Opinião

 Duas estórias de amor e dor

1.     Jacinta, moça prendada e estudiosa, era admirada por José, rapaz dotado de bom caráter, trabalhador, porém pobre. O pai queria que a filha namorasse Ricardo, jovem arrogante e filho de um rico empresário; não tinha boas intenções. Jacinta, sem desejar magoar o seu grosseiro genitor, e ouvindo as ponderações pacificadoras da mãe, cedeu e, sem esquecer José, passou a namorar o vaidoso jovem rico. Por sua vez, o interesseiro pai propôs o noivado da filha com Ricardo. Este concordou e marcou para o final do ano o enlace matrimonial. Passaram-se os dias. Jacinta, apesar de gostar de José, mantinha-se fiel a Ricardo. Vivendo às custas do pai, era assíduo frequentador dos prostíbulos, explorando mulheres, e também um contumaz alcoólatra. Ricardo era bígamo. O velho tomou um susto, teve um infarto e morreu. Jacinta e sua mãe denunciaram Ricardo. Apesar do dinheiro, foi julgado, condenado e preso. José reaproximou-se de Jacinta e, com amor, conforme as Leis de Deus e dos homens contraíram núpcias. 2. José e Ana eram dois adolescentes enamorados. Ambos de classe média, moravam na cidade do Rio de Janeiro. Estudavam para concluir o curso médio e ingressar na UFRJ. Conseguiram. Os dois cursaram a faculdade de Medicina, fizeram os estágios necessários e tornaram-se médicos. Passaram a trabalhar, numa mesma clínica de pediatria, relativamente bem remunerados, decidiram se casar. Continuaram com a vida normal. A união matrimonial, no entanto, durou pouco mais de 2 anos, pois havia uma certa incompatibilidade entre o casal, causada pela vaidade de José. Ana era preferida por um número cada vez maior de clientes. Certo dia, de forma grosseira e covarde, ele espancou a mulher, e resolveu abandonar o lar. Ainda bem que não tiveram filhos. Passou a ter uma vida de “playboy”. Largou a medicina e gastava de forma pródiga a gorda herança recebida de um tio industrial. Ana prosseguia, com amor e humildade, dedicando-se à medicina, visando superar o sofrimento conjugal como também reconstruir sua vida. A vaidade, causada pelo complexo de inferioridade, dominou José. Tragicamente faleceu num desastre quando vinha de um “programa”. Ana, sempre seguindo os princípios cristãos, constituiu um novo lar. Com certeza, José não sabia que “A simplicidade é o mais alto degrau da sabedoria”, segundo Platão. A vida, às vezes, é assim.

 

Gonzaga Mota

Ex Governador do Ceará e meu amigo

Prof. Aposentado da UFC

luizgmota@yahoo.com.br

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