Tasso, vice? Seria a sandália da humildade?


A aposta da coligação MDB-PSDB
Por Claudio Dantas do UOL

Se TSE rejeitar registro da candidatura de Bolsonaro, em função de seus ataques ao sistema eleitoral, chapa de Simone-Tasso pode rivalizar com Lula-Alckmin
A aposta da coligação MDB-PSDB
Fotos: Adriano Machado/Crusoé
Há um motivo bastante forte por trás da decisão do PSDB de se coligar ao MDB de Simone Tebet, mesmo com risco de implosão do palanque de Rodrigo Garcia. Os tucanos apostam que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai rejeitar o registro da candidatura de Jair Bolsonaro, em função de seus ataques ao sistema eleitoral.
Sem Bolsonaro na disputa, a chapa Tebet-Jereissati poderá herdar o eleitor antipetista e rivalizar com Lula, assumindo um dos polos da atual campanha. Na prática, a Presidência pode cair no colo de tucanos e emedebistas.
A senha foi dada na última terça-feira 7, durante julgamento do caso de Fernando Francischini. Normalmente em lados opostos, os ministros Edson Fachin e Gilmar Mendes se uniram pela manutenção da cassação do deputado bolsonarista.
O decano do Supremo disse que o “discurso de ataque sistemático à confiabilidade às urnas não pode ser considerado como tolerável no estado democrático de direito, especialmente por um pretendente a cargo político com larga votação”.
“Não há como legitimar o mandato de alguém que é escrutinado sob o registro eletrônico de voto, mas que ostenta características de potencializar a desconfiança da população nas urnas sob a qual ele mesmo foi eleito. Tal conduta ostenta gravidade ímpar, que pode comprometer o pacto social em torno das eleições.”
Fachin, que preside o TSE, afirmou também que “não há direito fundamental para propagação de discurso contrário à democracia”. “O silêncio deste STF diante desta prática configuraria em grave omissão constitucional e descumprimento de suas nobres atribuições.”
Bolsonaro entendeu o recado, tanto que seus aliados anteciparam o 7 de setembro para 31 de julho, quando pretendem ir em peso às ruas para demonstrar força. O objetivo é convencer o TSE de que o pior pode acontecer, caso o presidente seja retirado da disputa.
A aposta de tucanos e emedebistas é arriscada porque não há unanimidade no TSE sobre o impedimento de Bolsonaro. Alguns ministros temem a reação da ala bolsonarista das Forças Armadas, mas, especialmente, das PMs nos estados — estima-se que existam hoje 3 mil policiais militares ocupando cargos de confiança na máquina federal.
É possível também que tais protestos, caso desbordem os limites civilizatórios, tenham como efeito sedimentar a convicção dos ministros de que retirar Bolsonaro da disputa de outubro virou uma necessidade. Por fim, o presidente ainda poderá posar de vítima junto à militância, dando sobrevida ao bolsonarismo.
Como disse Alexandre de Moraes, dias atrás, “de tédio ninguém vai morrer este ano”.

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