Preço de passagem aérea é o maior registrado em 10 anos





O preço mais recente também é o maior em termos reais -com o ajuste pela inflação- desde dezembro de 2012 (R$ 686,76), de acordo com dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Na visão de analistas e representantes do setor de turismo, a inflação do segmento testa neste momento a capacidade de planejamento do brasileiro para as viagens.
Segundo eles, a organização e a procura por passagens com alguma antecedência ainda são as opções mais indicadas para tentar encontrar bilhetes que pesem menos no bolso. “A passagem mais cara, sem dúvida, impacta as viagens, apesar de o setor de turismo ter apresentado um crescimento muito rápido [após a derrubada de restrições na pandemia]”, diz Roberto Nedelciu, presidente da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo).
“Quando o cliente liga e vê os preços das passagens no curto prazo, para o mês seguinte, por exemplo, às vezes fica impossível. Há ocasiões em que ele muda o destino, escolhe um mais próximo. Mas temos insistido para que a viagem seja programada com antecedência”, completa.
Segundo Nedelciu, os prazos de planejamento sugeridos são de no mínimo 40 a 60 dias para deslocamentos nacionais e de seis meses para idas ao exterior. Outra dica, diz, é comparar os valores em sites que negociam bilhetes e nos endereços das próprias companhias aéreas. “É comum encontrar preços diferentes”, relata Severo.
Combustível e demanda pressionam preços de viagens Um dos fatores que levaram as tarifas para cima foi a carestia do querosene de aviação, o QAV, destacam analistas. “Existe uma pressão de custos sobre as companhias aéreas, sobretudo com a alta do querosene de aviação”, aponta o economista Fabio Bentes, da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
De acordo com ele, a retomada das atividades turísticas após o tombo na pandemia também ajuda a explicar a alta dos bilhetes nos últimos meses.
Em maio, o número de passageiros pagos em voos domésticos foi de 6,4 milhões, aumento de 75,7% ante igual mês de 2021 (3,6 milhões), sinalizam dados da Anac. O patamar, contudo, ainda ficou 10% abaixo de maio de 2019 (7,1 milhões), antes da crise sanitária.
Também há sinais de aquecimento nos voos internacionais. Em maio deste ano, o número de passageiros pagos foi de 1,2 milhão, aponta a Anac.
A quantidade é 519,6% maior do que no quinto mês de 2021 (195,5 mil). Porém, ainda está 36,5% abaixo de maio de 2019 (1,9 milhão). “A gente vê a inflação em vários segmentos. A passagem aérea é afetada. Muita gente deixou de viajar na pandemia, e depois houve um aumento abrupto na demanda”, aponta Frederico Levy, vice-presidente de marketing e eventos da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens).
Em maio, o índice de atividades turísticas calculado pelo IBGE voltou a subir e ficou apenas 0,1% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) no país. O indicador reflete o desempenho de 22 serviços associados ao turismo.
Frederico Levy, da Abav, ainda vê condições de uma aquecida até dezembro. “Tem pessoas deixando os planos mais para frente, porque, no meio do ano, as coisas ficam mais caras com as férias.”

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