Santos é considerado um dos principais pontos de distribuição de
cocaína, por via marítima, no mundo. Localizado no litoral paulista, o
porto aparece em uma lista de quatro locais que se destacam no comércio
marítimo global da droga, junto com Buenaventura e Cartagena, na
Colômbia, e com Guayaquil, no Equador.
A informação está no relatório global do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC).
O
mesmo documento revela, no entanto, que portos menores, localizados no
Nordeste e Norte do território brasileiro estão assumindo papel cada vez
mais importante como entrepostos para o comércio transatlântico de
cocaína, principalmente para os carregamentos destinados à Europa.
Alternativa
O
relatório não indica quais são esses portos e nem esclarece em que
estados do Norte/Nordeste estão localizados, mas informa que os
traficantes estão recorrendo a essas alternativas devido ao aumento da
fiscalização no porto de Santos.
Para o pesquisador Thiago
Moreira de Souza Rodrigues, do Programa de Pós-Graduação em Estudos
Estratégicos de Defesa e Segurança da Universidade Federal Fluminense
(PPGEST/UFF), alguns portos do Nordeste têm se destacado como
entrepostos.
“O Brasil tem uma projeção atlântica em direção à
África e à Europa. Os portos do Norte e principalmente do Nordeste –
Recife, Maceió, Fortaleza – têm uma projeção em relação à Europa. O
Nordeste é a parte da América do Sul mais próxima da Europa e da
África”, afirma o pesquisador.
Em abril deste ano, a Polícia Federal
(PF) fez operação contra uma organização criminosa que usava o porto de
Salvador para enviar a droga para a Europa. De 2019 a 2021, mais de 3,5
toneladas de cocaína traficadas pelo grupo foram apreendidas.
Em
dezembro de 2021, quase meia tonelada de cocaína foi apreendida no porto
de Mucuripe, em Fortaleza, pela Receita Federal. A carga, estimada em
R$ 250 milhões, tinha como destino o porto de Roterdã, na Holanda.
Em
novembro daquele ano, foi encontrada, no porto de Natal (RN), 1,6
tonelada da droga, camuflada em uma carga de gengibre. No mês anterior,
no porto de Vila de Conde, em Barcarena (PA), foi apreendida uma
tonelada de cocaína, misturada com um carregamento de manganês. Em ambos
os casos, o destino era a mesma cidade portuária holandesa.
Exportador
O
mesmo relatório mostra que o Brasil é citado como o principal
exportador de cocaína para fora do continente americano, ficando à
frente até mesmo da Colômbia, um dos três grandes produtores de cocaína
do mundo, junto com Bolívia e Peru.
Sem considerar os três países
produtores, o Brasil é citado como um dos três países mais importantes
no mercado de cocaína mundial, junto com Equador e México.
Brasil, Colômbia e Equador são apontados como os principais pontos de saída da cocaína que chega à Europa.
“O
Brasil já se consolidou nessa posição. Já faz mais de dez anos que o
relatório tem indicado o Brasil como um ponto fundamental para o tráfico
internacional em direção à Europa”, explica Thiago Rodrigues.
Segundo
o pesquisador, há várias explicações para o fenômeno. A mais óbvia é a
posição geográfica do Brasil. Além de ser o único país que faz fronteira
com os três produtores, o país tem uma posição vantajosa no Atlântico
Sul, o que permite fácil conexão marítima com a África e a Europa.
Outros
pontos apontados por Rodrigues são a presença de organizações
criminosas internacionais no Brasil, como a máfia italiana, há vários
anos, e a atuação das facções criminosas brasileiras, como aquelas do
Rio e de São Paulo, no tráfico intercontinental.
Por meio de nota, o
Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que mantém cerca de
mil profissionais de segurança em permanente vigilância nos 16,9 mil
quilômetros de fronteira terrestre do país, através da Operação Hórus.
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