta ao longo dos últimos dois anos, impondo novas dificuldades em todos os setores da sociedade. Em meio a isso, há particularidades a serem observadas na experiência das mulheres frente a esses novos desafios, tanto no que diz respeito à saúde quanto em relação à crise econômica decorrente. Deputadas cearenses comentaram sobre a situação.

A deputada estadual Érika Amorim (PSD) reitera que as mulheres ainda assumem em maior número o trabalho de cuidado com o outro e, portanto, foram fortemente impactadas pela pandemia. A parlamentar destaca que, com as mudanças da rotina ao longo da crise sanitária, as mulheres que são mães, por exemplo, enfrentaram grandes dificuldades com a suspensão de atividades presenciais nas escolas. A falta de rede de apoio para os cuidados com as crianças fez com que muitas mulheres precisassem até se afastar dos trabalhos ou dos seus processos de formação, afirma a deputada.

Soma-se a isso o desequilíbrio existente na divisão de tarefas domésticas e o consequente acúmulo de funções pelas mulheres – o que atinge tanto aquelas que atuam exclusivamente nesse tipo de atividade como as que estão no mercado de trabalho e no ambiente doméstico. A deputada Fernanda Pessoa (PSDB) avalia que as mulheres desempenham muitos papéis e, durante a pandemia, a forma de trabalho mudou totalmente para muitas, que precisaram reorganizar a rotina, os horários e as demandas no ambiente doméstico.

A parlamentar do PSDB destaca ainda que muitas foram as fontes de preocupação ao longo da pandemia e, entre elas, a situação financeira das famílias, uma vez que houve perda de trabalho e diminuição da renda familiar. Fernanda Pessoa também pontua que o alerta para a saúde mental e o aumento da violência doméstica são pontos de destaque no impacto da pandemia sobre a população feminina.

Outro ponto destacado por Érika Amorim é a seletividade do mercado de trabalho. Segundo ela, a falta de equidade salarial e um olhar discriminatório aumentam o rol de desafios enfrentados pelas mulheres. Segundo relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) sobre a covid-19 e a autonomia econômica das mulheres, a crise causada pela pandemia resultou em um retrocesso de mais de uma década nos avanços que haviam sido alcançados na participação feminina no mercado de trabalho.

Pesquisa
Segundo o estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, do IBGE, em 2019, “as mulheres dedicaram aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos quase o dobro de tempo que os homens (21,4 horas contra 11,0 horas)”. Durante a pandemia, a rotina de trabalho e cuidados tornou-se ainda mais exaustiva, sobrecarregando as mulheres. A pesquisa “Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia”, realizada entre abril e maio de 2020 pela Sempreviva Organização Feminista e a revista Gênero e Número, apontou que 50% das mulheres brasileiras passaram a cuidar de alguém na pandemia.

As participantes da pesquisa afirmaram ainda que a pandemia e a situação de isolamento social colocaram a sustentação da casa em risco (40%) e, das que seguiram trabalhando durante a pandemia com manutenção de salários, 41% afirmaram trabalhar mais na quarentena.

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