O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, afirmou nesta terça-feira (26) que os Estados Unidos estão considerando não convidar o país para a próxima Cúpula das Américas.

O evento, realizado desde 1994, reúne 35 países da região para
tratar de assuntos políticos, diplomáticos e comerciais. A 9ª edição,
marcada para junho, terá os EUA como sede pela segunda vez, em Los
Angeles (Califórnia).
O Departamento de Estado dos EUA respondeu dizendo que os
convites oficiais ainda não foram emitidos e que, portanto, a acusação
de Rodríguez não se sustenta. Foi na cúpula de 2015, no Panamá, que o
então mandatário americano, Barack Obama, apertou a mão de um Castro
–neste caso, Raúl, à época líder do regime– e debateu-se o fim do
embargo econômico sobre a ilha e políticas para os imigrantes.
No Panamá, Obama ainda manteve diálogos com Nicolás Maduro
(Venezuela) e Rafael Correa (Equador), ainda que ambos mantivessem
posições hostis aos EUA.
Na cúpula seguinte, em Lima, em 2018, Donald Trump decidiu não
participar, marcando o retrocesso da política de aproximação com Havana
iniciada por seu antecessor. Foi a primeira vez que um presidente dos
EUA não compareceu ao encontro.
“Tivemos a informação de que o governo dos EUA está pressionando
outros países para que não sejamos convidados”, afirmou Rodríguez. A
gestão de Joe Biden não poderia tomar a decisão unilateralmente, por se
tratar de um evento cuja organização é compartilhada, com consultas aos
demais participantes. Cuba esteve presente nas edições de 2015 e de 2018
e manifestou interesse em estar na próxima.
Os EUA enfrentam uma crise migratória nas fronteiras ao sul. Em
meio aos recordes de apreensão de imigrantes irregulares, desde o ano
passado, quando houve fortes protestos na ilha, o número de cubanos que
buscam asilo ou refúgio no país tem aumentado.
Apesar de Biden ter feito críticas a abusos de diretos humanos
pelo regime em Havana, ao mesmo tempo tem dificultado a entrada de
cubanos e realizado deportações dos que tentam entrar no país por via
marítima.
Rodríguez afirmou que a posição dos EUA é paradoxal, porque nesta
semana e na anterior conversas entre altos funcionários dos dois países
vêm sendo realizadas para tratar da situação migratória. “Estamos vendo
isso como bom sinal, mas se nos deixarem de fora da Cúpula das Américas
parecerá uma manobra para desviar a atenção da real intenção de
tratarmos de nossos problemas em comum.”
Os EUA já divulgaram que no encontro haverá um representante da
Venezuela, nomeado pelo autoproclamado presidente Juan Guaidó –a quem
Washington considera o governo legítimo. Já a Nicarágua, após fechar o
escritório da OEA (Organização dos Estados Americanos) no país
classificando a entidade de “organização diabólica”, afirma que não
enviará diplomatas.
A Cúpula das Américas também pode marcar o primeiro pessoal
encontro entre Biden e Jair Bolsonaro (PL) –caso o presidente brasileiro
aceite comparecer. No evento de 2021, em Cartagena, na Colômbia, os
então mandatários Barack Obama e Dilma Rousseff foram os convidados para
a mesa de abertura e trocaram afagos.
Na época, o então presidente colombiano, Juan Manuel Santos,
defendeu que Cuba passasse a frequentar todas as cúpulas a partir de
então.
(Fonte: Folhapress)
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